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Um conforto caro

Valor cobrado por garagistas do Centro da Capital assusta motoristas

Mensalistas podem gastar até R$ 350 por mês

15/05/2014 - 10h02min

Atualizada em: 15/05/2014 - 10h02min


Luiz Armando Vaz / Agencia RBS
No Estacionamento Alberto Bins, da bandeira Moving, duas horas e meia custam R$ 40

Os serviços de estacionamentos pagos no Centro da Capital são um conforto caro. Levantamento feito pelo Diário Gaúcho mostra que, para deixar o carro por três horas em uma das garagens pesquisadas, o motorista pagará R$ 40.

Com este valor, o condutor que mora na cidade poderia se deslocar 13 vezes de ônibus (tarifa a R$ 2,95) ou nove vezes de lotação (R$ 4,40) do seu bairro à região central. Se residisse num bairro próximo como a Cidade Baixa, ele poderia ir de ônibus, almoçar e ainda voltar de táxi para casa.

R$ 18 por apenas uma hora 

O levantamento apontou diferenças no valor cobrado durante a primeira hora - o menor preço foi de R$ 8 e o maior, R$ 18. O mais caro é o Estacionamento Alberto Bins, que oferece 64 vagas, na esquina da avenida homônima com a Rua Pinto Bandeira. O valor começa em R$ 12 (30 minutos), passa a R$ 18, por uma hora, e vai aumentando progressivamente. Após três horas, o cliente paga R$ 40. Mensalistas pagam R$ 295. Há garagens que cobram até R$ 350.

Custo operacional é alto

O Alberto Bins é administrado pela Moving Vinci Park, empresa que controla cerca de 80 estacionamentos em Porto Alegre. Segundo o superintendente comercial Roque Wilson Perachi, o custo operacional do serviço é alto.

- Além do aluguel do prédio de quatro andares, há gastos com funcionários - entre eles, 11 manobristas -, impostos, seguro e sistema de monitoramento por câmeras - explicou.

Motoristas reclamam

Quando precisa ir ao Centro, o motorista Mário Sampaio, 51 anos, não pensa duas vezes: deixa o carro em casa e vai de ônibus. Ele adotou a medida após sofrer uma "mordida" que doeu no bolso.

- Uma vez fiquei 45 minutos e paguei R$ 32. Depois dessa, nunca mais. Passei a ir de ônibus porque não vale a pena ir de carro - disse.

O técnico em enfermagem Éverton Paloschi, 42 anos, tenta estacionar na rua, mas nem sempre consegue.

- É muito caro mesmo. Dependendo do horário, procuro vaga na área azul, mas nem sempre há uma disponível - revela Éverton.

Popular com preço de área nobre

Clientes também se queixam do preço do estacionamento do Camelódromo (Pop Center), com entrada e saída pela Avenida Mauá, via que concentra o maior número de garagens na região. Quem deixa o carro ali, paga R$ 14 (R$ 8 pelos primeiros 30 minutos mais R$ 6 a cada meia hora adicional). No dia 3 de maio, um motorista pagou R$ 38 por duas horas e 35 minutos, como comprovou a reportagem do Diário Gaúcho.

Diretora do Camelódromo, Elaine Debone explica que um dos diferenciais é a segurança. Ao contrário do que ocorre na maioria dos estacionamentos, o cliente que deixa o veículo numa das 220 vagas do Camelódromo leva a chave com ele.

- Não temos manobristas. Nosso estacionamento é coberto, limpo e tem mais de 60 câmeras. Aumentamos o preço há uma semana com base no valor cobrado por nossos vizinhos. De cada dez clientes, sete chegam aqui de ônibus - justificou Elaine.

"Acho caro, como todo mundo"

O presidente do Sindicato das Empresas de Garagens, Estacionamentos, Limpeza e Conservação de Veículos do RS (Sindepark-RS), Francisco Nora, admite que o valor é elevado.

- Acho caro como todo mundo, não é barato realmente. Em qualquer capital é assim - revelou.

Francisco explicou, no entanto, que a valorização imobiliária influencia diretamente no preço. Na composição da tarifa, o valor do aluguel ocupa o topo dos custos, mas não só.

- A despesa com a estrutura administrativa e de serviços e o movimento no estacionamento pesam também. É caro, claro que é caro. Mas qual é o valor daquele imóvel? - diz Francisco, citando uma pergunta que os clientes não costumam fazer.

Procon de mãos atadas

Embora fiscalize as relações de consumo, o Procon Municipal de Porto Alegre não interfere em relação à formação de preços de serviços. Somente nos casos em que há elevação do valor sem justa causa comprovada.

- Quando ocorre a prática abusiva, prevista no artigo 39, aí a gente pode interferir - diz o diretora-executiva do Procon, Flávia do Canto Pereira.

O mapa dos preços (valor cobrado por uma hora):

Unipark - Avenida Mauá, 2049: R$ 8
Camelódromo - Rua Júlio de Castilhos, 235 (entrada pela Mauá): R$ 8
C Park - Rua dos Andradas, 788: R$ 8
Del Sol - Rua Duque de Caxias, 907: R$ 8
Andradas - Andradas, 672: R$ 10
Equality - Andradas (defronte ao 672): R$ 10
Garagem Paineira - Avenida Mauá, 1093: R$ 11
Moving - Rua Sete de Setembro, 630: R$ 12
Andrade News - Rua Andrade Neves, 115: R$ 12
Ceres - Rua Siqueira Campos, 853: R$ 13
Noma - Esquina da Alberto Bins com a Pinto Bandeira: R$ 14
Alberto Bins - Esquina da Alberto Bins com a Pinto Bandeira: R$ 18


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