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Ler para entender o mundo

No Dia Mundial do Livro, RBS lança segunda edição do Prêmio de Educação

"Para Entender o Mundo" é uma homenagem a iniciativas bem-sucedidas em mediação de leitura

23/04/2014 - 06h03min

Atualizada em: 23/04/2014 - 06h03min


No Colégio Estadual Piratini, os alunos participam de saraus literários

No Dia Mundial do Livro, está sendo lançado o 2º Prêmio RBS de Educação - Para Entender o Mundo, homenagem a iniciativas bem-sucedidas em mediação de leitura.
Os detalhes desta segunda edição do concurso serão apresentados ao vivo no Jornal do Almoço desta quarta-feira, na RBS TV, em programa especial que também vai relembrar os projetos vencedores do ano passado.

Realizado pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, com apoio técnico do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o concurso promove o compartilhamento das boas práticas de educadores que incentivam a leitura e despertam nos seus alunos o prazer pelos livros.

- Formar leitores é uma atividade pedagógica e cognitiva. Há muitos detalhes e sutilezas nos textos, e a figura de um mediador intencional, esse leitor mais experiente, que agrega e acolhe o outro nesse universo simbólico, é essencial. A mediação de leitura qualifica o processo de interação do texto e de significação, não só de mera decodificação de palavras - explica a especialista Flávia Brocchetto Ramos, professora na Universidade de Caxias do Sul (UCS).

Expectativa é aumentar número de inscrições

Professores e educadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina podem participar: basta se inscrever gratuitamente no site premiorbsdeeducacao.com.br e enviar um relato contando sua experiência.

A expectativa é superar o sucesso da edição passada, que teve 2,7 mil inscritos e 936 relatos enviados. Serão selecionados 16 finalistas, e os vencedores serão anunciados em novembro, durante cerimônia que distribuirá R$ 156 mil em prêmios.

Além das categorias Escola Pública e Escola Privada, a novidade deste ano é a categoria Jovens Protagonistas, em substituição à de Projetos Comunitários existente na edição anterior. O objetivo é estimular a troca de ideias e o diálogo entre estudantes de 14 a 24 anos, para que compartilhem experiências.

- Com essa nova categoria, vamos agregar ao prêmio um público da comunidade escolar que é muito importante para nós. Além de estimular novas ideias e dar o recurso financeiro para implantar os projetos, também vamos acompanhar a execução. Será uma espécie de consultoria, para agregar conhecimento e garantir mais uma formação a esses jovens - afirma Lucia Ritzel, gerente-executiva da Fundação Maurício
Sirotsky Sobrinho.

A premiação não se restringe a projetos nas disciplinas de português e literatura, já que as habilidades de leitura também são fundamentais em outras áreas, como matemática e ciências.

- Crianças com dificuldade de leitura terão dificuldade em todas as matérias. As habilidades não são idênticas, mas são parecidas. Há uma tradição na escola brasileira de ter coisas divididas por departamento, como se ensinar a ler fosse função do professor de língua portuguesa, mas, nos últimos 20 anos, isso está sendo revisto - afirma Bia Cortese, coordenadora de projetos do Cenpec.

Os vencedores da edição anterior notaram uma profunda mudança em seus alunos após a implantação de seus projetos de mediação de leitura. A professora Maria Alice Gouvêa Campesato, ganhadora em 2013 na categoria Escola Pública no Rio Grande do Sul, conta que as crianças estão mais motivadas e cuidadosas, e estabeleceram vínculos maiores com a escola.

Para Suzana Borges da Fonseca Bins, vencedora no ano passado na categoria Escola Privada no Estado, o papel do professor é fundamental para despertar o prazer de ler bons livros.

- A questão é ensinar os estudantes a ler. Não tem como não se apaixonar quando se compreende o sentido da leitura. Quando eles entendem é que acabam se tornando leitores.

Uma iniciativa para inspirar

Inspire-se em trabalhos como o desenvolvido há 12 anos no Colégio Estadual Piratini, em Porto Alegre, onde os alunos do Ensino Médio participam de diferentes projetos de incentivo à leitura.

Com orientação da professora Lílian de Freitas Machado, eles mantêm um jornal chamado 7º Período, uma revista anual, realizam a já tradicional semana cultural, saraus literários, curtas-metragens e concursos de poemas e crônicas, e têm até um livro publicado com os melhores textos. Os estudantes já começam a pensar em projetos para a categoria Jovens Protagonistas.

- Como a gente passa mais tempo na internet e nas redes sociais, alguns projetos legais poderiam usar a internet como porta de acesso à leitura, não ficar só na página de papel, e onde as pessoas pudessem ler conteúdo uma das outras e também se expressar ali - diz o estudante Wesley Gomes, de 16 anos.

A instituição também fortalece o lado cidadão dos alunos, incentivando participação em atos sociais e eventos como o Dia da Solidariedade e o Dia da Diversidade de Gênero.

No ano passado, por iniciativa dos próprios estudantes, a escola realizou uma campanha de arrecadação de livros para a comunidade. Segundo a diretora Jane Machado, o objetivo  é os alunos gostarem de estar na escola, e essas atividades fortalecem a permanência deles na instituição:

- Buscamos sempre desenvolver a criatividade deles, e que tomem aquilo como uma conquista educacional. Toda essa estratégia da educação é para que criem uma identidade com a escola, tenham a noção de que sala de aula não é só quadro negro, giz e um professor falando sem parar. Eles veem que aqui podem ter acesso a tudo.

