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Aprenda com os pequenos poupadores

Crianças de creche municipal ganham cofrinhos para apreender a poupar

Alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim de Praça Passarinho Dourado terão de depositar até R$ 1 por semana em um cofrinho

09/04/2014 - 10h01min

Atualizada em: 09/04/2014 - 10h01min


Alunos da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Jardim de Praça Passarinho Dourado, na Praça São Geraldo, participam do projeto O uso adequado dos recursos financeiros: aprendendo a poupar

O tilintar das moedinhas será o som que lembrará as crianças da Escola Municipal de Educação Infantil Jardim de Praça Passarinho Dourado de lições que poderão acompanhá-las pela vida inteira: a importância de economizar, fazer pesquisa de preços e pechinchar.

Ontem, os 60 alunos da instituição que fica no Bairro São Geraldo, na Capital, com idades entre três e cinco anos e 11 meses, deram o primeiro passo no sentido da educação financeira, pela criação de uma futura poupança. Elas participam do projeto "O uso adequado dos recursos financeiros: aprendendo a poupar".

- Li uma reportagem que falava sobre o quanto a falta de valores banaliza a vida. Propus uma forma concreta de lidar com o assunto. É um currículo que lê o mundo - explica a diretora Zenaide Martins da Silva, idealizadora da proposta.

Pais apoiam proposta

O projeto, que alcançou o apoio maciço dos pais, consiste em incentivar depósitos semanais de moedas no valor de até R$ 1. Cada criança tem o cofrinho identificado com o nome e a inscrição do objeto que pretende comprar no final do ano. O valor máximo a ser poupado será de R$ 34.

Questionada pela professora Carla Cristiane de Souza, a turma do Maternal 2 fez uma extensa lista de compras que mais lembrava uma lista de supermercado: bananas, sucrilhos e picolés.

- Mas o que mais podemos comprar com dinheiro? - provocou a professora.

Em seguida, outros desejos começaram a aparecer. Alguns, porém, terão de sofrer adaptações, para que a aquisição não custe mais que os R$ 34 de limite:

- Eu vou na loja comprar um caminhão de bombeiro com uma escada bem grande - disse o pequeno Otávio Pachla Fortes, três anos.

Já Maria Eduarda Herkert dos Reis, três anos, teve outra ideia:

- Vou comprar um cachorro de verdade! Vai se chamar Apolo!

A coleguinha Nicole Martins da Silva, três anos, completou a lista:

- Vou comprar uma boneca bebê, ou um jogo.

Solenidade na entrega dos cofres

A diretora explica que em novembro haverá uma solenidade na escola para a entrega dos cofrinhos. Em casa, acompanhada dos pais, a criança contará as moedas para, posteriormente, ir ao comércio comprar o objeto de desejo. A expectativa é que os pais se envolvam na proposta, o que poderá gerar benefícios à vida financeira da família.

- A ideia é que eles façam a cotação de preços, para que vejam que um mesmo produto pode ter valores diferentes e, como vão pagar à vista, aprendam a pedir desconto - explica Zenaide.

A atividade será encerrada entre os alunos, que levarão suas aquisições para a escola, para conversar sobre a experiência.

- Queremos que elas vejam que não é "eu quero hoje, eu terei amanhã". Precisam saber que há um caminho para isso. O dinheiro é importante, mas precisamos fazer bom uso dele. Estamos desenvolvendo valores - afirma a diretora.

Segundo Zenaide, numa parceria com o Banco Cooperativo Sicredi, os alunos receberão cofrinhos e uma palestra sobre o assunto.

Uma poupança, muitos desejos

Aluna da turma do Jardim A, Ester Meotti Mattevi, três anos, conta que já é experiente em finanças pessoais:

- Em casa, tenho um cofre rosa, que é a minha cor favorita. Já juntei um monte de moedas, mas não comprei nadinha.

Questionada sobre o destino que dará ao recurso poupado na escola, não economizou na lista de desejos:

- Uma Barbie, uma fantasia da Barbie, um copo da Barbie, uma bala da Barbie, uma mochila da Barbie.

Alertada sobre a insuficiência da quantia para a complexidade da lista, rapidamente Ester reprogramou a compra.

- Ah, dá pra gente comprar alguma outra coisa, então.

Já Renato Niraj Martins Rodrigues, quatro anos, deixará de usar as moedas para comprar doces, para garantir bens maiores:

- Quero um boné do Homem-Aranha e uma máscara!

A professora Rosa Maria Jacobsen conclui:

- Eles vão começar a ter a noção de que guardando, vão conseguir comprar alguma coisa, terá um efeito positivo.

Oportunidade para mudar hábitos

O economista e educador financeiro Everton Lopes vê a iniciativa como uma boa oportunidade de mudança de comportamento, de hábitos da família. Ele lembra que Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), que tem objetivo de promover e fomentar a cultura de educação financeira no país, está em fase de implantação no Estado.


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