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SAÚDE

Tire suas dúvidas sobre o Ebola

Doença que já vitimou mais de 4,5 mil pessoas é motivo de preocupação. Especialista esclarece dúvidas da população.

21/10/2014 - 08h05min

Atualizada em: 21/10/2014 - 08h05min


Relatórios sobre a mortalidade por ebola nos últimos meses - mais de 4,5 mil pessoas perderam a vida na Libéria, Guiné e Serra Leoa pela febre hemorrágica - colocaram o mundo em alerta.
No Brasil, nenhum caso foi registrado (houve apenas duas suspeitas, que foram descartadas), mas a doença tem motivado treinamentos das autoridades de saúde a fim de garantir o preparo necessário para ações e, ao mesmo tempo, gerado questionamentos à população.
A melhor arma contra o ebola, neste momento, é a informação. Por isso, o Diário Gaúcho foi às ruas ouvir as dúvidas da população. Quem traz os esclarecimentos é o coordenador-geral da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, Anderson Araújo de Lima.

 

Tire suas dúvidas

- O Brasil (e Porto Alegre) está preparado para atender os pacientes em caso de contaminação? Rodrigo de Oliveira Pedroso, 34 anos, carpinteiro
Anderson Lima -
A mobilização em Porto Alegre acompanha a mobilização no país. O Ministério da Saúde vem realizando videoconferências para preparar os profissionais para o atendimento a pacientes provenientes de países nos quais há epidemia (como Guiné, Libéria e Serra Leoa) nos últimos 21 dias - quem veio de alguns desses locais há mais tempo que isso não oferece risco. Atualmente, estão recebendo treinamento os profissionais que atendem na entrada das emergências e equipes de vigilância em saúde. Também está sendo distribuído material informativo para os profissionais de saúde. O hospital de referência para possíveis casos no Estado é o Conceição.


- Se o vírus vier para cá, como podemos identificar os sintomas da doença? Elaine D'Ávila, 56 anos, chefe de cozinha
Anderson -
Os sintomas incluem início súbito de febre (mais de 38ºC), fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta são os sinais e sintomas típicos. Isto é seguido por vômitos, diarreia, disfunção hepática, pintas vermelhas na pele, insuficiência renal e, em alguns casos, hemorragia tanto interna como externa. Quem não veio dos países onde há epidemia nos últimos 21 dias não é considerado como suspeita da doença.

- Como podemos evitar a contaminação? Marli Rodrigues, 57 anos, cuidadora de idosos
Anderson -
Nos países onde existe transmissão do Ebola (não é o caso do Brasil), a melhor maneira de se prevenir é evitar contato com o sangue ou secreções de animais ou pessoas doentes, ou com o corpo de pessoas falecidas em decorrência dessa doença. O vírus Ebola não é transmitido pelo ar.


- De que maneira ocorre o contágio? E qual é o tratamento que o doente recebe? Priscila dos Santos Nascimento, 25 anos, dona de casa
Anderson -
Os pacientes tornam-se contagiosos apenas quando começam a apresentar os sintomas (pode ocorrer de dois a 21 dias). Não são contagiosos durante o período de incubação. A infecção ocorre por contato direto com o sangue ou outros fluidos (fezes, urina, saliva, suor, sêmen) de pessoas infectadas. Também pode ocorrer se a pele ou membranas mucosas de uma pessoa saudável entrarem em contato com objetos contaminados com fluidos infecciosos de um paciente com Ebola, como roupa suja, roupa de cama ou agulhas usadas. Cerimônias fúnebres nas quais haja contato direto com o corpo do falecido (como é comum em comunidades rurais de alguns países africanos), também podem transmitir o Ebola. Não há vacina. São tratados os sintomas e acompanhada a evolução.


- Existe algum exame que podemos fazer para descobrir se estamos com o vírus? É possível pegar o vírus no ônibus ou em lugares fechados? Edvar Pereira Remião, 77 anos, aposentado
Anderson -
São realizados exames de laboratório que indicam a possibilidade de o paciente estar infectado. Incluem baixa de glóbulos brancos e de plaquetas e aumento das enzimas hepáticas. O teste definitivo para diagnosticar o Ebola é chamado PCR. No Brasil, o Instituto Evandro Chagas, em Belém (PA), é o único habilitado para receber as amostras de sangue dos pacientes e inativar o vírus.
O vírus Ebola não é transmitido pelo ar (como a gripe, por exemplo). Qualquer superfície que for tocada por algum paciente com sintomas (que veio nos últimos 21 dias dos países onde há epidemia) poderá ficar contaminada.


- Compartilhar os talheres com pessoa contaminada, ou tocar no mesmo objeto, coloca a pessoa em risco? Ajuda usar álcool gel? Depois de quanto tempo de contaminação o doente começa a transmitir a doença? Olmir Barcellos, 21 anos, negociador
Anderson -
Não deve haver o compartilhamento de talheres com quem veio nos últimos 21 dias da região onde há a epidemia e apresenta sintomas da doença porque há risco de contaminação. Da mesma forma, não deve ter contato com superfície tocada pelo paciente com sintomas.  Todas as medidas de higiene são importantes (entre elas o uso de álcool gel), bem como a manutenção de boas condições de saúde.
O período em que a pessoa infectada pode transmitir só inicia após o surgimento dos sintomas (de dois a 21 dias). Durante o período de incubação, a pessoa não transmite o Ebola.


Saiba mais

- O que é? é uma febre hemorrágica transmitida por um vírus altamente infeccioso, com taxas de mortalidade que variam entre 25% e 90%, dependendo da sua origem.
- Onde surgiu? em 1976, o vírus foi detectado pela primeira vez em surtos simultâneos no Sudão e na República Democrática do Congo, em uma região situada próximo ao Rio Ebola, que dá nome à doença. Logo que surgiu, o vírus foi diagnosticado em 318 pessoas no Zaire _ atualmente República Democrática do Congo _ e em 284 pessoas no Sudão. Na época, destes 602 casos, 436 morreram.
- Como pode ser contraído? os hospedeiros naturais do Ebola são os morcegos que se alimentam de frutas, mas o vírus pode ser contraído de humanos e animais _ chimpanzés, gorilas e antílopes. A doença é transmitida por meio do contato com sangue, secreções, fezes e urina. Ou seja, ela não é transmitido pelo ar, como a gripe. A transmissão só ocorre quando já se apresentam os sintomas da doença. Nos primeiros 21 dias de contaminação, ele não é transmissível.

 

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