Enquanto era chamada às pressas para acudir a mãe Maria Joana Barreto Gonçalves, 60 anos, que passara mal ao saber da morte de uma sobrinha e de seu namorado na tragédia de Santa Maria, Suzana Barreto Gonçalves, 28 anos, não imaginava que, minutos depois, ela é que precisaria ser amparada. A duas quadras da casa dos pais, na Vila Liberdade, seu mundo desabava. E como notícia ruim corre rápido, a sua chegou por telefone.

Do outro lado da linha, o instalador de esquadrias Kléber da Silva Cardoso, 30 anos, mandava um recado desesperado:

- Volta, vem me ajudar, que nossa casa está pegando fogo - disse o marido, por volta das 21h de domingo.


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Suzana saía de uma tragédia, que causou a morte da prima Ana Carolini Rodrigues e de outras 232 pessoas, para entrar noutra, sem mortos e feridos, mas com perdas materiais. Na Vila Liberdade, o fogo consumiu 90 dos cerca de 150 casebres. A casa de Kléber e Suzana veio abaixo em poucos minutos.

- Só deu tempo de tirar o carro, roupas, calçadas e documentos - afirmou Suzana ontem, em frente à vila destruída.

90 casas foram atingidas

Segundo a Defesa Civil, das cerca de 150 casas da comunidade, 90 foram atingidas pelo fogo. Os desalojados estão abrigados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Giúdice, na Rua Caio Brandão de Melo, s/nº, no Bairro Humaitá. O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) está cadastrando as famílias para o aluguel social.

A proposta da prefeitura, repassada à comunidade pelo secretário Municipal de Direitos Humanos, Luciano Marcantônio, é de encaminhar as famílias, cadastradas no Programa Integrado Entrada da Cidade (Piec) e em cooperativas habitacionais, para o aluguel, enquanto o departamento constrói dois condomínios populares na área da Vila Liberdade, projeto que já estava sendo discutido com a comunidade há três anos, e que seria a solução definitiva para a região.

Como ajudar

A Prefeitura Municipal de Porto Alegre recolhe mantimentos para ajudar as famílias desalojadas no incêndio na Vila Liberdade, no bairro Humaitá, no último domingo. A Defesa Civil e Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) atendem as famílias na Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Giúdice.

Os postos de coleta das doações ficam na sede da Defesa Civil na Capital, Avenida Copacabana, 1096, no Bairro Tristeza. No pavilhão da Fasc, na Avenida Ipiranga, 310. E na própria instituição de ensino, na Rua Caio Brandão de Mello, s/n, no Bairro Humaitá.