Em busca de um sonho
Bailarina cega de Alvorada precisa de ajuda
Gislaine de Oliveira Figueiredo terá de vencer mais uma barreira: a falta de recursos para bancar uma viagem a São Paulo
Ela não consegue ver se a postura e a posição de pernas e braços estão perfeitas. Mas, em compensação, não enxerga nada que possa desviar a mente do foco de sua vida, o balé. E sorri para o público, para demonstrar o quanto gosta da arte.
Gislaine de Oliveira Figueiredo, 20 anos, uma das bailarinas cegas do projeto Ballet CultuArte, de Alvorada, está prestes a viver um novo desafio: foi convidada pela Associação de Balé de Cegos Fernanda Bianchini, de São Paulo, para um workshop, e trocar experiências com outros bailarinos também na companhia da bailarina Karen Ribeiro, nos dias 15 e 16 de abril. Mas, para que possa mostrar sua dança aos paulistas, terá de vencer mais uma barreira: a falta de recursos para bancar a viagem.
- Acho que será uma grande oportunidade. Sempre corri atrás das coisas. Se digo que quero algo, costumo fazer. O medo nunca me atrapalha - conta a bailarina.
O balé surgiu há sete anos na vida de Gislaine, na Casa de Cultura Mario Quintana.
- Antes disso, eu pensava: como vão ensinar uma pessoa cega a dançar? Mas aprendi o básico e a criar coreografias - lembra.
Evolução foi rápida
Não demorou muito e ela já estava dando aulas para outros deficientes e participando de apresentações. No Ballet CultuArte, ela entrou há três anos.
A professora Jacqueline Navarro, idealizadora do projeto, lembra a ansiedade que viveu pela inexperiência no ensino a deficientes visuais. Hoje, Gislaine é professora auxiliar no projeto, que conta com cinco bailarinas cegas. Também atuará na extensão da iniciativa na Escola Municipal Alice de Carvalho, no Bairro Maria Regina.
- Hoje ela salta, gira, usa sapatilha de ponta. Teve uma evolução muito grande. Às vezes, até esqueço que ela não enxerga. A inclusão de fato aconteceu - observa Jacqueline.
A campanha
- No dia 5 de abril, Jacqueline e Gislaine pretendem fazer um pedágio na Parada 48 da Avenida Presidente Getúlio Vargas, para pedir a colaboração da comunidade.
- Interessados em ajudar também podem fazer contato pelo telefone 8446-6836, ou pelo e-mail jqnavarro@yahoo.com.br .
Aulas gratuitas
O projeto Ballet CultuArte existe há seis anos. Há dois, funciona de forma independente, utilizando um espaço cedido na Associação Beneficente dos Aposentados, Inativos e Pensionistas (Abaip) para oferecer aulas gratuitas para cem alunas com idade a partir dos dois anos.
Em agosto do ano passado, o Diário Gaúcho contou a história do projeto, que ocorria apesar das dificuldades.
>>> Confira no vídeo:
Depois da reportagem, o Ballet CultuArte recebeu a doação das barras, já em uso, e dos espelhos, que ainda serão instalados.