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Procissão deve reunir 50 mil motociclistas nas vias da Capital

Passeio em homenagem à Padroeira do Brasil ocorre na manhã de domingo

09/10/2014 - 07h03min

Atualizada em: 09/10/2014 - 07h03min


O evento que mais concentra motocicletas em via pública no Estado ocorre na manhã deste domingo. Cerca de 50 mil veículos em duas rodas devem participar da 40ª Procissão de Motociclistas em Homenagem à Nossa Senhora Aparecida, um passeio pelas ruas da Capital, sempre no 12 de outubro. No final do percurso, que deve demorar cerca de duas horas, os participantes recebem uma bênção ministrada pelo padre Vanderlei Bock, da Paróquia de São Cristóvão, de Canoas.

Desde 2006, o evento é organizado pelo Sindicado dos Motoboys (Sindimoto). No ano passado, foram cerca de 50 mil pessoas a realizar o trajeto, mantido este ano. Ao contrário de anos anteriores, desta vez a procissão não vai arrecadar alimentos e roupas aos carentes.

- A Copa e as eleições acabaram tomando toda a atenção, não conseguimos parceiros. Até carro de som estava difícil de conseguir, pois todos estavam dedicados a políticos - alegou o presidente do Sindimoto, Valter Ferreira.

A concentração de motociclistas começa às 7h, na Avenida Augusto de Carvalho. Às 8h, o grupo parte em direção ao Porto Seco, onde ocorre a bênção a todos os que andam em daus rodas. O percurso será acompanhado por batedores da EPTC.

- O ideal é o cara diminuir a velocidade, ser mais prudente. Mas não custa nada tentar uma ajuda divina - analisa o motoboy Delzio Vilarde, 37 anos, que desde 2011 participa do evento.

Cultivar a fé e encontrar amigos

Às 7h de domingo, pela quinta vez, o motoboy Cristiano Barbosa estará na concentração para a procissão. Além de ser religioso, ele tem outro motivo para participar:

- Claro que a fé é muito importante, mas na procissão a gente também pode encontrar os amigos que não tem tempo de ver no dia a dia, pois está todo mundo ocupado pelas ruas - alega.

Aos 36 anos e com dez de profissão, ele conta que, na primeira vez que participou, sequer tinha habilitação para motos.

- Já fiz a minha há algum tempo, foi só no começo. De qualquer forma, mesmo naquela época, não fui lá para fazer bagunça. A bêncão, para quem tem fé, é sempre muito positiva. A gente sai de lá melhor do que chegou - afirma.

Ele lembra que o padre, no meio da missa, passa mensagens de paz no trânsito:

- Na hora em que o padre vai começar a bênção, corre aquele monte de gente lá na frente. É bonito de ver. Aconselho todos a participarem, é bem legal.

Holandês visionário criou o evento

A procissão foi criada, ainda nos anos 1970, pelo padre João Peters, holandês que adotou o Brasil - nascido em 1932, ele veio para o Rio Grande do Sul em 1964. Em 1975, descontente com o preconceito que motociclistas já sofriam naquela época, o pároco resolver organizar um passeio para os fieis em duas rodas poderem homenagear a Padroeira do Brasil. Enfrentou resistência dentro da própria igreja católica, pois nem todos viam com bons olhos os que andavam em duas rodas. Na primeira edição, o evento reuniu 65 pessoas - contanto o padre, que puxava a fila a bordo de uma scooter.

A explosão do mercado de motos, que começou nos anos 70, fez a procissão crescer. Em 2005, já com um problema na perna direita que o fazia mancar, padre Peters fez questão de pegar uma moto emprestada e como sempre, comandar pessoalmente o evento, que reuniu cerca de 25 mil pessoas. Ele morreu em 17 de junho do ano seguinte, depois de 12 dias no hospital devido a problemas cardíacos. Desde então, todos os anos, ele é lembrado nas procissões.

- O padre deixou uma mensagem de paz no trânsito e de amor ao próximo. Merece todas as homenagens - disse Valter.


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