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Haja coração!

Confira dicas de cardiologistas para controlar as emoções durante jogos da Seleção

Torcedores que sofrem ou já tiveram problemas cardíacos ensinam como controlar as emoções na próxima partida do Brasil

01/07/2014 - 08h01min

Atualizada em: 01/07/2014 - 08h01min


Lívia Stumpf / Agencia RBS
Cardíaco, o comerciante aposentado Claudio Silveira, 70 anos, não viu a cobrança de pênaltis do Brasil para evitar fortes emoções

A Seleção testou o coração dos brasileiros no último sábado durante o jogo das oitavas de final da Copa. A vitória sofrida nos pênaltis sobre o Chile deixou a torcida agoniada por mais de duas horas frente à possibilidade de uma eliminação prematura do Brasil. Esta, inclusive, pode ter sido a causa da morte de um homem de 69 anos que estava no Mineirão e faleceu após ser hospitalizado com sintomas de infarto.

E sexta-feira tem mais. Como controlar a emoção em um momento de decisão e aflição? Para muitos, esta é uma prova de fogo.

O comerciante aposentado Claudio Silveira, de Porto Alegre, 70 anos, sofre desde os 35 anos de cardiopatia isquêmica severa. Consciente de suas limitações, foge a todo custo de emoções fortes para que seu organismo não sofra as consequências. No sábado, por exemplo, abriu mão de acompanhar a cobrança dos pênaltis.

"Sábado foi duro"
- Só fui buscar o resultado final, melhor saber depois o que aconteceu. Se a situação está complicada, me afasto, saio fora. Sei que vou sentir dor no peito em qualquer situação de emoção mais forte. Sábado foi duro - confidencia Claudio.

Não se expor a estes momentos é a forma de prevenção mais efetiva aos pacientes, segundo o cardiologista do Hospital São Francisco do Complexo Hospitalar Santa Casa, Paulo Ernesto Leães.

- É preciso cuidar-se não só antes do jogo, mas ter ciência do seu estado de saúde cardiovascular. Se a pessoa, por exemplo, já vem com uma dor no peito e não percebe, basta um estresse importante para algo acontecer - explica Paulo.

Além disso, Claudio toma medicação adequada e segue uma alimentação balanceada. Foge de esforços físicos e não caminha longas distâncias. Colorado, conta que toda vez que percebe que está se exaltando devidos aos jogos do Inter ou do Brasil procura fazer outra coisa: vai jogar paciência no computador e apenas dá algumas espiadinhas na tevê de vez em quando. 

"Tento não sofrer tanto"
O gerente de vendas Maurício Mota, 47 anos, da Capital, segue uma filosofia semelhante à de Claudio. Aos 39 anos, sofreu um princípio de infarto e, desde então, leva a vida de outro modo. Colorado fanático e frequentador dos jogos da Seleção, diz que tenta se segurar, mas admite que nem sempre é fácil. Ele foi na abertura da Copa e já tem ingresso na mão para a grande final.

- Tento imaginar que é apenas uma partida de futebol, procuro não sofrer tanto. Mas é algo que envolve orgulho, fúria entre dois países, duas nações. A gente começa a buscar o engrandecimento - justifica.

Maurício obedece a orientação básica - e valiosa, segundo os médicos - de não ingerir bebida alcoólica antes e durante as partidas.


O que você precisa saber:
Esteja consciente sobre sua saúde cardiovascular. Médicos são unânimes ao afirmar que ter a doença e tratá-la de forma correta é mais seguro que não saber que corre estes riscos. 

Homens acima de 40 anos e mulheres com mais de 45 anos têm mais chances de desenvolver problemas do coração.

Pessoas com menos de 40 anos e que fazem atividades físicas têm probabilidades muito pequenas de sofrer um enfarto.

Qualquer tipo de emoção, seja boa ou ruim, pode causar enfarto em alguém que sofra
com problemas cardiovasculares.

Se estiver em um momento de estresse, fique alerta caso comece a sentir dores e desconforto da região do corpo que vai do queixo ao umbigo.

Não há uma fórmula de prevenção para estes momentos. A única e mais eficiente é evitar se expor a estas situações.

Não faça refeições pesadas e evite consumir bebidas alcoólicas antes da partida.

Pacientes que são sedentários, fumam, têm colesterol alto, diabetes, hipertensão e histórico de doença cardiovascular na família precisam redobrar a atenção.

Metade dos pacientes que tem enfarto morrem na primeira hora. Por isso, é fundamental encaminhar a pessoa com urgência para atendimento médico.

* Orientações dos cardiologistas Paulo Ernesto Leães e Oscar Dutra.


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