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Mercado gaúcho de motos está em crise

Especialistas explicam porque a queda nas vendas no Estado é maior do que a média nacional

15/01/2014 - 00h11min

Atualizada em: 15/01/2014 - 00h11min


Os milhares de gaúchos que viajam em duas rodas pelo mundo, e os que são vistos diariamente trafegando nas ruas do Estado, são prova de que, no Rio Grande do Sul, existe uma verdadeira paixão por motocicletas. Mas quem olha os números do mercado, pensa exatamente o contrário.

Nos anos 80, o Estado esteve entre os cinco maiores consumidores de motos do país. Menos de 30 anos depois, sequer fica entre os dez. Porto Alegre fechou 2012 no 20º lugar entre as 27 capitais - os números de  2013 ainda não foram divulgados pela Associação dos Fabricantes de Motos (Abraciclo).

Em número de unidades emplacadas por Estado, o Rio Grande do Sul ocupou, em 2012, a 11ª colocação, atrás de São Paulo, Minas, Ceará, Bahia, Pará, Pernambuco, Maranhão, Rio, Goiás e Paraná. Em 2013, conforme dados extraoficiais da Abraciclo, o Estado foi ultrapassado, em volume de vendas, por Santa Catarina.

Queda no Estado foi de 16,2%

Na média nacional, a indústria motociclística fechou 2013 com queda de 8,3% nas vendas. No Rio Grande do Sul, a piora foi dobrada: redução de 16,2% _ foram 54.998 veículos comercializados em 2012, contra 46.038 em 2013.

Restrição ao crédito, um dos vilões

Diretora comercial da concessionária Honda Turbo Moto, Adriana Korzenowski acredita que a maior explicação para as quedas está na restrição ao crédito.

- No Sul, as vendas são muito concentradas nessa modalidade, enquanto no Norte e no Nordeste, a venda de consórcios é bem maior. É uma questão cultural - lembra.

Adriana lembra ainda que, para a compra via consórcio, a renda a ser comprovada pelo cliente chega a ser 40% menor do que a necessária para se financiar a moto. Outro fator apontado por ela é bem conhecido de empresários de todos os setores: o chamado "custo Rio Grande do Sul". Taxas de Detran, e boa parte dos impostos, são maiores para consumidores do Rio Grande do Sul do que para os dos vizinhos Santa Catarina e Paraná, por exemplo.

Alguns viajam para comprar

- Emplacamento, habilitação, tudo aqui é mais caro. Alguns preferem comprar a moto em outro Estado e vir rodando para cá, até se irritam com as diferenças - conta o gerente da concessionária Yamaha Ynova Motos, Alfredo Eduardo Kirchner.

Ele conta que, em alguns casos, a loja reduz drasticamente a margem de lucro para tentar diminuir a diferença de preço em relação a outros Estados.

- Dependendo da moto, a diferença de preço supera R$ 1 mil em relação a São Paulo e Paraná. É uma dificuldade. Claro que não é só isso que explica o mercado, mas é um dos fatores - argumenta.

O valor das taxas e tributos varia de acordo com a moto e com o tipo de venda. Em média, despachantes em Porto Alegre cobram R$ 850 para emplacar um veículo zero quilômetro, de 125cc. Em Santa Catarina, o mesmo serviço custa R$ 710, e em Curitiba, R$ 680.

- Nosso Detran cobra R$ 110 por uma taxa de registro de contrato, que não existe nem em Santa Catarina nem no Paraná. É questão de a gente ir somando uma série de tributos para explicar a diferença - continuou Alfredo.

Ranking das capitais

Cidade Unidades vendidas

20º) Porto Alegre 5.646
21º) Aracaju 5.432
22º) Rio Branco 5.296
23º) Boa Vista 5.242
24º) Palmas 4.230
25º) Florianópolis 3.364
26º) Macapá 3.262
27º) Vitoria 2.385

Obs.: dados de 2012

Vendas no RS

2012           2013              Redução

54.998        46.038           16,2%

Obs.: no mesmo período, a venda de motos no Brasil recuou 8,3%


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