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Jacaré assusta família em Gravataí

Espécie nativa da região deixou moradores de sítio apreensivos, mas especialistas afirmam que o bicho não oferece perigo.

10/10/2014 - 07h07min

Atualizada em: 10/10/2014 - 07h07min


Luiz Armando Vaz / Agencia RBS

Faz dois meses que as crianças da família Vargas estão proibidas de brincar perto do açude no sítio da vó Nerci, na Costa do Ipiranga, em Gravataí. O motivo do temor dos mais velhos tem aproximadamente 1,5m e uma carcaça verde inconfundível: ninguém na vizinhança sabe como um jacaré apareceu no bairro, mas imagina-se que tenha saído da Área de Proteção Ambiental (Apa) do Banhado Grande, próxima dali. Especialistas afirmam que o jacaré-de-papo-amarelo é nativo da região e não oferece perigo.
Há mais de um ano que uma vizinha comenta que um bicho estava comendo seus patos, cabritos e carneiros. Falava de um jacaré, e a história acabou virando lenda no pequeno bairro da zona rural.

"Ele abre um bocão"

Precavidos, os Vargas mantêm distância do jacaré. Dona Nerci Vargas, de 71 anos, proprietária há 32 anos do sítio onde está o bicho, afirma com certeza que nunca havia aparecido um jacaré no bairro antes. Aldriani Vargas, 43, filho de Nerci, diz que os vizinhos já invadiram o local para tentar matar o jacaré a tiros e colocaram pedaços de madeira encostados às cercas de arame para evitar a aproximação do réptil.
- Todo mundo está preocupado. Nós até mandamos limpar a piscina para ter certeza que o jacaré não está escondido na água turva - diz Aldriani.
Mesmo informada de que o bicho não oferece perigo, Dona Nerci prefere que os netos não brinquem ao redor do açude e proibiu a pescaria das carpas e tilápias. Corajosa, diz que não tem medo, mas pena do jacaré:
- Ele abre um bocão, parece que tá pedindo comida, tadinho.


Animal é procurado há seis meses

Elisandro Oliveira dos Santos, veterinário especialista em animais silvestres da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), duvida que um possível sumiço de outros animais tenha sido causado pelo aparecimento do jacaré.
- Os jacarés-de-papo-amarelo, que é a espécie que temos na região, não atacam pessoas e nenhum outro animal terrestre. Ele ocasionalmente ataca peixes, mas alimenta-se basicamente de caramujos - afirma Elisandro.
A diretora da Fundação Municipal de Meio Ambiente (Famma) de Gravataí, Cláudia Costa, diz que há seis meses a fundação busca pelo jacaré. Acredita que o animal tenha sido retirado por algum pescador da Apa do Banhado Grande.
- Esse bicho pode sim ter caminhado até onde está agora, ou então ter sido carregado por uma ave quando ainda era filhote. Mas o mais provável é que tenha sido levado por alguém ainda pequeno, confundido com um lagarto. Quando cresceu, foi solto fora do lugar adequado - diz Cláudia, que lembra que a caça e captura de animais selvagens é crime ambiental previsto por lei.
A diretora da Famma afirma que já foi feito contato com o zoológico de Sapucaia e com a Sema para que os equipamentos necessários à captura do animal sejam providenciados ao grupamento ambiental da cidade, acostumado a atender casos referentes a animais menores, como cobras e gambás. Elisandro dos Santos, da Sema, diz que a remoção do animal deve ser avaliada e que o jacaré pode ser levado até algum outro açude da região.


Em caso de dúvidas

O Grupamento Ambiental de Gravataí orienta os moradores sobre a presença de animais selvagens. O telefone do plantão é o 9733-1286. 

 

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