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Mudança

Conheça Nádia Gerhard, a primeira mulher a assumir um batalhão policial no Estado

Ela se despede do comando de batalhão em Estrela e encara desafio na Capital

21/07/2012 - 10h20min

Atualizada em: 21/07/2012 - 10h20min


Segura, Nádia segue tradição familiar

"Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos." É com essa lição que Nádia Rodrigues Silveira Gerhard se despede do comando do 40º BPM, em Estrela. O número da braçadeira já é outro. A tenente-coronel de 44 anos, agora, está à frente de um território muitas vezes maior que o da sua cidade anterior e um dos mais violentos da Capital. A estatística do 19º BPM não assusta:

- É um novo desafio e eu não pretendo sair daqui antes de um ano. Tem que saber trabalhar com as adversidades - afirma a natural de Porto Alegre, que segue fazendo história por ser a única mulher no Estado a assumir um batalhão.

Segura de si, Nádia orgulha-se de vestir a farda da Brigada Militar desde 1989, um ano depois de concluir o curso de Letras. A herança fica por conta do pai e o avô, que também eram militares. Poucos sabem, mas a oficial volta às origens ao chegar ao 19º BPM. Era ali, no mesmo prédio, que funcionava a Companhia de Polícia Militar Feminina, onde ficavam as policiais mulheres anos atrás.

Força feminina se firmou aos poucos

- Fazíamos segurança de colégio, ajudávamos a atravessar idosos, coisas assim. Demorou até mostrarmos que poderíamos atuar com homens e mulheres lado a lado - lembra.

Pioneira no posto, Nádia tomou para si a responsabilidade de mostrar que as mulheres são tão capazes quanto os homens de assumir um cargo desta altura. Provou que um toque feminino pode ser diferente ao que era feito, mas não inferior.

E é por trás da mulher séria de fala firme que existe um sorriso doce e alinhado, desmanchando o conceito autoritário que se faz ao vê-la de longe.

Por baixo do colete verde musgo, os dois telefones: o de trabalho e o da patrulha familiar. E a regra é uma só:

- Comigo, celular não toca duas vezes. Eu atendo sempre.

Enquanto conversava com o Diário Gaúcho, Nádia não fugiu à norma e atendeu ao telefonema do pedreiro que faz as reformas de sua nova casa em Porto Alegre.

Deu as coordenadas da cor de um móvel e desligou.

Com um pelotão sob seu comando, a tenente-coronel não se condena por não passar a maior parte do tempo com os seus três herdeiros. Ela prima pela qualidade do afeto.

O celular dá uma força e desperta para lembrá-la de buscar os pequenos na escola. Já a agenda, se ela chega a perder, Nádia garante que "não consegue voltar para casa". Por mais que as 24h no dia não sejam suficientes para a quantidade de tarefas que tem, a mãezona gosta de estar no comando de casa também, ao lado do capitão Ricardo Accioly Gerhard, a quem identifica como um "maridão".

E quando perguntada sobre o que faz durante uma folga (se é que existe), a resposta é rápida:

- Corro para fazer as unhas - revela Nádia, explicando que fez maquiagem definitiva nos olhos por não ter muita paciência para dedicar-se a essa tarefa todos os dias.

Hoje, 210 PMs tomam posição de sentido e prestam continência à nova chefia.

A ideia é diminuir o índice de homicídios na Zona Leste, além de fazer um trabalho mais próximo às mulheres vítimas de agressão.

E no que depender da vontade de Nádia, uma coisa é certa: agora o bicho vai pegar.

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