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Por que a Expointer é um dos pontos altos do calendário do Estado

Referência na América Latina, a feira movimenta a economia, impulsiona os pequenos produtores e situa o "gaúcho de apartamento" na história campeira

29/08/2014 - 19h45min

Atualizada em: 29/08/2014 - 19h45min


Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Expointer movimenta a economia do Estado e resgata a tradição campeira

Vai começar a 37ª edição de um dos principais eventos agropecuários do mundo. Parece exagero?

Não é. A Expointer, Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários, acontece entre os dias 30/8 e 7/9 no Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio com uma missão importante: a de se consolidar cada vez mais como uma das maiores feiras do gênero nas Américas.

Destaque na economia

Segundo os dados oficiais da Expointer, só na última edição, em 2013, a feira recebeu 392 mil visitantes e gerou cerca de R$ 3,3 bilhões em negócios, sendo mais de R$ 16 milhões originados do comércio de animais e R$ 1,5 milhões da Agricultura Familiar. Esse total soma quase um bilhão a mais que o volume movimentado em outra das principais feiras do Brasil, a Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), que recebeu cerca de 150 mil visitantes na última edição, entre abril e maio de 2014.

O Secretário estadual da Agricultura, Claudio Fioreze, credita esses números ao momento de otimismo de um setor beneficiado com boas safras.

- Nos últimos quatro anos, foram três safras recorde e melhoria nos preços. O conjunto de programas de crédito, com altos volumes disponibilizados pelos bancos, e o avanço tecnológico das máquinas agrícolas também foram importantes - afirma o secretário. - Houve uma ação muito agressiva dos agentes do setor de máquinas e equipamentos.

Tudo isso sacode a economia do estado. Muitos setores do comércio e indústrias gaúchas são extremamente ligados ao setor primário, o que faz com que a economia do Rio Grande do Sul tire grande proveito dessa movimentação financeira.

- O retorno para o Estado é da ordem de cinco para um: cada R$ 1 gerado no setor primário se transforma em R$ 5 na cadeia do agronegócio - estima Fioreze.

Nesse vai-e-vem agropecuário do evento, os produtores menores também comercializam pães coloniais, cucas e doces, impulsionando a produção, e os artesãos expõem seus produtos regionais e indígenas na Expoargs, Exposição de Artesanato do Rio Grande do Sul, que reúne artesãos cadastrados do estado. Com esse cadastro, os produtores podem vender o que fabricam com isenção de ICSM, emitindo notas fiscais e contribuindo com a Previdência para garantir uma aposentadoria mais adiante.

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Contudo, a sustentabilidade, uma das bandeiras da Expointer, ainda está em manutenção. Segundo Fioreze, a Secretaria da Agricultura tem essa preocupação e procura uma forma mais efetiva de trazer ações ecológicas para a vida no campo.

- A sustentabilidade é um setor que ainda tem muito a avançar no agronegócio. Somos um dos países que mais consomem agrotóxicos. Temos que virar esse jogo, trabalhar com a substituição gradual de alguns insumos para que tenham menos impacto no meio ambiente e na nossa saúde.

Alguns projetos com essa iniciativa estão engatinhando no Estado, mas, para o secretário, "ainda sem grande impacto na cadeia produtiva".

- É importante começar. Esses projetos passam a ser conhecidos aos poucos, os técnicos começam a ter mais confiança nesse tipo de produção e só então eles passam a ser incorporados. Precisamos de uma "ecologização" gradual das cadeias produtivas.

Resgate ao "gaúcho de apartamento" 

Uma feira agrícola encravada em uma região metropolitana de quatro milhões de habitantes e a apenas 25km de Porto Alegre tem também outro papel, não menos importante, que a coloca como um marco no calendário cultural do Estado.

Durante uma das maiores feiras agropecuárias da América Latina, as tradições gaúchas enraizadas por esses pagos florescem até no coração de quem nunca pisou na terra molhada.

Para o presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, a Expointer trabalha com o foco nas pessoas que dão identidade à sociedade do Rio Grande do Sul e até o "gaúcho de apartamento" sente necessidade de participar.

- O "gaúcho de apartamento" sempre viveu na cidade, mas guarda nas fotografias, nas histórias dos familiares a relação com o campo, na agricultura ou na pecuária. Essa relação está no imaginário, faz parte da nossa identidade cultural. As pessoas buscam na Expointer ou na Semana Farroupilha alguma forma de se identificar com o ambiente - diz ele.

Savaris acredita que, ainda que a feira tenha um ponto de vista bastante comercial, a exaltação do trabalho do homem dos Pampas (seja ele do Rio Grande do Sul, da Argentina ou do Uruguai), baseada na relação do boi e do cavalo, é uma de suas características mais expressivas.

- Tem um cunho comercial, mas a relação é da gênese do gaúcho. Ele nasce, é o que é por conta da lida com o boi feita à cavalo - explica o representante do MTG. - Essa relação é fundamental no processo de formação da identidade regional e inúmeras atividades em uma feira como essa têm vínculo com a história do Rio Grande.

Novidades deste ano

Em 2014, a Expointer fará seu primeiro leilão virtual, o que demonstra que os avanços tecnológicos não se resumem às máquinas agrícolas à venda. Isso traz menos desgaste também ao animal, que não precisa ser transportado até o local da exposição em Esteio: ele só sai da fazenda do vendedor para a do novo dono.

Em prol das selfies na Expointer, outra novidade: os visitantes terão internet wi-fi gratuita no Parque de Exposições Assis Brasil.

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