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Portunhol no consultório

Cubanos do Mais Médicos estreiam no Rio Grande do Sul

Dois profissionais caribenhos começaram a trabalhar nesta segunda-feira em Sapucaia do Sul

14/10/2013 - 23h01min

Atualizada em: 14/10/2013 - 23h01min


Primeiro dia de trabalho da médica cubana Abetain Azcuy Almanza em Sapucaia do Sul

Os dois primeiros médicos cubanos autorizados a trabalhar no Rio Grande do Sul pelo programa Mais Médicos começaram suas novas rotinas nesta segunda-feira.

Pelos próximos três anos, o município de Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, será o local de trabalho do casal Abetain Azcuy Almanza e Ernel Antonio Gómez Cantero.

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Na recém-inaugurada Unidade Básica de Saúde João-de-Barro, Abetain teve um primeiro dia tranquilo. Atendeu 10 pacientes e não teve nenhum problema de comunicação até agora.

- Se o paciente falar devagar, eu entendo bem, não tenho problema. E eles entendem bem meu portunhol - brinca.

Se surge alguma dúvida ou dificuldade em encontrar a palavra certa, coisa rara, ela pede socorro às enfermeiras do posto.

Médica há 19 anos, Abetain chegou com o marido no Brasil em 24 de agosto. Eles permaneceram três semanas em Brasília, passaram por mais um período de integração, desta vez em Sapucaia, e desde o mês passado aguardavam pela autorização para começar a clinicar. Os dois filhos universitários ficaram em Cuba e apoiaram a decisão dos pais.

Não é a primeira vez que o casal trabalha no Exterior. Cantero clinicou em Angola e na Venezuela, país onde Abetain também esteve entre 2003 e 2009. Agora, eles pretendem ficar por aqui pelos próximos três anos.

A decisão de mudar-se para o país pareceu natural:

- Nós estamos aqui porque nosso governo falou que o Brasil precisava de médicos, perguntou se queríamos ficar aqui por um tempo, e eu decidi que sim, que queria ajudar o povo brasileiro.

A vendedora Dalva Rocha Freira elogiou a atenção que recebeu da médica.

- Ela senta perto, faz bastante pergunta. Senti mais proximidade, uma coisa que a gente não está muito acostumada - diz.

Para Abetain, o atendimento não tem nada de incomum.

- A medicina familiar é estar muito perto do paciente mesmo. Nós ficamos perto, nós tocamos o paciente, fazemos todas as perguntas necessárias para ter um pronto diagnóstico. Isso é muito comum no meu país. Nós trabalhamos assim - afirma a médica.

Esta foi a segunda vez que o auxiliar de manutenção Rafael Saraiva da Luz recebeu atendimento de um médico estrangeiro:

- O atendimento deles é até melhor. Parece que têm mais carinho. Entre os brasileiros, tem gente que parece que está ali só por obrigação.

Os dois cubanos vão se juntar aos outros 30 médicos brasileiros responsáveis pela atenção básica em Sapucaia do Sul. De acordo com o secretário municipal de Saúde, José Wink, outras seis vagas deverão ser preenchidas até o fim do ano. Ele afirma que a prioridade é contratar brasileiros, mas não há profissionais suficientes na área de saúde da família.

Para Wink, o intercâmbio com os médicos de Cuba será muito positivo:

- A escola cubana é modelo internacional na experiência e na doutrina voltada para a assistência básica de saúde, e essa combinação da experiência deles com o modelo que temos aqui favorece a qualificação do primeiro atendimento. Nós não vamos mudar a doutrina da nossa política de gestão do sistema universal de saúde no Brasil. Os médicos cubanos vêm para somar.

Outros três médicos de Cuba deverão receber o registro do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul nesta semana. Eles vão atuar em Estância Velha, Charqueadas e Araricá.


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