Depois da tempestade
Nem hospital consegue atendimento telefônico com CEEE
Cerca de 35 mil clientes da empresa estão sem luz, e muitos se queixam da falta de informações
Fazer contato telefônico com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) tornou-se tarefa hercúlea mesmo para hospitais. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre emitiu nota se queixando da dificuldade em obter informações sobre previsão de reestabelecimento de energia.
O estabelecimento ficou sem luz das 15h30min às 19h35min deste domingo. "Durante todo este período, o hospital não conseguiu nenhum contato com a CEEE, apesar das inúmeras tentativas", informou o HCPA.
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De acordo com o chefe de engenharia e manutenção do HCPA, Jorge Giora, nem toda a instituição tem alimentação elétrica por gerador e, embora os serviços essenciais tenham sistema de nobreak (que mantém a energia por um determinado período), o tempo de utilização do equipamento chegou perto do limite.
- A CEEE não atendia as chamadas, nem no 0800, nem em outros telefones. Fui até a sede da CEEE, mas na portaria inviabilizaram qualquer contato e não me deixaram falar com ninguém. Depois, na insistência conseguimos contato por telefone e nos garantiram que a luz voltaria em 15 minutos, mas levou 45 - relata Giora.
Com a interrupção prolongada da energia, foi necessário transferir uma grande quantidade de materiais e amostras que estavam armazenadas em freezers do laboratório de pesquisa, mas nada foi perdido. O processamento de exames para pacientes graves de UTI, que levam poucos minutos, teve o tempo de conclusão elevado para mais de meia hora.
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Conforme a assessoria de imprensa da CEEE, "em situações como essa, é impossível dar retorno sobre previsão de volta da luz para cada cliente", e o contato padrão é por SMS. Ao receber o protocolo de atendimento como resposta, o usuário pode estar certo de que sua reclamação foi registrada, completa a companhia.
Alguns clientes consideram o silêncio da companhia tão grave quanto a falta de luz. Morador da Vila Conceição, o engenheiro aposentado Ernesto Oderich Sobrinho reclama que a falta de informação o impede de decidir se permanece em casa aguardando o retorno da luz ou se refugia na casa de familiares. Diz ter tentado inúmeros contatos com a CEEE desde sábado à noite, quando ficou sem luz.
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- Eu ia viajar pra praia nesta semana, mas não vou deixar a minha casa às escuras sabe-se lá até quanto - reclama.
Diz Ernesto que a geladeira já desgelou, e toda ceia de natal que estava congelada está perecendo. Alguns vizinhos se organizam para alugar um gerador, mas nem essa decisão é fácil de tomar sem saber por quanto tempo ficarão sem luz.
Conforme a CEEE, a maior parte dos casos será solucionada até segunda-feira às 12h. A empresa garante que se preparou para a tempestade, colocando 400 profissionais de prontidão (a assessoria de imprensa não soube informar qual o contingente padrão). O número de usuários sem o serviço chegava a 35 mil pessoas na Região Metropolitana às 17h16min de domingo.