Premiado em SP
Robô desenvolvido por alunos do Julinho fica em segundo lugar na Olimpíada Brasileira de Robótica
Os quatro estudantes contam como foi participar da competição, realizada na USP
A movimentação nos corredores do Colégio Estadual Júlio de Castilhos não distraiu quatro alunos que realizavam testes em um pequeno robô. Montado com peças de Lego, sensores e materiais reutilizados, o equipamento parece um brinquedo, mas levou Kamila, Leonardo, Monique, 15 anos, e Fabrício, 16, a conquistar o vice-campeonato na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR).
Realizada na semana passada na Universidade de São Paulo (USP), a competição deu à turma, além do prêmio, a chance de representar o país ao lado de outras equipes brasileiras na RoboCup Junior Mundial 2015, campeonato que será disputado na China em junho do próximo ano.
- Foi muito especial tirar o segundo lugar porque nos dedicamos muito para construir o robô. Os demais concorrentes eram muito melhores esteticamente, com estruturas muito melhores, mas o nosso ganhava na questão da programação - orgulhou-se Fabrício.
O desafio da Olimpíada, que contou com mais de 80 equipes de alunos dos ensinos Fundamental, Médio e Técnico de escolas públicas e privadas de todo o país, era criar um robô que conseguisse percorrer um determinado trajeto, desviar de barreiras, resgatar uma vítima (representada por uma lata) e levá-la a um local seguro. Para tal, os concorrentes tiveram de desenvolver equipamentos com sensores e programar a movimentação dos robôs por meio de códigos inseridos no computador. As equipes foram divididas em dois níveis: os do Ensino Fundamental, no nível 1, e os do Médio e Técnico, no nível 2. Leonardo e Fabrício, que já colecionam prêmios de robótica desde os 12 anos, competiam pela primeira vez ao lado das meninas na categoria dos "mais velhos". A equipe, chamada Julianos Robots, não acreditava que ganharia o prêmio.
- Foi uma surpresa muito boa. Nosso robô foi o mais rápido de todos, só tivemos um pequeno erro de programação, que nos deixou em segundo lugar. Mas seguimos estudando para aprimorar cada vez mais - contou Monique.
Desde março deste ano, quando montaram a equipe, os quatro estudantes do primeiro ano do Ensino Médio se reúnem pelo menos três vezes por semana na escola para estudar robótica como uma atividade extraclasse. Com a ajuda de professores, estão colecionando, além dos prêmios, conhecimentos que aplicam, também, em sala de aula.
- Temos de estudar matemática, fazer cálculos e entender sobre a linguagem de programação (de computadores). Isso acaba facilitando também o aprendizado nas matérias da escola, como, por exemplo, física. Temos de quebrar muito a cabeça, mas vale a pena - explica Leonardo.
E a energia deles não é só dedicada a aprender. Com uma forte consciência social, os jovens pretendem, a partir do ano que vem, abrir um projeto na escola para ensinar e incentivar os estudantes mais jovens a ingressar no mundo da robótica.
- Valorizamos muito as oportunidades que estamos ganhando. Se não fosse a robótica, acredito que nenhum de nós teria condições de viajar para o Exterior. Por isso, achamos importante levar o conhecimento para os demais. Além disso, aprendemos muito sobre trabalhar em grupo - resume Fabrício.
Enquanto esperam ansiosos a viagem para a China, os estudantes já se programam para participar de outros concursos de robótica que ocorrem ainda neste ano no Estado.
A equipe Julianos Robots não foi a única a levar o Rio Grande do Sul ao pódio do evento de robótica que ocorreu semana passada em São Paulo. Além da Olimpíada Brasileira de Robótica, outros dois campeonatos que ocorreram simultaneamente, a Competição Brasileira de Robótica (CBR) e a Competição Latino-americana de Robótica (LARC), levaram dois alunos da Escola Municipal Governador Ildo Meneguetti, de Porto Alegre, a conquistar o segundo lugar na categoria RoboCupJr Dance Primary. Na categoria RoboCup Small Size League (F180), uma equipe da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) também levou o segundo lugar.