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PERIGO NO GUAÍBA

Calor faz aumentar o número de afogamentos

Neste ano, 116 pessoas perderam a vida afogadas no Estado. Os dias de calor aumentam o risco de afogamento por conta da euforia de quem é imprudente e opta por refrescar-se em locais proibidos como a orla do Guaíba.

29/10/2014 - 08h05min

Atualizada em: 29/10/2014 - 08h05min


Adriana Franciosi / Agencia RBS

Em 2014, 116 pessoas morreram afogadas em rios, lagos, lagoas, açudes, piscinas e no mar em todo o Estado, conforme levantamento do Corpo de Bombeiros. É como se uma pessoa morresse afogada a cada dois dias e meio no Rio Grande do Sul - só no final de semana passado, foram cinco mortos por afogamento no Estado.

Com os termômetros da Capital superando os 30ºC, as águas do Guaíba parecem convidativas a um mergulho. Mas o banho não é permitido no trecho entre a Usina do Gasômetro e o Museu Iberê Camargo (por isso, nunca haverá salva-vidas no local). Ignorando o alerta das placas que informam os riscos, é comum encontrar quem se aventure a dar umas braçadas. Como a Operação Golfinho ainda não começou, até mesmo locais onde o banho é permitido podem tornar-se perigosos por conta do comportamento dos banhistas. Na Capital, a maioria das vítimas tem idade até 14 anos. A imprudência da gurizada e a falta de vigilância dos pais podem custar a vida nas margens do Guaíba.
Na Capital, o Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros (GBS) contabiliza nove mortos por afogamento em 2014. Os locais das ocorrências vão desde o vão móvel da Ponte do Guaíba, Gasômetro, Lami, ilhas dos Marinheiros e do Pavão, Ipanema, entre outros. 
- Essa é a área nevrálgica para nós. Por isso, dizemos para as pessoas não irem para estes locais onde o banho é proibido. Não é questão de saber nadar, há riscos que independem disso. O afogamento é silencioso e muito rápido - observa o capitão Isandré Antunes.
Por volta das 11h30min de ontem, o estudante Élvis Adalberto Santana de Souza, 33 anos, e o pedreiro Márcio Padilha dos Santos, 36 anos, se refrescavam no Guaíba, entre o mirante e a Anfiteatro Pôr-do-Sol. Bem próximo dali havia uma placa informando que as águas são profundas e o local é impróprio para banho. 
- Está muito calor, a pessoa entra na água, mas não conhece. Já vi várias se afogando aqui. Mas nós conhecemos bem. Tem que ir colocando o pé devagarinho - disse Élvis.
Já Márcio garantiu saber nadar e, por isso, a placa proibitiva não o assustou.


Há quem não se arrisque

Por volta do meio-dia, o carroceiro Diego Willian dos Santos Fortes, 23 anos, parou a carroça à sombra, próximo do Museu Iberê Camargo, para descansar. O sobrinho dele, Vitor Fortes, sete anos, resolveu pescar, tudo sob o olhar vigilante de Diego.
- Não dá para deixar entrar na água. A água está muito suja e dá muito afogamento - disse o tio, atento.
Já o auxiliar de serviços gerais Vinícius Costa, 28 anos, não contrariou as placas de alerta e preferiu o chuveiro para se refrescar.


Placas vandalizadas

As placas de advertência estão dispostas ao longo da orla, da Usina do Gasômetro até o Iberê, mas nem todas que informam o risco estão em boas condições. O Diário flagrou algumas com danos como pichação e mastros entortados.
A Smam informa que realizará, na próxima semana, uma vistoria na área a fim de identificar as placas que precisam de manutenção. Não há previsão de aumento no número de placas. Se for identificada a necessidade, poderá haver a instalação. Já a análise da balneabilidade começa a ser divulgada pela Smam a partir de dezembro em Belém Novo e Lami (onde há guaritas e salva-vidas atuam na Operação Golfinho).


Operação Golfinho

A Operação Golfinho começa no dia 20 dezembro e vai até a primeira semana de março. A concentração do efetivo de bombeiros e policiais militares acontece em mais de 90 balneários do Litoral Norte, Litoral Sul e águas internas do Estado. Haverá reforço no trabalho de salva-vidas, bombeiros e dos policiamentos ostensivo, rodoviário, ambiental, fazendário e aéreo.
No primeiro final de semana de novembro, no entanto, já haverá salva-vidas atuando em guaritas das praias mais movimentadas, como Capão da Canoa, Tramandaí e Torres.

O retrato das ocorrências

- Neste ano, no Estado, entre os locais de maior frequência de afogamentos foram rios, açudes, lagoas e arroios.
- A maioria das vítimas foram homens adultos (71), seguida de adolescentes (37) e crianças (6).
- Em 2013, foram registrados 151 óbitos por afogamento no Estado, sendo 106 adultos. Os locais mais comuns foram rios, açudes, lagoas, arroios e barragens.
Números do Corpo de Bombeiros


Fique alerta

- Não tome banho nas áreas onde há placas de perigo.
- Só entre na água onde há salva-vidas.
- Mergulhe só em regiões que você conhece.
- Nunca nade sozinho.
- Jamais consuma bebidas alcoólicas antes de mergulhar.
- Não nade em profundidades acima da cintura.
- Pais não devem deixar menores nadarem sozinhos.
- Se uma pessoa sumir nas águas, comunique imediatamente os bombeiros pelo 193.

Em caso de desespero
- Não se agite e tente se acalmar.
- Em primeiro lugar, comece a boiar, mantendo a cabeça fora da água.
- Olhe ao redor e tente localizar a margem mais próxima.
- Então, tente nadar até lá, em diagonal, sempre a favor da corrente.


Para ajudar alguém em afogamento
- Acione os Bombeiros pelo fone 193.
- Não entre na água se não for experiente na natação.
- Só se jogue na água se tiver certeza que conseguirá nadar por si e por quem está se afogando.
- Se souber nadar, alcance algo que flutue para a pessoa que está se afogando se agarrar como uma bombona de 20 litros, um pneu ou um balde (de cabeça para baixo).
- Se não souber nadar, tente alcançar algo de fora da água, como uma corda, para a  pessoa segurar e você puxar.

 

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