Primeira extradição?
Cubano atende hospital onde não tem registro para trabalhar
Por ser do Mais Médicos, Maikel Ramirez Valle só pode atuar em postos de saúde
Um dia de atendimento médico pode pôr fim à carreira de um cubano no Brasil. Isso porque Maikel Ramirez Valle, que trabalha no Mais Médicos em Candiota, na Campanha, foi chamado para atuar em um hospital. A autorização dele, assim como todos profissionais que participam do programa, é somente para trabalhar em postos de saúde.
Nas redes sociais, a maioria dos usuários se manifesta a favor do médico, que pode ser extraditado e o município pode perder o direito de receber outros participantes. Segundo a prefeitura, o intercambista foi chamado para atender no Hospital Municipal porque o médico brasileiro plantonista teve de acompanhar na ambulância um paciente grave. Porém há uma divergência no tempo de trabalho do cubano. O prefeito informa que o intercambista cobriu o plantão só durante uma hora, período para chegar outro médico brasileiro, enquanto o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul informa que foi um dia completo.
- Ele é o único médico que mora no município. Não daria tempo hábil para chamar outro, pois estamos a 60 quilômetros de Bagé e 160 de Pelotas. Foi uma situação única e que não irá se repetir - promete o prefeito Luiz Carlos Folador (PT).
Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), sendo um dia ou uma hora, o tempo de trabalho é irrelevante.
- Se foi uma hora, duas ou 24, não importa. É o mesmo que dizer "roubei o cofre só uma vez". O fato não fica menos grave. Houve exercício ilegal da medicina - aponta o presidente do Simers, Paulo Argollo.
O Simers encaminhou a denúncia para o Ministério da Saúde, o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público do Trabalho e para a Polícia Federal. Essa última pode pedir a extradição do intercambista, já que supostamente ele teria agido fora dos limites concedidos no visto de permanência do país. O Ministério da Saúde poderá avaliar a situação do município e caso ache que agiu errado, poderá bani-lo do programa Mais Médicos.
Já o presidente do Conselho Regional de Medicina Fernando Matos, diz que o responsável técnico pelo hospital municipal e o secretário de saúde também podem ser penalizados:
- Segundo uma resolução do Conselho de Medicina, os responsáveis por permitir um caso como esse podem ser penalizados desde uma advertência verbal até cassação do diploma de médico.
O cubano Valle não quis gravar entrevista.