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Atenção ao comprar uma motocicleta usada
Uma série de fatores precisa ser observado para garantir que o investimento daquela grana suada não se transforme em uma enorme dor de cabeça
Quando a grana está curta e a locomoção com agilidade é indispensável, a solução pode estar na compra de uma moto usada. Os veículos de segunda mão também são, para muitos, a alternativa de alcançar o sonho da primeira motocicleta.
De acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o segmento de motos usadas cresceu 3,3% em agosto, com 233,4 mil unidades vendidas contra 225.951 no mês anterior. De janeiro até agora, o mercado acumula alta de 6,5% sobre o mesmo período do ano passado.
Antes de pegar carona no estusiasmo das revendas, contudo, o consumidor precisa frear seus impulsos. Uma série de fatores precisa ser observado para garantir que o investimento daquela grana suada não se transforme em uma enorme dor de cabeça.
Pesquisa é fundamental
Comparação é a regra número um. A paciência para verificar o maior número de ofertas possível evita decepções e ajuda a encontrar a melhor oferta.
A aparência é importante, pois indica o cuidado que o dono anterior tinha com o veículo. Mas, na intenção de fechar negócio, é natural que as concessionárias ou mesmo os vendedores particulares caprichem na maquiagem para deixar a moto com cara de nova. Como nem tudo que reluz é ouro, confira os principais itens a checar antes de sair rodando.
Olho na quilometragem
O hodômetro é peça fundamental na avaliação de uma moto usada. O equipamento indica quanto o veículo já rodou.
De acordo com o gerente de serviços da concessionária Honda Estação H, Cristiano Ávila, não existe uma regra quanto ao máximo de quilometragem, mas, em geral, quanto menos, melhor.
- Já vi casos de motos com alta quilometragem e motor em bom estado de conservação. Mas o ideal é fugir das altas - recomenda.
36 mil km é a média aceitável
Segundo o responsável pela pós-venda da rede de concessionárias Honda Via Porto, Roger Gonçalves, 36 mil km é um bom parâmetro para o consumidor.
- A média nacional de rodagem é de 1 mil km por mês. E o ideal é comprar motos com até três anos de uso. Por isso, até 36 mil ainda vale a pena. A partir daí, o motor começa a ter desgate maior - explica Roger.
O mercado nacional
Vendas de motos usadas
Julho Agosto Variação
2013 225.951 233.493 +3,3%
2012 2013 Variação
Agosto 230.928 233.493 +1,1%
2012 2013 Variação
Acumulado até agosto 1.553.279 1.654.656 +6,5%
As dez usadas mais vendidas em agosto
1º HONDA CG 125 - 52.637
2º HONDA CG 150 - 51.715
3º HONDA BIZ - 20.490
4º HONDA NXR 150 - 16.841
5º YAMAHA YBR 125 - 10.784
6º HONDA C100 - 9.461
7º HONDA CBX 250 TWISTER - 8.794
8º HONDA CB 300R - 5.738
9º HONDA POP 100 - 4.434
10º YAMAHA FAZER 250 - 4.287
Informações da Fenauto e do Denatran
Pintura
A pintura é uma das características mais fáceis de serem mascaradas. Por isso, cuidado com as paixões à primeira vista.
No geral, deve-se observar se há pontos de ferrugem, raspões, riscos, trincas e manchas e peças e acessórios soltos.
- Tem que cuidar em especial a coloração das peças cromadas. Se estiverem opacas, é sinal de que eram utilizadas produtos corrosivos na lavagem do veículo, o que danifica a estrutura da lataria - alerta Roger.
Procure também por soldas e desconfie se a moto antiga estiver com a pintura muito nova, o que pode indicar uma reforma recente.
Se todo o resto estiver em ordem, a compra pode até valer a pena.
- O mercado oferece kits prontos de carenagens ou ainda a reposição de peças unitárias. Mas motos com mais de cinco anos de uso correm o risco de não terem mais peças pintadas de fábrica - aconselha Cristiano.
Pneus
Os pneus são um bom indicativo do estilo de pilotagem do dono anterior.
- Se a moto tem baixa quilometragem e pneus muito desgatados, pode significar que o veículo era utilizado em condições muito extremas, como em terrenos irregulares ou sob direção agressiva. Nesse caso, outras partes da moto podem ter sido afetadas -
explica Roger.
O desgate irregular pode indicar que o quadro ou suspensão estão desalinhados.
Pneus originais são um bom sinal.
- Há uma gama grande de pneus para reposição, mas cuidado com os remoldados - alerta Cristiano.
Direção e suspensão
O alinhamento entre guidão e garfo é indispensável para uma pilotagem segura. Se o conjunto estiver fora do padrão, pode ser resultado de uma colisão.
Teste também o sistema de amortecimento e veja se não existem vazamentos nos cilíndros.
- Segure o freio dianteiro e pressione a suspensão para cima e para baixo. Não pode haver folga - ensina Roger.
Segundo o gerente de serviços da Via Porto, o problema pode indicar desgate dos rolamentos:
- Quando se lava em jatos de alta pressão com muita frequência, pode acabar removendo-se a graxa dos cilindros. Se tiver que trocar, o gasto é alto e, aí, já não compensa comprar uma usada - recomenda.
Motor, freios e escapamento
Nunca feche negócio sem antes dar uma voltinha na moto. Teste os freios e a resposta do motor. Dificuldades para engatar as marchas é sinal de problema no disco de embreagem.
- Ligue a moto, acelere meio punho e observe o escapamento. Se sair uma fumaça branca, pode haver desgate no kit cilíndro, pistão e anéis. Se sair fumaça muito preta, indica queima excessiva de combustível - ensina Roger.
Espelhos e lanternas
De acordo com o gerente de serviços Cristiano Ávila, é importante observar se o espelhos são originais:
- Os paralelos muitas vezes vem com o foco destorcido, o que dificulta a visão do condutor - conta.
A regra também serve para as lanternas. Lâmpadas com potência maior que o recomendado pelo fabricante alteram o sistema elétrico da moto. Além disso, o facho de luz muito forte pode ofuscar a visão dos demais condutores no trânsito.
Não deixa de testar o funcionamento dos componentes elétricos: setas direcionais, luzes do painel, farol, luz de freio e buzina.
Documentação
Quando achar a moto certa, abra o olho com a documentação. Verifique possíveis débitos (IPVA, seguro obrigatório, expedição dos documentos e multas a pagar e/ou suspensas), restrições judiciais e ocorrências de furto ou roubo.
Certifique-se que os números do chassi e do motor batem com os da documentação. Confira no manual do proprietário se as revisões periódicas estão em dia.
Comprador e vendedor devem reconhecer firma em cartório no Certificado de Registro do Veículo (CRV). O comprador fica com o CRV original e o vendedor com uma cópia autenticada.
O comprador tem 30 dias para fazer a transferência de propriedade, sob pena de multa de R$ 127,69 e cinco pontos na CNH.