Manifestação
Ciclistas promovem bicicletaço em protesto contra obra da Copa na Capital
Para manifestantes, construção da Trincheira da Anita terá impacto negativo na mobilidade urbana
"Mais amor, menos motor".
Bicicletas que trazem essa romântica exigência pintada em uma placa tornaram-se um protesto emblemático dos movimentos de ciclistas que pleiteiam mais espaço nas ruas da cidade.
Na noite de terça-feira, o uso dessas bicicletas pintadas se somou a outra demanda de moradores da zona norte da Capital: a luta contra a obra de construção de um túnel no cruzamento da Terceira Perimetral com a Anita Garibaldi, uma das medidas da prefeitura para tentar desafogar o trânsito da cidade para a Copa de 2014.
A manifestação começou com um bicicletaço. Divulgado a partir de segunda-feira em redes sociais e no blog vadebici.wordpress.com, o evento reuniu cerca de 30 ciclistas, que partiram do Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, em direção à Anita.
Ao chegar ao destino, o grupo de manifestantes fixou, em árvores às margens da via, duas bicicletas com a frase de protesto "Mais Amor, Menos Motor". Moradores do bairro se somaram à manifestação.
De acordo com o advogado e ciclista Marcelo Sgabossa, que ajudou a organizar o protesto, o movimento em defesa das bicicletas se une à causa dos críticos da Trincheira da Anita por acreditar que a obra é prejudicial à mobilidade urbana na Capital.
- Não é só um problema de quem mora no bairro. É um problema de visão de cidade. Quanto mais você fizer políticas voltadas para o automóvel, mais as pessoas vão usar automóveis, o que aumentará a falta de espaço nas ruas e empurrará o problema para mais adiante. Não é ser contra os carros, até porque eu também tenho carro; é ser a favor de meios alternativos de transporte - pondera.
Os ciclistas e moradores do entorno da Anita protestaram contra problemas que acreditam que a construção da trincheira trará para o bairro: o aumento da poluição sonora, visual e do ar, o corte de árvores, a desvalorização de imóveis, os prejuízos que teriam os comerciantes e o risco de atropelamentos devido ao aumento do fluxo e da velocidade dos carros.
Vereadores pedem suspensão de obra
Vereadores decidiram na terça respaldar os moradores da região da Rua Anita Garibaldi, e pedir a suspensão de uma das obras prioritárias para a Copa 2014.
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal solicitou a paralisação da construção da trincheira da Anita pelo menos até a próxima reunião da comunidade com a prefeitura, marcada para o dia 25.
A prefeitura já havia decidido parar os trabalhos no último dia 4, quando moradores foram às ruas para impedir o início da pavimentação da Alameda Raimundo Corrêa, e aguardar pela reunião. A decisão da Cosmam acrescenta uma posição oficial proveniente do Legislativo, além de não excluir a possibilidade de apoiar uma suspensão além da data prevista. E ainda pede esclarecimentos ao Executivo.
Em documento encaminhado à presidência da Câmara, ao prefeito José Fortunati e a todas as secretarias municipais envolvidas na obra, a Cosmam solicita explicações sobre a ausência de representação das duas pastas mais envolvidas com a trincheira, a de Obras e Viação (Smov) e a de Gestão e Acompanhamento Estratégico (SMGAE). Presidente da comissão, o vereador Beto Moesch (PP) lamentou que não tenha havido uma audiência pública sobre a obra, que afetará profundamente o trânsito na região.
- Já que não fizeram audiência pública antes, solicitamos a suspensão da obra até a audiência pública do dia 25. O problema não é a obra em si, e sim os impactos no entorno - afirmou o vereador.
Residente há dois anos na Anita, a representante comercial Luciana Zanini, 41 anos, cansou de ir aos encontros e não ouvir respostas adequadas. Foram quatro encontros com representantes da prefeitura.
- Não há quem possa responder as nossas perguntas. Sempre vem a desculpa: "a pessoa responsável não está aqui" - reclamou.
O secretário de Gestão, Urbano Schmitt, garantiu que houve reuniões com os moradores. Uma delas, em 1º de junho, na prefeitura, na qual estava presente, disse. O secretário ressaltou que não haverá atraso no cronograma com a paralisação porque os trabalhos não físicos, como sondagens, continuam.