Em vez de melhorar, piorou o atendimento que já era deficiente aos usuários da Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado. A abertura de uma sala no primeiro andar em janeiro, para evitar a formação de filas na rua, deu um pouco de conforto para os idosos, mas o número limitado de assentos obriga as pessoas a esperarem em pé ou sentadas nas escadas do prédio da Avenida Borges de Medeiros. A Farmácia deve mudar de endereço, mas não há previsão de data.

Horas de espera incomodam

Enquanto isso, as mudanças no local atual não resolveram o principal problema do serviço: a demora no atendimento. Ontem, a portaria da entrada no térreo era um verdadeiro muro das lamentações.

- Como vou ficar trancado numa sala lotada de pessoas que podem estar gripadas ou com uma doença grave? Preferi esperar na rua - afirmou o instalador autônomo Thiago Hass, 32 anos.

Thiago chegou às 9h e saiu duas horas e meia depois, com os medicamentos solicitados.

Mas usuários como a artista plástica Vera Muller, 68 anos, e a dona de casa Thais Favila, 33 anos, não sabiam se teriam a mesma sorte após longa espera.

A falta de informações sobre medicamentos em falta e à disposição e a climatização deficiente da nova recepção foram criticadas por vários usuários.

- A sala é abafada e não tem nenhuma informação para orientar as pessoas. Vim para a rua porque, pelo menos aqui, tem ar para respirar - desabafou Vera.

"Deu até para fazer compras"

Cliente antiga da Farmácia, a funcionária pública aposentada Juanita Vieira, 64 anos, usou a ironia para demonstrar a insatisfação com o tempo de espera. Irritada com a demora do elevador, a idosa resolveu subir os dois lances de escada.

- Cheguei às 10h, peguei a senha e saí por aí. Deu até para fazer compras - revelou Juanita, dona da senha 289, antes de entrar novamente à sala de distribuição de medicamentos e aguardar a sua vez.

Três horas para entregar um papel

Se tivesse sido adotada, uma das medidas prometidas - e não cumpridas - pela Secretaria de Saúde do Estado poderia ter facilitado a vida do vigilante aposentado Evandro Neto de Souza, 68 anos. Ele foi até a Farmácia apenas levar documentos para autorizar outra pessoa a receber os medicamentos. Evandro chegou às 8h30min e saiu somente às 11h30min.

Em janeiro, a assessora jurídica da Secretaria e responsável pelas mudanças na Farmácia, Simone Pacheco do Amaral, afirmou que uma das alternativas era deixar o primeiro andar somente para os casos de triagem e abertura de processos, e o térreo para a retirada de documentos. Mas, como há somente uma fila para tudo, Evandro teve de esperar três horas.

Sala para triagem deverá agilizar atendimento

De acordo com Simone, o nó que trava a agilização do atendimento será desatado nos próximos dias. Uma sala contígua à nova sala de recepção, no primeiro andar, será utilizada para triagem. Terá três computadores e três atendentes.

Para auxiliar os usuários, uma lista com os medicamentos em falta poderá ser afixada no primeiro andar - a ideia, aliás, surgiu a partir de uma indagação da reportagem do Diário Gaúcho.

A responsável pela Farmácia atribui o aumento do movimento nos últimos dias ao fim da greve do transporte coletivo, quando a busca por remédios caiu 50%.

- Com a facilidade de deslocamento, vieram todas ao mesmo tempo - justificou.

Segundo ela, o problema do calor nas salas foi resolvido. Aparelhos de ar-condicionado do térreo e do primeiro andar foram trocados.

Problema sem data para acabar

Principais reclamações

- A nova sala tem poucos assentos e os dois ares-condicionados não climatizam o ambiente de modo adequado.

- Por falta de cadeiras, usuários aguardam a chamada em pé no corredor ou sentados nos degraus da escada.

- Não existem cartazes com orientação, apenas uma pessoa que distribui as senhas e um funcionário que chama as pessoas.

- Também não há lista de medicamentos disponíveis e em falta. Sem a relação, muitas pessoas aguardam o atendimento em vão.

- A transferência para um espaço maior e melhor estruturado é urgente.

Estrutura em xeque

- A nova sala de recepção tem espaço para 120 cadeiras. Na abertura, em janeiro, havia somente 70 para acomodar os usuários.

- O acréscimo de quatro farmacêuticos parece não ter sido suficiente para reduzir o tempo de espera. Nem a mudança de horário. Em janeiro, o atendimento passou a ser das 8h às 18h, sem fechar ao meio-dia.

- A nova sede da Farmácia, na Avenida João Pessoa, 71 (antigo prédio do Banrisul), precisa ser reformada, mas não há previsão para início da obra.

- No novo endereço, a promessa é de cem cadeiras de espera e 12 guichês (hoje são seis).

Novo horário a partir de hoje

A pedido dos próprios usuários, o horário de atendimento volta a mudar. A partir de hoje, a Farmácia funcionará das 7h às 18h, sem fechar ao meio-dia.