Rolezinho S.A.
Evento de jovens da periferia foi realizado para reunir músicos
Cerca de 150 jovens se encontraram no Parque Germânia, em Porto Alegre
Nem bagunça nem causa social: o rolezinho que aconteceu na tarde deste domingo no parque Germânia, em Porto Alegre, foi um pequeno empreendimento.
Como nos casos anteriores, o "rolê" foi combinado em um evento do Facebook. Dessa vez, contudo, a ideia partiu da FSC Produções, empresa responsável por encontrar e assessorar novos talentos do funk gaúcho.
A preocupação de que os jovens entrassem em bloco em algum shopping center das proximidades levou a um patrulhamento ostensivo da Brigada Militar no entorno da região. Mas as cerca de 150 pessoas que estavam no local por volta das 17h30min tinham outra intenção: fazer música.
O objetivo do evento, de acordo com um dos MC's da empresa, o Choko, era divulgar o trabalho dos músicos e encontrar talentos em potencial para investir:
- Aqui é para quem está começando.
Outro MC, Pablo Alves, de 16 anos, disse que aquele era o "rolezinho da paz". E a ideia de ir para algum shopping?
- Shopping não dá. Daí é bagunça. A gente quer mostrar o nosso trabalho.
O público, em boa medida vindo dos bairros Vila Jardim e Bom Jesus, era de jovens entre nove e 23 anos - muitos querendo conhecer os funkeiros que estão despontando em bailes da Capital e da Região Metropolitana.
- Por isso que o evento é de tarde. Todo mundo tem voltar cedo para casa - conta Alves.
As músicas do grupo giram em torno do que se convencionou chamar de funk ostentação, ou seja, mulheres, moda e dinheiro.
>>Veja abaixo trechos do evento
Choko, o apelido de Lucas Souza, 17 anos, é um dos que segue a tendência. Bigode fino à antiga, calça jeans preta, camisa polo verde e uma corrente dourada em volta do pescoço, é uma das promessas da empresa. Já tem música tocada em rádio e faz shows em Porto Alegre, algumas cidades da Região Metropolitana e até no Litoral. As apresentações chegam a custar até R$ 1000.
Frequentadores do parque
Os frequentadores do parque estavam entre a indiferença e a curiosidade em relação ao evento. Marlon Coelho, 32 anos, passeava com o filho pequeno e o sobrinho enquanto observava o movimento. Ele acredita que o tipo de música dos funkeiros ainda vai se difundir pela sociedade:
- O funk ainda vai ser escutado em muito carro importado.
Edson Walter, 56, nem havia percebido a movimentação. Contou que nos últimos tempos, o parque estava tranquilo:
- Incomodação mesmo a gente teve com uns pequenos grupos que tocavam violão e fumavam maconha aqui. Depois das reclamações, a polícia veio e o problema acabou.