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Menino com paralisia cerebral ganha macacão especial para se locomover

Monitora da creche confeccionou um acessório que permite a um aluno com deficiência brincar junto com os colegas, em escola da rede municipal de Esteio

24/07/2014 - 07h02min

Atualizada em: 24/07/2014 - 07h02min


Marcelo Oliveira / Agencia RBS

Preso na cintura da auxiliar de inclusão Sabrina Machado Minhos, 36 anos, o pequeno Lucas Natã da Silva, cinco anos, experimenta a alegria de ter a autonomia necessária para brincar como todas as crianças da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vivendo a Infância, de Esteio.

Vestindo um macacão confeccionado com jeans, uma armação feita de garrafas de detergente e ganchos que o fixam ao corpo de Sabrina, as dificuldades motoras, consequências da paralisia cerebral, ficam para trás. A vibração dele e a boa vontade dela vem ensinando como se conjuga o verbo incluir.

- A minha função é dar comida, trocar a fralda e empurrar a cadeira. Mas o Lucas é tão querido, cativa de uma maneira, que dá vontade de fazer mais. Quero vê-lo feliz e não apenas bem cuidado - explica Sabrina.

Foi aí que a auxiliar, que é costureira e artesã de profissão (e técnica em hidrologia, por formação), começou a fazer experiências. Costurou uma calça forrada, para que ele se apoiasse e um rolinho para deixá-lo mais firme sentadinho.

- Numa reunião, comentei que, se pudesse, tirava minhas pernas para ele poder andar. Ele não tem equilíbrio, não se mantém de pé. Mas pensei que tinha de ter um jeito de segurá-lo. Pesquisei na internet, mas não encontrei nada - lembra.

Outras tentativas foram feitas até que há um mês Sabrina chegou ao modelo do macacão que hoje permite ao menino brincar de roda com os coleguinhas do jardim 1A, jogar bola, andar de balanço e escorregador.

- Quantas habilidades ele desenvolveu depois do macacão que a Sabrina criou! Ele demonstra o desejo de brincar, quer participar e não conseguiríamos de outra forma - comemora uma das professoras da turma, Anacir Gedoz da Silva.

Conforme Sabrina, o macacão foi aprovado pelo Centro Municipal de Educação Inclusiva (Cemei) e pela fisioterapeuta que cuida de Lucas.

- É uma interação humana, ele sente o achego - explica.

Futebol é a brincadeira favorita

Ainda cadeira de rodas, Lucas abre um sorriso largo ao ver a bola de futebol. Mesmo sem palavras, pelo olhar a comunicação que se estabelece entre os dois dá conta de que é hora de vestir o macacão para brincar.

Sabrina ajusta as alças (os ganchos suportam 16kg, e Lucas pesa 15kg), prende a um cinto na cintura, e o rosto do menino já se ilumina por ficar de pé. A auxiliar pega nas mãos dele e logo Lucas dá os primeiros chutes. Ele chega a gargalhar de felicidade.

- Eu sou só a pessoa que o acompanha - observa a auxiliar, que já foi oficineira do projeto Mais Educação no município.

Emoção da mãe

Maurícia Luz, 38 anos, mãe de Lucas, tem certeza de que o acessório está fazendo a diferença na vida do garoto.

- Fiquei emocionada quando vi a alegria do meu filho, por se sentir igual aos coleguinhas (ele inclusive fica na mesma altura das outras crianças). Esse colete é uma bênção! Ele está mais ativo, mais animado. Essa professora é mágica - comemora a mãe.

O caçula entre oito irmãos, Lucas nasceu prematuro. Apenas aos três anos Maurícia soube que ele teve paralisia cerebral. Segundo a mãe, há possibilidade de desenvolvimento da parte motora (ele também faz fisioterapia, fono, entre outros atendimentos). Para isso, Lucas terá de usar um andador adaptado para suas condições, que custa R$ 6,5 mil. Interessados em ajudar podem ligar para 8573-4003.

Quem é o auxiliar de inclusão?

Lucas é um dos 187 alunos da rede municipal com deficiência. Há 47 auxiliares de inclusão na rede. Eles têm como função acompanhar os alunos na higiene, locomoção e alimentação, além de dar apoio pedagógico em sala de aula para os professores.

Para desenvolver a atividade é preciso ter ensino médio completo e, de preferência, ter feito algum curso na área de educação. Os auxiliares participam de formações e reuniões quinzenais.

Esteio também conta com o Centro de Educação Inclusiva (Cemei), onde 113 alunos recebem, semanalmente, atendimentos de fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia e fisioterapia.


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