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Época de Bienal

Eles trabalham e admiram a 9ª Bienal do Mercosul

Diário Gaúcho convida quatro funcionários a visitarem as obras que ajudam a manter

08/10/2013 - 07h23min

Atualizada em: 08/10/2013 - 07h23min


A segurança Alessandra Rodrigues ao lado da obra Coisas em Pausa, da artista Tania Perez Cordova

- É de surpreender! Quem nunca veio, venha: vale a pena!

Empolgada, a segurança Alessandra Rodrigues, 35 anos, do Bairro Rubem Berta, fez o convite para a 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre. Até o dia 10 de novembro, é possível ver a exposição de arte contemporânea na Usina do Gasômetro, no Museu de Arte (Margs), no Memorial do Rio Grande do Sul e no Santander Cultural. A entrada é gratuita.

Alessandra, o colega Douglas Severo, 22 anos, do Rubem Berta, e as auxiliares de limpeza Sônia Rosa Domingos, 58 anos, do Navegantes, e Janaína Maria Ferreira, 39 anos, do Partenon, estão perto de algumas das cem obras de 59 artistas de 26 países. Mas não como espectadores: eles ajudam na limpeza e na segurança.

Na sexta-feira, foram convidados pelo Diário a mudar a perspectiva: por duas horas, experimentaram sensações, se emocionaram, se divertiram e saciaram a curiosidade.

As obras favoritas

Como a Bienal foi inaugurada há quase um mês, os colegas já têm as obras favoritas no Memorial. Sônia escolheu a instalação Viajante Engolido pelo Espaço, um grande "tapete" feito de ferrugem criado pela artista mineira Cinthia Marcelle.

- Essa é a obra mais bonita, mas é que dá mais trabalho.

Janaína concordou e acrescentou que é a obra que mais lhe rende preocupação por conta da fragilidade. Antes de ser instalada uma proteção, o receio era que algum visitante pisasse na ferrugem.

Alguns acidentes até aconteceram, mas nada que tirasse o impacto do tapete que a cada dia se modifica naturalmente por conta do clima e de pequenas marcas feitas por insetos e outros bichinhos que caminham sobre ela.

A obra O que você está fazendo aqui?, da chinesa Cao Fei, que tem árvores nas quais são pendurados uniformes de trabalhadores de uma fábrica, provocou uma reflexão para Douglas. Ele se emocionou ao relacionar o espírito da obra com a sua rotina.

- Aqui, a gente aprende que cada obra tem um significado para a nossa vida. Estamos vivendo quase o mesmo momento dessas pessoas, também trabalhamos 12 horas para dar uma vida melhor a nossos filhos - explicou.

A preferida de Alessandra é a obra que tem duas teclas de piano sobre uma espuma. De tanto ouvir os mediadores, ela diz que já poderia ajudar os visitantes:

- De tanto colocarem o dedo, virou um queijo suíço! Mas não pode tocar!

Diversão no Margs

No Margs, a reação da turma foi de encantamento. Alessandra não conhecia a imponência do prédio e achou linda a escadaria. Sônia se alegrou por reencontrar antigos colegas e Douglas registrou tudo o que viu com o celular.

- Adorei a pirâmide de caixas - disse ele diante da Caverna de Morcego, do norte-americano Tony Smith.

O trio espichou o pescoço para alcançar os ângulos da obra dos anos 1960. Alessandra se apressou em perguntar se era permitido caminhar sob a instalação:

- Eu vejo isso como um labirinto.

Ao chegar próximo à escultura Transmissão de Dez Minutos, de Jennifer Allora e Guillermo Calzadilla, formada por centenas de cabides de arame, um rádio amador e um programa de com­putador, Alessandra disparou:

- Gostei dessa! Quando entrei, achei que fosse um avião.

Já o Balé Magnético, do grego Takis, fez o grupo se divertir. Eles pararam diante da esfera suspensa e riram a valer.

- Viram! O nosso magnetismo mudou a bola de lugar - comentou Sônia.

Última parada

Na entrada do Santander Cultural, a Musa de Lama, de Robert Rauschenberg (1925-2008), uma espécie de piscina na qual o conteúdo borbulha por efeito de válvulas de ar e também estimulado pela captação de som do local, atraiu a atenção do grupo.

- Para mim, é maravilhoso, muito interessante estar aqui. Amo de paixão - revelou Sônia.

Em seguida, foi a lula-gigante, do peruano David Zink Yi, que roubou a cena. Feita de cerâmica, revestida com cobre, chumbo, água, xarope de milho e tinta, impressionou pelo realismo. Os visitantes se impressionaram também com Fulgurito (relâmpago petrificado).

O artista americano Allan MCcollum fez a mão dez mil réplicas de fulgurito. Por fim, a obra da mexicana Fritzia Irizar impactou o grupo: um pequeno diamante. Mas a joia foi feita em um laboratório que fabrica diamantes usando mechas de cabelo.

Arte rica, história triste

Para a obra, foi usada a franja de uma mulher da comunidade indígena Tarahumara, que enfrentou a estiagem mais severa de sua história, sofrendo com a fome.

- Como é que pode, né? - disse Sônia.

Alessandra emendou:

- Um produto tão rico tem uma história tão triste.

O Gasômetro completa os locais da 9ª Bienal.

Saiba mais

As obras estão expostas nos seguintes locais

Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1020), de terça a domingo, das 9h às 19h

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Praça da Alfândega, s/nº), de terça a domingo, das 9h às 19h

Santander (Rua Sete de Setembro, 1028), de terça a domingo, das 9h às 19h, quintas, das 9h às 21h

Gasômetro (Av. Presidente João Goulart, 551), de terça a domingo, das 9h às 21h

A programação está em 9bienalmercosul.art.br.

Agendamento de grupos pelo 3212-7007.


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