Porto Alegre



Olhe para os lados

Voluntários pintam "alertas" em faixas de segurança de Porto Alegre

Ação do Vida Urgente que reforça atenção do pedestre ao atravessar a rua foi apoiada e pode ser implementada pela EPTC

17/09/2014 - 12h47min

Atualizada em: 17/09/2014 - 12h47min


Bruna Scirea
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Lembretes que reforçam a segurança na travessia foram pintados na noite da terça-feira no bairro Menino Deus

A cada cinco acidentes com morte no trânsito de Porto Alegre neste ano, dois tiveram pedestres como vítimas. Os números se traduzem, por exemplo, na ausência de Fátima dos Santos, 52 anos, atropelada na avenida João Pessoa, no último domingo; revelam-se na perda de Vera Lúcia Mincola, 62 anos, atingida por um carro, em julho, na Avenida Assis Brasil, e se acumulam nas estatísticas da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC): de janeiro até o fim de agosto, foram 800 atropelamentos na Capital. Eles resultaram na morte de 35 pessoas.

Para reverter dados alarmantes como esses, voluntários da Fundação Thiago de Moares Gonzaga, o Vida Urgente, se debruçaram sobre uma faixa de segurança do bairro Menino Deus na noite da última terça-feira. Com tinta branca, pincelaram no asfalto avisos para os pedestres. De um lado da Rua Botafogo, reforçaram a segurança na travessia com um "olhe para a direita". Do outro, foi escrito "olhe para a esquerda". 

- Às vezes, estamos desatentos e acabamos não olhando para os lados, ou para o lado de onde vêm os carros. Essa é uma ação importante nesse sentido. Além de simples, acreditamos que ela salvará muitas vidas - acredita Diza Gonzaga, presidente do Vida Urgente.

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A intervenção na faixa de segurança próxima à sede da fundação foi um teste que deve ser repetido na noite desta quarta-feira em outros cinco pontos da Capital. Na Semana Nacional do Trânsito, que se inicia nesta quinta-feira e tem como tema "Cidade para as pessoas: Proteção e Prioridade ao Pedestre", o objetivo é chamar a atenção da EPTC e de órgãos de trânsito de prefeituras para que a prática possa ser repetida em outras cidades brasileiras.

Se salvar uma única vida, a ação já terá cumprido o seu papel. É como avalia Clóvis Rodrigues que, há cinco anos, perdeu sua única filha. Mariana, 11 anos, desembarcava de um coletivo, na volta da escola, quando foi surpreendida pela gentileza de um motorista que parou para deixá-la atravessar a rua. Foi atingida, no entanto, por outro, que vinha em alta velocidade. A menina morreu quase na porta de casa.

- Eu já tive a infelicidade de perder uma filha por atropelamento. Então tenho certeza de que ações como essa são fundamentais. Quando você caminha na rua, você acaba olhando muito para o chão. As inscrições nas faixas serão vistas e servirão como um reforço, para que se olhe mais uma vez para os lados antes de atravessar. Se conseguirmos com isso salvar uma vida, já terá valido todo o esforço - afirma Clóvis Rodrigues.

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Porto Alegre viu a atitude do Vida Urgente com bons olhos. De acordo a EPTC, a ação é "bem-vinda e será apoiada", pois visa reduzir a acidentalidade com pedestres. A empresa afirmou que vai avaliar a possibilidade de expandir a pintura para faixas de outros pontos da Capital, mas alertou: é necessário a autorização prévia da empresa para implantar qualquer tipo de sinalização na via pública.

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