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Perigo na bomba

Assaltos a postos de combustíveis crescem 50,5% no Estado

07/06/2013 - 05h01min

Atualizada em: 07/06/2013 - 05h01min


Desde o início do ano, a rotina de contabilizar prejuízos e prestar informações à polícia tem se repetido mensalmente no posto Shell, na Avenida Protásio Alves, esquina com a Antônio de Carvalho. Ontem, pela sexta vez, o local virou alvo de assaltantes, que ainda levaram pânico a mais dois estabelecimentos. Em menos de meia hora e num trajeto inferior a 10 quilômetros, a dupla armada e encapuzada roubou R$ 1.150, além de pertences de clientes e frentistas.

A sensação de insegurança relatada pelo gerente do Shell Luis Felipe Borges está refletida nas estatísticas: o número de assaltos a postos de combustíveis no Estado aumentou 50,4% nos cinco primeiros meses deste ano. Conforme dados da Divisão de Planejamento e Coordenação da Polícia Civil, foram registradas 367 ocorrências de janeiro a maio, contra 244 no mesmo período de 2012.

- Os funcionários estão trabalhando com medo, porque sabem que, uma hora ou outra, isso pode acontecer novamente-, lamenta o gerente.

Borges conta que o assalto não durou 40 segundos e que a dupla fugiu em uma moto. De acordo com o diretor da Delegacia Regional de Porto Alegre, delegado Cléber Ferreira, este é o perfil típico do delito, motivado pela facilidade de fuga.

- São locais abertos, com pouca vigilância e que sempre têm algum dinheiro. Normalmente, são jovens de 20 a 35 anos que cometem o crime para comprar drogas.

Devido ao aumento de ocorrências na Capital, principalmente na Zona Norte, Ferreira disse que a orientação é priorizar investigações relacionadas aos ataques. No ano passado, a quantidade de casos de assaltos a postos cresceu 2,5 vezes em relação a 2011, quando foram registradas 87 ocorrências em Porto Alegre.

O delegado admite, no entanto, que a impunidade é um dos fatores que contribui para o crescimento da prática. De janeiro a maio, apenas 12 pessoas foram presas em flagrante.

- Infelizmente muitas vítimas não fazem o reconhecimento porque têm medo de represália.

 

Especilista critica falta de ação policial

Para o especialista em segurança pública José Vicente da Silva Filho, como a moto é o principal instrumento destes ataques, barreiras policiais constantes poderiam reduzir em 30% o número de assaltos na capital gaúcha em um mês.

- O crescimento não é mérito dos bandidos e, sim, falha da polícia - avalia o ex-secretário nacional de Segurança Pública.

O fenômeno, de acordo com ele, também tem sido verificado nas demais capitais brasileiras nos últimos anos. Vicente cita um levantamento feito em São Paulo indicando que 58% dos 3,8 mil postos de combustíveis foram alvo de ataques em 2010.

Ele aconselha os empresários do ramo a adotarem medidas que dificultem a ação dos criminosos. Entre elas, contratar vigia, instalar câmeras, investir em iluminação adequada e deixar o dinheiro em um caixa dentro da loja e não junto às bombas de abastecimento.

- O criminoso vai pela lei do menor esforço e do menor risco. O que está havendo é muito facilidade, seja por descuido da polícia ou dos comerciantes.

Segundo o coronel João Diniz Godoi, do Comando de Policiamento da Capital, a Brigada Militar vem realizando operações desde o início do ano na tentativa de frear os índices. No entanto, como as medidas não estão surtindo efeito, está em análise a criação de uma patrulha específica para atuar em locais e horários mais vulneráveis.


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