Região Metropolitana
"Caminhonete arrastou corpo por cerca de 20 metros", diz filho de homem atropelado em Gravataí
Rodrigo Caríssimi Dutra estava com o pai quando aconteceu o acidente
O marceneiro Waltuir José Dutra, 50 anos, estava a caminho de casa, na companhia do mais velho dos três filhos, quando foi atropelado e morreu na madrugada deste domingo, em Gravataí. O primogênito Rodrigo Caríssimi Dutra, 30 anos, viu quando o pai foi atingido por uma Mitsubishi L200 preta, por volta da 0h30min.
- Ele atravessou (a rua) um pouco antes que eu. Foi tudo muito rápido. A caminhonete atingiu ele e arrastou o corpo por mais uns 20 metros. Depois foi embora, sem ajudar em nada - conta o pintor, que correu atrás do carro para tentar pará-lo, mas não conseguiu alcançá-lo.
Waltuir foi levado com vida ao hospital, mas morreu pouco depois das 3h. O filho da vítima afirma que a caminhonete estava em alta velocidade:
- A caminhonete veio a milhão, acho que a mais de 100 km/h, sendo que ali o limite é 40 (km/h). Isso é inaceitavel.
A velocidade do carro não foi confirmada pela polícia, que aguarda resultado da perícia para entender a dinâmica do acidente. O que a investigação já apontou é que a caminhonete estava envolvida na gincana do município, que foi cancelada após a morte. A família Dutra sequer sabia que havia uma gincana na cidade.
- A gente só ficou sabendo depois do acidente. No posto, comentaram que tinham muitos carros passando em alta velocidade - comentou o único irmão de Waltuir, Moacir Dutra, 51 anos.
Conheça a cultura das gincanas, que engaja milhares de pessoas no RS
Ainda segundo ele, o irmão, que era divorciado, tinha dois filhos e três netas, costumava passar muitas noites na casa do filho.
- Ele morava sozinho, mas estava sempre por lá. Nessa noite, ele tentou fazer o carro pegar, mas estava muito tempo parado e ficou sem bateria, por isso ele foi a pé pra casa - conta Moacir.
Rodrigo iria acompanhá-lo em parte do trajeto, que dura cerca de 50 minutos a pé. O atropelamento aconteceu quando pai e filho tinham andado menos de 10 minutos.
- Queria que meu pai estivesse aqui e vivo, mas já que não é possivel, quero Justiça. Esse cara não pode atropelar alguém, fugir e ficar por isso mesmo - finaliza o filho.
No início da noite deste domingo a Retalho, equipe que recebia ajuda do motorista que atropelou Waltuir, divulgou uma nota em que manifesta repúdio pela omissão de socorro. Além disso, a equipe diz que vai repensar a "participação em eventos até que as tarefas que exigem trânsito de veículos sejam elaboradas com prazos adequados e responsáveis".
Leia a nota na íntegra:
A EquiRetalho lamenta profundamente a morte de Waltuir José Dutra, que morreu em decorrência de um atropelamento na madrugada deste domingo, em Gravataí, e presta condolências e solidariedade à família da vítima. A equipe apoiou a decisão da organizadora da VI Gincataí em cancelar a gincana após o ocorrido.
Em 21 anos de história, a EquiRetalho procura passar aos seus integrantes valores que considera essenciais para o espírito gincaneiro, como cooperação, união e trabalho em equipe. Por isso, repudiamos a omissão de socorro que foi constatada no caso.
Estamos à disposição das autoridades competentes para auxiliar com informações para a investigação do fato. Também reafirmamos o compromisso com a manutenção de uma gincana saudável. Portanto, a EquiRetalho repensa e reflete a participação em eventos até que as tarefas que exigem trânsito de veículos sejam elaboradas com prazos adequados e responsáveis.
A EquiRetalho reitera o luto e o pesar pela morte da vítima. Além disso, reafirma o compromisso com integrantes, patrocinadores, organizadores e demais gincaneiros de colaborar com sugestões para que acidentes como este não voltem a acontecer.