Na Escola Municipal José Loureiro, também na Capital, o prazer pela leitura é transmitido de aluno para aluno. Um grupo de 70 estudantes do 4º ao 9º anos participa do projeto de formação de contadores de histórias, iniciado em março passado, e recita fábulas para os coleguinhas menores, do jardim de infância até o 3º ano.

O trabalho, que contempla diferentes gêneros textuais, como contos de fadas, lendas e folclore, além de textos próprios, é desenvolvido pela professora Adriane Minervino, que sempre se encantou com as histórias de Sherazade, a princesa personagem e narradora dos contos de As Mil e Uma Noites.

- O que buscamos é o protagonismo juvenil, que eles possam perder o medo de falar em público e se encantar com a magia das histórias. Promovemos o resgate da literatura e da oralidade, algo que era muito presente durante a nossa infância - afirma Adriane.

Dicas de mediação de leitura

1 - A seleção da leitura não é para o professor, mas para o aluno: escolha textos que dialoguem com os interesses das crianças e livros com um projeto gráfico interessante. Muitas vezes, o que faz o aluno se aproximar do livro é a visualidade.

2 - Seja constante e sistemático. Para que o estudante adquira o hábito da leitura, é preciso continuidade. Se a história for grande, faça uma leitura seriada. A estratégia também serve para seduzir o estudante e despertar nele a curiosidade.

3 - Tenha sensibilidade ao selecionar os escritos e não subestime a capacidade de interpretação de seus alunos. Eles têm direito aos melhores e mais bem-elaborados textos.

4 - Leia e discuta em sala de aula, fazendo contextualizações e relações com outros textos e diferentes linguagens, como pintura e música.

5 - Ajude o estudante a elaborar hipóteses sobre o texto (analisar o título, por exemplo), para facilitar a compreensão.

6 - O aluno precisa ir para a leitura com expectativas sobre o que vai encontrar ou não nas linhas.

7 - Um bom mediador de leitura tem de saber ler com boa fluência, uma habilidade que precisa ser desenvolvida e trabalhada.

8 - No decorrer da leitura, verifique se o aluno está entendendo a ideia geral do texto, mesmo que ele não compreenda necessariamente todas as palavras. Quando a palavra for essencial à compreensão, incentive-o a usar o dicionário.

Como escrever seu relato

- O texto deve ser escrito na primeira pessoa do singular, no site. O tamanho do relato para as categorias Escola Pública e Privada é entre 9 mil e 18,5 mil caracteres. Para a categoria Jovens Protagonistas, entre 3 mil e 9 mil caracteres.

- Os relatos não devem trazer a identificação dos inscritos nem a dos participantes. É possível usar nomes fictícios. Em qualquer momento do processo de seleção, a organização do prêmio poderá solicitar contatos dos envolvidos para verificação de autoria.

- Lembre-se de que o leitor não conhece a prática. É preciso explicitar o que foi feito. Evite descrições genéricas e procure enfatizar as frases faladas, as interferências e a reação.

- O seu texto será a única forma de os avaliadores conhecerem sua prática: ele precisa estar claro, sem incorreções, coerente e consistente.

- Antes de enviar o relato para a coordenação do prêmio, peça a um colega que leia o seu material e faça perguntas que ajudem você a tornar o texto mais claro.


Como participar

- Inscreva-se no site premiorbsdeeducacao.com.br, até 18 de julho. Você tem até o dia 11 de agosto para enviar o seu relato com detalhes do projeto.

- São três categorias de premiação: Escola Pública, Escola Privada e Jovens Protagonistas. Nesta edição, não haverá a categoria Projeto Comunitário.

- Podem participar professores de todas as disciplinas e educadores em geral, como gestores e bibliotecários, desde que atuem na Educação Básica.

- Na categoria Jovens Protagonistas, poderão se inscrever estudantes entre 14 e 24 anos, que estejam vinculados a uma instituição de ensino. Serão aceitos trabalhos individuais ou em grupos de até cinco pessoas.

- Uma Comissão Julgadora composta por especialistas em educação e mediação de leitura irá selecionar os 16 projetos finalistas. Do total, serão escolhidos quatro vencedores (dois no RS e dois em SC) nas categorias Escola Pública e Escola Privada.

- Outros seis ganhadores (três no RS e três em SC) serão escolhidos pelo Júri Popular, nas três categorias do prêmio. A partir do dia 3 de novembro, você poderá votar no seu preferido e ajudar a eleger os vencedores.


Premiação

Serão distribuídos R$ 156 mil em prêmios entre os finalistas e vencedores do RS e de SC

Finalistas

- R$ 1,5 mil para cada um dos 16 finalistas

Escola pública
- R$ 11 mil para os dois vencedores escolhidos pela Comissão Julgadora

Escola privada
- R$ 11 mil para os dois vencedores escolhidos pela Comissão Julgadora

- R$ 11 mil para os dois vencedores de ambas as categorias escolhidos pelo Júri Popular

- As instituições dos seis vencedores das categorias Escola Pública e Privada também serão premiadas, com R$ 6 mil cada

Jovens protagonistas
- R$ 15 mil para os dois vencedores escolhidos pelo Júri Popular


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