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Parte da história

Vila Maria da Conceição terá patrimônios da comunidade

Alunos da escola Santa Luzia escolheram cinco locais ou agremiações como bens culturais da vila, no Bairro Partenon. Eles serão simbolicamente tombados

14/12/2012 - 07h37min

Atualizada em: 14/12/2012 - 07h37min


Campo do Vermelhão vai receber uma faixa

Hoje será um dia muito especial para a comunidade da Vila Maria da Conceição, no Bairro Partenon. A Pequena Casa da Criança, a escola de samba Academia Samba Puro, o time de várzea Academia do Morro, o campo de futebol Vermelhão, a Igreja de Santo Antônio do Partenon, a grutinha da Maria Degolada e a Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia serão reconhecidos como patrimônios da comunidade. O prêmio e o tombamento simbólico da grutinha e do campo de futebol são o resultado de um trabalho que envolveu mais de cem alunos da escola Santa Luzia neste ano.

Coordenado pela professora de História Carla de Moura, o projeto de educação patrimonial O Poder da Memória proporcionou aos estudantes a oportunidade de fotografar a comunidade, realizar entrevistas com moradores, analisar fotos e documentos antigos dos locais escolhidos por eles como bens culturais.

A ideia é dar continuidade

- Quando pensamos em patrimônios históricos que são tombados, geralmente estão ligados à história das elites. Todos os povos produzem cultura e nenhuma é superior à outra. Por isso, fizemos o levantamento daquilo que é considerado o patrimônio desta comunidade - observa a professora, que participou de formação promovida pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul e da Ufrgs.

Além da exposição fotográfica e da roda de memórias que será feita hoje, na entrega do Prêmio Patrimônio da Comunidade, na escola, o trabalho também pode ser visto no blog (www.opoderdamemoria.blogspot.com.br). A ideia é que o projeto, que já está sendo visto como metodologia de trabalho (conteúdos relacionados à realidade dos alunos), tenha continuidade no próximo ano letivo.

Trabalho aumentou interesse em aula

Na quinta-feira, a reportagem do Diário Gaúcho circulou pelas ruas da Vila Maria da Conceição com os alunos. Eles mostraram três locais escolhidos como patrimônio - a gruta da Maria Degolada, o campo do Vermelhão (por causa do barro vermelho), palco de jogos de futebol e festividades, e a Pequena Casa da Criança (escola de educação infantil, ensino fundamental, além de programas sociais, fundada em 1956 pela Irmã Nely Capuzzo).

- Eles (alunos) já são orgulhosos da Vila Maria da Conceição. Mas o trabalho levantou a autoestima, aumentou o interesse em aula, a indignação (por melhorias), o cuidado com o patrimônio, estão mais atuantes - avalia a professora.

O conteúdo escolar

A Revolução Federalista (1893) foi trabalhada em sala de aula a partir da história da Maria Degolada (Maria Francelina Trenes, morta degolada em 1899 no local onde hoje está localizada a gruta).

O Abolicionismo foi abordado através do Partenon Literário, que sonhou construir uma réplica do Partenon de Atenas (Grécia) no local onde hoje está situada a Igreja de Santo Antônio.

A formação do operariado brasileiro foi discutida a partir de um samba composto pelo Mestre Paraquedas para a Academia Samba Puro.

O crescimento urbano e a formação das periferias foi trabalhado com o estudo do processo de remoção dos moradores da Vila Santa Luzia (onde nasceu a escola) para a Restinga Velha, no início dos anos 70.

As histórias narradas em livro pela irmã Nely Capuzzo, fundadora da Pequena Casa da Criança, foram importantes no trabalho sobre a ditadura militar.


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