Porto Alegre



Violência na Capital

Profissionais, ladrões conhecem detalhes do sistema das empresas

Levantamento mostra que o ônibus mais perigosa de Porto Alegre é a T4

08/12/2014 - 04h03min

Atualizada em: 08/12/2014 - 04h03min


Marcelo Oliveira / Agencia RBS

Um levantamento feito por ZH sobre a criminalidade nos ônibus de Porto Alegre mostrou que a linha mais perigosa chama-se Transversal Quatro, mais conhecida como T4. De janeiro de 2013 a outubro deste ano, a rota foi alvo de 78 assaltos. Nesse mesmo período, o total de todos os ônibus da Capital foi de 1.103 assaltos, uma média de 4,6 assaltos por linha- muito abaixo da marca do T4.

No trajeto Norte-Sul percorrido por Zero Hora, o motorista era outro: Marcelo Rodrigues. Trabalha como motorista há 10 anos, os últimos dois no T4 - quando sofreu o primeiro assalto. Desde então foram quatro - três em 2013 e um em janeiro deste ano.

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Rodrigues diz que tem ladrões que entendem o sistema e agem com profissionalismo:

- Teve um que chegou a pedir o BAD!

O BAD é sigla para Boletim de Acompanhamento Diário _ um papel azul que registra o fluxo de passageiros por viagem. A partir do documento, é possível saber se há muito ou pouco dinheiro no caixa do ônibus.

Por motivo de segurança, ao final de cada volta, o dinheiro é colocado no cofre, que fica ao lado do cobrador.

- Mas sempre tem que ter alguma coisa para o troco - explica Everton Pires, o cobrador desta viagem.

Mesmo assim circulam histórias de furtos: cofres levados depois de serem arrancados a machadadas e um outro levado depois que os bandidos o amarram na ponta de um cabo de aço e outra em uma árvore e mandaram o motorista acelerar.

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Rodrigues e o taxista Milton Motta, 75 anos, que usa a linha todos os dia para ir para a zona sul, concordam que a violência na linha diminuiu com o trabalho da BM. Eles temem o período do final de ano por causa dos indultos de Natal e Ano Novo, que permitem que muitos presos comemorem as datas fora da prisão.

Em tese, o ciclo da violência se encerra com as operações da Brigada. Mas, muitas vezes, os cobradores e motoristas são intimados a depor no julgamento dos criminosos. É outro problema: como são profissionais que têm rota e escala fixa, eles se podem ser encontrados para o caso de uma vingança. Por esse motivo, o motorista Marcelo Rodrigues pediu para não ter o último sobrenome divulgado. Já Pires vai testemunhar no dia 18 de dezembro.

- A Carris e a BM fizeram um esforço conjunto para prender os caras que vinham nos assaltando - diz.

Ele não teme uma possível vingança. Conta que reconheceu um deles por foto na delegacia e que vai falar apenas com o advogado no dia do julgamento. O cobrador da linha Transversal Quatro encara a participação no processo como um dever e a prisão do homem que o assaltou como algum tipo de resposta:

- Senão, é muito fácil cometer crimes.

Veja o ranking de assaltos por linha de ônibus:


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