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O mentor do Seco

Imagens mostram como polícia matou um dos principais assaltantes de carro-forte do Brasil

Agentes da Polícia Civil esperaram a quadrilha de Carlos Ivan Fischer, o Teco, entre Sobradinho e Candelária, e mataram o bando

17/06/2014 - 10h17min

Atualizada em: 17/06/2014 - 10h17min


No final da manhã do dia 6 de junho, no meio de uma densa cerração, surgiu um caminhão truck - que tem dois eixos na traseira - vermelho se deslocando de maneira lenta na ERS-400, no sentido de Sobradinho a Candelária. O veículo parou no início de uma das poucas retas nos 45 quilômetros da estrada sinuosa que liga as duas cidades. A cerca de 600 metros, no sentido oposto, surgiu um carro-forte na chamada Curva das Cobras. Parte do que aconteceu a seguir foi registrado em fotos e vídeos pela Polícia Civil, obtidos por ZH.

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Carlos Wagner: Teco & Seco, a dupla explosiva

Em um dos lados da rodovia há um paredão de granito da Serra onde foi escavada a estrada e, no outro, uma área de mata nativa seguida por uma ribanceira. Escondidos no matagal, distribuídos ao longo dos 600 metros da reta, a cena era observada por 50 agentes da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e da Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul, cidade agroindustrial do Vale do Rio Pardo. O truck era dirigido por Carlos Ivan Fischer, 46 anos, o Teco, um dos pioneiros no assalto a carro-forte no Brasil. A alguns metros da traseira do caminhão, um automóvel Cruze branco era conduzido por Márcio Pereira de Souza, o Chapolin, e ocupado por André Rodrigues Pereira, o Boca de Lata, e Fernando Pereira da Silva - os três cúmplices de Teco. Aguardavam por eles os delegado Joel Wagner, da Roubos, Luciano Menezes, da Defrec, e policiais do Grupo Tático Especial (GTE) treinados para confrontos com armas de grosso calibre ligados ao Deic. O ataque

Wagner alertou o colega Menezes sobre o que estava para ocorrer. Durante dois meses, por diversas vezes, os agentes percorreram os 45 quilômetros entre as duas cidades para decidir em que local esperariam pela passagem dos bandidos, todos os quatro considerados muito perigosos. Decidiram que o local ideal seria ao longo da única reta na estrada, que se inicia após a Curva das Cobras.

Crédito: Divulgação / Polícia Civil

Os policiais haviam chegado ao local por volta das 3h. Enquanto alguns vigiavam a estrada, os outros se acomodavam em sacos de dormir. Segundo o delegado Wagner, dois meses antes havia chegado a sua mesa uma informação obtida por meio do cruzamento de relatos de informantes, escutas telefônicas e depoimentos em inquéritos policiais de que Teco estava formando um grupo para atacar um carro-forte no trecho entre Sobradinho e Candelária.

Polícia monitorava atividades de quadrilha - Cesar Lopes / Especial

O passo seguinte foi apostar no dia em que o ataque iria ocorrer. Pelas informações coletadas, os agentes da Roubo acreditavam que a ação seria realizada no dia 5 ou 6, datas em que o carro-forte abastece os bancos da região por ser período de pagamento de salários e de aposentados.

 - No começou do mês, nós tínhamos o local e as datas prováveis do ataque, era uma aposta - recorda o delegado.

Logo que avistaram o truck vermelho rodando devagar, os policiais respiraram aliviados: haviam acertado a aposta. Teco, que dirigia o caminhão, esperou o carro-forte se aproximar. Em questão de segundos, acelerou o truck e bateu contra o carro-forte com a intenção de tirar o veículo da estrada. Ele não contava que, dirigindo o blindado, estava uma habilidosa mulher de 31 anos. Com agilidade, conseguiu manobrar e manter o veículo na estrada.

O truck destruiu a frente do carro-forte e acabou batendo no paredão. Imediatamente, Teco saltou da cabine, enquanto os outros três bandidos deixaram o automóvel branco que vinha logo atrás. Os quatro teriam efetuado disparos com suas armas automáticas em direção ao blindado. Os bandidos foram surpreendidos pelos disparos que vinham de dentro do matagal, onde os policiais aguardavam o momento de entrar em ação.

No meio no tiroteio, a motorista do carro-forte conseguiu dar a partida no veículo e saiu do meio do fogo cruzado. Foram cerca de quatro minutos de intenso tiroteio com mais de uma centena disparos. Ao final, Teco, Chapolin e Boca de Lata estavam mortos. O quarto bandido, Silva, ferido em uma das pernas, conseguiu fugir e foi capturado meia hora depois.

A morte de Teco seria o fim de uma era dos assaltos a carros-fortes, aposta o delegado Wagner. Teco foi o mentor intelectual de bandidos como José Carlos dos Santos, 34 anos, o Seco, atualmente cumprindo pena no Presídio de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

Durante quase uma década, Seco roubou carros-fortes nas estradas gaúchas. Teco e seus seguidores foram derrotados pelas novas técnicas de investigação _ das quais o compartilhamento de informações e o cruzamento de dados são os dois pilares fundamentais.


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