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Vendedores de beira de estrada revelam estratégias para atrair a clientela

De estátua do "guri mijão" à melancia vinda de Goiás, vale tudo para atrair a clientela nas margens das rodovias e grandes avenidas espalhadas pelo Estado.

25/09/2014 - 10h02min

Atualizada em: 25/09/2014 - 10h02min


Tadeu Vilani / Agencia RBS

De estátua do "guri mijão" à melancia vinda de Goiás, vale tudo para atrair a clientela nas margens das rodovias e grandes avenidas espalhadas pelo Estado. Simpatia, qualidade no atendimento e oferta de produtos diferenciados são a base dos vendedores para garantirem a fidelidade dos clientes. Não há dados sobre a quantidade de comerciantes regularizados ou informais que exercem a atividade na beira do asfalto. O Diário Gaúcho percorreu 170km e conta abaixo três histórias de quem passa os dias na beira da estrada à espera de uma nova venda.

"O guri é o mais pedido"

Nem o sapo de gesso no valor de R$ 5 ou a estátua de Jesus Cristo, que pesa mais de 150kg e custa entre R$ 300 e R$ 800, conseguem derrubar a preferência dos clientes pela estátua de um menino na loja dos irmãos Malta e David Morais, de 40 e 43 anos, respectivamente, na localidade de Benfica, em Triunfo.
- Ninguém ganha do guri mijão. Tanto que a gente não dá conta de colocar para vender. O último saiu ontem - revela Malta, aos risos.
Há 12 anos às margens da BR-386, os irmãos conhecem bem a clientela e os dias de maior movimento. No sentido Porto Alegre-Interior, os clientes compram mais aos sábados e domingos. No sentido contrário, as vendas aumentam nas manhãs de segunda-feira.
- É quando eles voltam dos passeios de final de semana. Sempre saem muitos sapos e vaquinhas - conta David.
Na tenda, Jesus Cristo divide espaço com girafas, sapos, personagens da Disney e de outros desenhos animados. O Pica-Pau de quase meio metro de altura é um dos favoritos de quem chega na loja com crianças pela mão. 
- Jesus Cristo é o mais difícil de sair. Mas já vendemos um para um turista argentino. Ele estava numa Doblô e não se importou de levar o maior deles, que pesa 300kg. Quase precisou de um guindaste para colocá-lo dentro do carro - recorda Malta.

Todos querem o Alemão

Independente do horário, a movimentação em frente à banca de José Luiz dos Santos , 31 anos, no início da Estrada do Conde, em Eldorado do Sul, não para. Há 18 anos, a rotina dos motoristas que cruzam a via é a mesma: eles desviam do pedágio da BR-290, no sentido Porto Alegre-Interior, e aproveitam para degustar o famoso caldo de cana do Alemão, como o comerciante é conhecido. Quando começou a atividade, José conta que a estrada ainda era de saibro e os vizinhos, os principais clientes. 
- Hoje, isso mudou. Tenho clientes de todo o Brasil. E já veio até chinês provar do meu caldo de cana - conta, faceiro, José Luiz.
Do começo apenas com um carrinho para espremer a cana, Alemão foi ampliando o negócio, que é regularizado na prefeitura. Hoje, além do trailer, ele oferece mesas e cadeiras para os clientes.
Morador de Canguçu, a 277km de Porto Alegre, o caminhoneiro Luis Carlos Nascimento, 58 anos, passa pela banca do Alemão pelo menos três vezes por mês. Na terça-feira passada, aproveitou para saborear pastel e caldo de cana na companhia dos filhos José Eduardo e Luis Enrique, 16 anos.
- São 500ml de suco para cada um. Faço questão de sair da estrada e dar uma parada. Busco sempre qualidade do produto e bom atendimento. Não importa se tiver uma longa fila, como sempre tem por aqui - comentou, enquanto observava a muvuca na frente da tenda.

Clientes de décadas

No fogão caseiro, o vendedor Luis Ramires, 63 anos, prepara o pinhão que será servido aos clientes como atrativo para a tenda localizada no final da Avenida Assis Brasil, quase na divisa de Cachoeirinha com Porto Alegre. 
- Ter um chamariz atrai a clientela. Sempre deixo um abacaxi descascado para também servi-los. Isso sempre aumenta as vendas - confessa Luis, sem temer entregar o ouro aos vendedores das tendas vizinhas.
Aberto das 8h às 20h, numa área onde não há acostamento, a tenda recebe clientes fiéis há 20 anos, desde a abertura. E eles costumam comprar no horário de pico, quando o trânsito para na região. Nestes horários, surgem até as gestantes com desejo. É para elas, principalmente, que a banca mantém a oferta de melancias, mesmo que a produção da fruta ainda não esteja na época no Estado. 
- Estas vieram de Goiás (mostrando umas melancias menores e em pouca quantidade). Custam mais caro (R$ 10). Mas são, principalmente, para as grávidas. Nestas horas é a mulher quem escolhe. O homem só aceita e compra - constata o vendedor.

Na Capital, informais têm 90 dias liberados

Em Porto Alegre, a Secretaria da Produção, Indústria e Comércio
(Smic) dá uma autorização de até 90 dias para a comercialização de frutas da época, lenha, mudas e galhos de pinheiro. A Fiscalização de Atividades Ambulantes realiza vistorias de rotina em relação a esse tipo de comércio na cidade. Somente neste ano foram apreendidos 756 sacos de lenha, 390 abacaxis, 50 caixas de morangos e 69 sacos de bergamotas. Os interessados devem solicitar autorização , abrindo um processo na Seção de Licenciamento de Atividades Ambulantes  da Smic, que analisará o local e a atividade, e exigirá os documentos previstos pela legislação.
Onde:
Seção de Licenciamento de Atividades Ambulantes Avenida  Osvaldo Aranha, 308 - bairro Bom Fim (ao lado do túnel)
Atendimento (dias e horário): segunda, terça, quinta e sexta-feira, das 9 às 16h
Telefone: (051) 3289 4709
E-mail: ambulantes@smic.prefpoa.com.br/ www.portoalegre.rs.gov.br/smic
 
- Nos demais municípios, procure a secretaria local da Indústria e Comércio.


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