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Bronca pela frente

Greve dos rodoviários deve afetar mais de 1 milhão de passageiros

Por lei, 30% da frota (510 dos 1.701 veículos) é obrigada a circular, mas isso não está garantido

25/01/2014 - 10h02min

Atualizada em: 25/01/2014 - 10h02min


Prepare-se para uma semana de transtornos e atrasos. A partir da 0h de segunda-feira, rodoviários da Capital entrarão em greve. Por lei, 30% da frota (510 dos 1.701 veículos) é obrigada a circular, mas isto não está garantido. Haverá piquetes em frente às garagens das empresas e manifestações ao longo do dia. A prefeitura, porém, solicitou apoio da Brigada Militar para garantir a circulação dos ônibus.

Plano de saúde é ponto polêmico

A greve, que afetará cerca de 1,1 milhão de passageiros, foi definida em assembleia da categoria na última quinta-feira.

Na sexta, motoristas fizeram operação tartaruga nos horários de pico. Os rodoviários querem 14% de aumento, reajuste do vale-alimentação de R$ 16 para R$ 20 e manutenção do plano de saúde, sem desconto no salário. Porém, as empresas oferecem 5,56% (reposição integral da inflação no ano, segundo o INPC) e querem coparticipação financeira dos empregados no plano de saúde.

TRT da 4º Região poderá mediar

Os presidentes do Sindicato dos Rodoviários, Júlio Bala, e da Força Sindical, vereador Cláudio Janta (SDD), garantiram que a frota mínima exigida pela Justiça irá circular.

- Se os empresários esconderem os ônibus, não culpem os trabalhadores. Vamos pedir para o TRT da 4ª Região mediar este conflito - revelaram os sindicalistas.

Estudante de jornalismo da Ufrgs e membro do Bloco de Lutas - movimento que defende o Passe Livre -, Juliano Marchant, 24 anos, apoia os grevistas.

- As questões que eles levantam são justas. Provavelmente faremos algumas ações conjuntas - anunciou.

Em 2013, foi assim..

- MANIFESTAÇÕES - No ano passado, antes mesmo que o índice de reajuste no preço das passagens fosse anunciado, estudantes saíram às ruas pra protestar.

- DIVIDIDOS - A categoria dos rodoviários, na ocasião, estava dividida. Motoristas chegaram a realizar uma operação tartaruga, como forma de pressão. No final da campanha salarial, em uma assembleia tensa, com briga e feridos, acabou aprovado o reajuste salarial de 7,5% oferecido pelo sindicato patronal.

- PASSAGEM BAIXOU - Nas ruas, cresciam as manifestações. Em um desfecho inédito, a passagem de ônibus na Capital, que chegou a R$ 3,05, baixou para R$ 2,80.

Fala, trabalhador!

- A empresa vai ter de colocar carro, se não a gente não vai trabalhar. A greve gera muito transtorno. Eles correm atrás do que é deles, mas muita gente fica empenhada.

Valdeci Ribeiro Chagas, 44 anos, conferente

- Não tem como trabalhar. A empresa não dá recurso para táxi.

Luiz Fernando Kovalski, 20 anos, atendente

- Vai ser bem complicado, difícil. Vou a muitos lugares durante o dia, desse jeito será impossível trabalhar. Greve não é solução. Acho que eles teriam outras maneiras de reivindicar seus direitos.

Gicelda Damazia, 49 anos, auxiliar administrativa

- Moro na Zona Sul e trabalho na Zona Norte, pego dois ônibus. Vou ter de juntar dinheiro para o táxi.

Ronai Silveira da Silva, 22 anos, garçom

MPT vai monitorar

Na sexta-feira à tarde, o Ministério Público do Trabalho (MPT) reuniu o Sindicato das Empresas de Ônibus e o Sindicato dos Rodoviários, na tentativa de mediar um acordo. No entanto, não houve progresso.

O MPT anunciou que monitorará a greve.

ATP não aumentará proposta anunciada

O gerente executivo da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, Luiz Mário Magalhães, afirma que as empresas não aumentarão a proposta. Segundo ele, a redução de R$ 0,25 na tarifa (de R$ 3,05 para R$ 2,80, devido ao corte de imposto) já causou prejuízo de cerca de R$ 60 milhões às empresas. Sobre a polêmica participação dos empregados no custeio do plano de saúde, Luiz explicou:

- O plano aumentou 40%. Continuaremos bancando a maior parte. A contribuição dos empregados será de, no máximo, R$ 40 por família.

A ATP solicitou a presença da Brigada Militar na frente das garagens na segunda-feira.

Para Rafael, lotação e táxi são caros

A paralisação não prejudica apenas os trabalhadores. Desempregados como o estudante Rafael Rodrigues, 19 anos, que, na sexta, entregou currículo em uma empresa à espera da sonhada vaga, também são prejudicados. Se for chamado na segunda-feira, por exemplo, terá dificuldade para se deslocar na cidade.

- A gente precisa de ônibus. Quando fica sem, gera um problema pra todo mundo. Lotação e táxi saem muito caro - afirmou.

Prepare-se

- Ônibus - Por lei, 30% da frota (510 veículos) deverá circular. Preço: R$ 2,80.

- Lotações - Poderão transportar passageiros em pé. Preço: R$ 4,20

- Táxis - A frota é de 3.922 carros, mas no verão diminui sensivelmente. Preço da bandeirada: R$ 4,22.

- BikePoa - Sim, vá de bici. Se tiver estações entre sua casa e o local de trabalho, use as magrelas. A Capital tem 40 estações e cerca de 400 bicicletas. Saiba como se cadastrar no site http://migre.me/hzti8 ou disque para 4003-6052. O passe mensal custa R$ 10.

- Carona - Organize carona com colegas para sair mais barato para todos.

- EPTC - 250 agentes de trânsito, por turno, estarão nas ruas para orientar motoristas e usuários. Além disso, o tempo das sinaleiras será modificado para dar maior fluidez ao trânsito.


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