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Óculos de graça

Banco de óculos é alternativa para quem não consegue encomendar

Rio Grande do Sul tem maior banco de óculos da América Latina. Administrado por um lions, são 150 mil armações para ajudar que não pode comprar

18/06/2013 - 07h20min

Atualizada em: 18/06/2013 - 07h20min


Adriana: falta haste

Quem tem problemas de visão e não consegue encomendar os óculos por falta de condições financeiras tem uma alternativa para ver o mundo com mais nitidez. Isso graças a iniciativas como a do Banco do Óculos mantido pela Fundação Leonística de Assistência Social Distrito LD-3, com sede na Capital. Em funcionamento desde 2006, atualmente conta com cerca de 150 mil armações (estão contabilizados óculos prontos), para doação a pessoas carentes, principalmente crianças.

Consultório ambulante

O presidente, Ignacio Pellizzaro, explica que este banco é o maior da América Latina. Há 14 anos, a fundação tem consultório oftalmológico em um ônibus, que viaja até comunidades que fazem parte da área da região LD-3, que abrange cerca de 80 cidades (40% da população total do Estado). A solicitação e o agendamento da visita da unidade móvel são feitos via clubes de Lions. Um médico oftalmologista contratado atende aos pacientes que já experimentam as armações.

Há casos em que é possível sair da consulta com os óculos. Em outros, a fundação custeia a confecção das lentes e o paciente recebe em até 30 dias.

Aprendizado depende da visão

Segundo Ignacio, crianças respondem por 70% do público. Geralmente, são professores que percebem as primeiras dificuldades das crianças para copiar as lições e fazer outras tarefas.

- Se conseguimos resolver o problema de visão da criança, ela começa a aprender na escola - observa Ignacio.

Saiba mais

Para saber se a sua cidade faz parte da área da Fundação Leonística de Assistência Social Distrito LD-3 (e como entrar em contato com o clube mais próximo), escreva para fundacaolionsld3@gmail.com .

Para serem contemplados, os adultos preenchem uma ficha socioeconômica. Já as crianças são todas atendidas (visa identificar os que precisam usar óculos de grau). Em caso de outros problemas de visão, são encaminhados às secretarias de saúde.

As armações e os óculos prontos são provenientes de doações do governo do Estado em anos anteriores e fruto de apreensões da Receita Federal. Atualmente, a fundação não recebe doações de óculos por falta de espaço físico.

Em 2012, foram doados 2,8 mil óculos. Neste ano, até maio, foram 1.177. A meta é chegar à marca de 8 mil a 10 mil óculos doados por ano.

A origem do interesse do Lions no tema surgiu em Seattle (EUA), quando uma mulher cega que foi a uma convenção do Lions o desafiou a ser o paladino da visão.

O Rotary Club de Porto Alegre Lindoia - Passo D'Areia também tem um banco de óculos para crianças de escolas da região. São os colégios que identificam os alunos com problema, encaminham aos postos de saúde e, com a receita em mãos, o Rotary autoriza para confecção dos óculos.

O Hospital Banco de Olhos tem o projeto Saúde do Olhar, voltado para instituições que atendam crianças e adolescentes de famílias de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social. Informações: hbo@hbo.org.br .

No Sus, na Capital, a fila com oftalmologista tem 1,3 mil pessoas e a espera dura um mês. Já a fila infantil tem 1,7 mil crianças (sete meses de aguardo).

"Não enxergo um palmo"

Foi na infância que uma professora da dona de casa Adriana da Silva Mendes, 40 anos, de Gravataí, descobriu: o esforço que a menina fazia era sintoma de um problema de visão:

- Chegava a levantar para copiar do quadro.

O grau de miopia foi aumentando e hoje é de 8,5 e 9 graus. Há três anos, Adriana não vai a oftalmologista. Em 2012, uma haste foi quebrada e a dona de casa não teve como trocar.

- A família é grande (Adriana tem cinco filhos e a única renda é do marido, encostado por problema de saúde) e a preferência é das crianças. Enquanto estou enxergando, vou deixando. Mas tenho dores de cabeça.

Adriana não sabia do banco do Lions e escreveu uma carta à seção Meu Sonho É, do Diário Gaúcho. Uma pessoa ofereceu-se para doar os óculos. Mas a dona de casa não conseguiu ir a um oftalmologista ainda. Por temer a demora na consulta pelo Sus, pensa em procurar um médico particular. Amigos vão se juntar para ajudá-la.

- Fui fazer uma entrevista de emprego e a pessoa só olhava para o meu óculos quebrado. Sem ele, não enxergo um palmo.


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