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Prisão de ex-médico

Vítimas protestam na chegada de Abdelmassih a Congonhas

Ex-médico será encaminhado ao presídio de Tremembé, no interior de SP

20/08/2014 - 18h34min

Atualizada em: 20/08/2014 - 18h34min


EVELSON DE FREITAS / ESTADÃO CONTEÚDO
Ex-médico chegou ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na tarde desta quarta-feira

O ex-médico Roger Abdelmassih chegou ao Aeroporto de Congonhas, vindo do Paraguai, na tarde desta quarta, de onde seguiu para o presídio de Tremembé. Policiais civis reforçaram a segurança no local por causa do grande número de pessoas que aguardavam a transferência do ex-médico. Várias mulheres, que afirmam ter sido vítimas de Abdelmassih, acompanharam a chegada dele e pediram que outras pacientes denunciem os abusos. O ex-médico foi condenado por estupros cometidos contra pacientes. Ele foi preso na última terça-feira, em Assunção, no Paraguai.

De acordo com o delegado da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves, a prisão de Abdelmassih é uma vitória para a polícia e todos os órgãos envolvidos na investigação. Segundo ele, o ex-médico comentou "que está arrependido". Porém, Abdelmassih não detalhou sobre a que ato estava se referindo. Conforme o delegado, o ex-médico disse ainda que vai reverter a situação atual.

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Uma das vítimas, Vanuzia Leite Lopes, contou sequer ter dormido na última noite, após saber da prisão do ex-médico.

- Ele está entrando preso, e eu, saindo livre. Fiquei dois anos sem sair de casa, com pânico desse homem - contou ela a jornalistas.

Em entrevista à TV Brasil, ela falou que foi estuprada pelo ex-médico em 1993.

- Fui a única vítima que teve a prova material [do crime], porque eu acordei logo em seguida. Eu consegui me desvencilhar dele e tive a lucidez de não tomar banho e ir à delegacia - falou.

Para ela, Abdelmassih destruiu vidas.

- Não tenho medo de que ele saia [da prisão]. Ele não vai sair - ressaltou.

Preso ontem (19) no Paraguai, Abdelmassih foi levado para Foz do Iguaçu, no Paraná, depois a São Paulo, onde desembarcou às 15h40min de hoje. Após ser entregue pela Polícia Federal (PF) à polícia paulista, o ex-médico passou por exame de corpo de delito e seguiu em comboio para a Penitenciária de Tremembé, a 145 quilômetros da capital.

Especialista em reprodução humana, Abdelmassih foi preso por agentes da Secretaria Nacional Antidrogas paraguaia e da PF brasileira. Em 2010, ele foi condenado a cumprir 278 anos de prisão por 56 estupros cometidos contra as próprias pacientes, entre 1995 e 2008. Abdelmassih teve o registro profissional cassado em agosto de 2009.

Segundo Ivanilde Srebranic, outra vítima do ex-médico, ter visto Abdelmassih novamente lhe provocou nojo.

- Senti nojo [quando ele passou]. Nojo de vê-lo outra vez - falou.

Ivanilde contou que mulheres vítimas de Abdelmassih fazem parte de uma associação que reuniu diversas provas contra ele, inclusive de outros crimes sobre os quais ele ainda não respondeu.

- Temos provas suficientes para ele ser incriminado por mais crimes. Transações de dinheiro, remessas ilegais e lavagem de dinheiro. Já entregamos tudo isso para o secretário de Segurança - contou ela.

Abdelmassih era um dos dez nomes colocados no Programa de Recompensas, criado pela Secretaria de Segurança Pública em parceria com o Instituto São Paulo Contra a Violência.

O paradeiro de Abdelmassih foi descoberto após investigações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaedo) - Núcleo Bauru, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).

Segundo o MP-SP, as pistas surgiram durante a apuração de novos crimes praticados pelo ex-médico e por terceiros, tais como favorecimento pessoal, falsidade ideológica e falsidade material, em cidades do interior paulista, entre elas, a de Avaré. Durante buscas em uma propriedade rural, foram encontrados indícios de que ele estaria no país vizinho. As informações foram então compartilhadas com a PF.

* Zero Hora com Agência Brasil


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