Eleições 2014



Escândalo da Petrobras

Dilma: "Se eu soubesse que ele era corrupto, o demitiria"

Candidata à reeleição, presidente disse que atos ex-diretor da Petrobras foram surpresa

22/09/2014 - 09h43min

Atualizada em: 22/09/2014 - 09h43min


Sérgio Seiffert / Rede Globo
Ana Paula Araújo, Miriam Leitão e Chico Pinheiro entrevistaram Dilma Rousseff

Na primeira da série de entrevistas com candidatos à Presidência da República realizadas pelo Bom Dia Brasil, da Rede Globo, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) afirmou que não tinha conhecimento dos atos de corrupção envolvendo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa - e que, "se soubesse, o demitiria". A entrevista ocupou dois blocos do programa e foi exibida na manhã desta segunda-feira.

Dilma era titular do Ministério de Minas e Energias à época dos escândalos revelados neste ano. Em resposta aos jornalistas Chico Pinheiro, Miriam Leitão e Ana Paula Araújo a presidente respondeu que escolheu Costa para comandar a estatal não por uma decisão política, mas pelo bom funcionário de carreira que se apresentava.

- Não foi uma decisão política. A descoberta de que ele fez isso foi uma surpresa, porque eu, como quase todos os brasileiros, acredito nos funcionários da Petrobras. Ele era um funcionário de carreira. Se eu soubesse que era corrupto, ele estaria imediatamente demitido. Eu não compactuo com práticas ilícitas. Nunca compactuei na minha vida e jamais o farei - respondeu a candidata.

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Dilma ressaltou que a investigação e a descoberta do escândalo foram realizadas pelo "próprio governo federal", por meio da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público:

- A Polícia Federal hoje tem autonomia, diferentemente de outras épocas. Quem instituiu todos os mecanismos de autonomia na Polícia Federal foi o governo Lula. Antes dele, ela não saía investigando por aí o que lhe passasse pela cabeça. Hoje, se existem indícios, ela pode investigar. Doa a quem doer. Não se varre mais (os casos de corrupção) para debaixo do tapete.

Ao ser questionada sobre as críticas ao programa apresentado pela concorrente Marina Silva, Dilma afirmou que "não está inventando nada" e que tornar o Banco Central independente (como propõe a candidata do PSB) significa "colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes e reduzir o papel dos bancos públicos".

- Quero saber como vão financiar a infraestrutura no Brasil. Hoje, para qualquer obra, temos 30 anos para pagar, cinco anos de carência, além dos subsídios. Os juros do mercado não compadecem com o financiamento. E sem ele, não sai rodovia, ferrovia, porto e aeroporto. Não sai metrô, não sai BRT (Bus Rapid Transit). Pode esquecer, porque não sai (...). Ela (Marina) tem um alinhamento claro, uma posição favorável aos bancos. Eu não tenho. Acho que eles são impostantíssimos, mas sei que o país precisa de infraestrutura e as pessoas de casa própria - disse a presidente.

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A candidata à reeleição afirmou que o Brasil está na defensiva em relação à crise econômica mundial e que o país tem uma das menores dívidas, ainda "que a situação do mundo seja extremamente problemática" e "que faltem mercados". A presidente disse que a Petrobras será um "imenso fator de crescimento para o país":

- Estamos protegendo o emprego, o salário e o investimento para apostar em uma retomada. Na retomada, você muda a política econômica de defensiva para ofensiva. Temos que ver como evolui a coisa. Se ela evoluir bem, precisará de menos estímulos e poderá ficar mais entregue à dinâmica natural da economia. Mas vou manter o estímulo enquanto a crise for grave (...). A Petrobras já se recuperou, bateu todos os recordes de produção e será um imenso fator de crescimento para o país.

Ao rebater as críticas dos jornalistas, que afirmaram que a educação no país passa por um período de crise, Dilma afirmou que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (o Ideb) melhorou bastante nos anos iniciais do Ensino Fundamental e reconheceu que os anos finais e o Ensino Médio não bateram a meta. 

- Nós temos esse diagnóstico, tanto é assim que criamos o Pronatec, (...) voltamos a fazer testes, agora tem Prova Brasil, Provinha Brasil. Tudo é testado. Estamos investindo muito mas do que se investia. 75% dos royalties do petróleo e 70% do Fundo Social do Pré-Sal é destinado para a educação. Com isso, vamos melhorar o Ensino Básico e sobretudo duas coisas: alfabetização na idade certa e ensino integral.

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Dilma ainda ressaltou que o número de estudantes universitários passou de 3 milhões para 7 milhões e que o número de pessoas cursando o ensino técnico chega a 8 milhões - matriculadas em 436 escolas técnicas, institutos federais de educação e de ensino técnico espalhados pelo Brasil.

Nesta terça-feira, será veiculada a entrevista gravada com o candidato do PSDB, Aécio Neves. Na quinta-feira, será a vez de Marina Silva, do PSB, que encerra o ciclo. Na quarta-feira haverá exibição de entrevista com candidato.

Conforme a Globo, a ordem foi definida por sorteio, com a presença de representantes dos partidos, e o critério de seleção são candidatos com pontuação superior a 3% nas pesquisas Datafolha/ IBOPE mais recentes.

* Zero Hora


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