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Longe do topo

Três em cada dez escolas privadas gaúchas têm mau desempenho no Enem

Média dos alunos nas disciplinas objetivas não atingiu os 550 pontos, número médio dos cinco níveis de proficiência estabelecidos para o exame

23/12/2014 - 20h19min

Atualizada em: 23/12/2014 - 20h19min


Bruna Vargas - de Tramandaí
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Bruno Alencastro / Agencia RBS

Quase um terço das escolas particulares gaúchas tem desempenho insatisfatório quando o assunto é preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo dados divulgados na segunda-feira pelo Ministério da Educação, em 84 das 287 instituições da rede privada, a média dos alunos nas disciplinas objetivas não atingiu os 550 pontos, número médio dos cinco níveis de proficiência estabelecidos para o exame.

O resultado também não é dos mais animadores quando se compara o desempenho da avaliação anterior. Na lista divulgada em 2013, as instituições privadas no segundo nível representavam 17,8%. Só entram na lista as intituições privadas em que, pelo menos, 50% dos alunos prestam o exame.

Em nenhum dos dois anos uma escola gaúcha atingiu o quarto nível, 650 pontos. O quinto nível, que exige pelo menos 750 pontos, é sonho ainda mais distante.

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O que numericamente expressa um avanço das falhas no ensino pago, no entanto, é avaliado com cautela pelas autoridades do setor. Para o presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), Bruno Eizerik, o ranqueamento não contempla o ensino em sua complexidade, gerando resultados podem não expressar as reais qualificações das escolas:

- Solicitamos uma série de estudos sobre esses dados. O Enem é um indicador, é uma das coisas que a escola pode levar em conta. Temos escolas que podem não considerá-lo um fator importante para o ensino que querem dar - defende.

Apesar do pífio desempenho das particulares gaúchas, o topo do ranking do exame ainda é dominado pelas pagas. Das 157 instituições que atingiram o quarto nível - nenhuma escola brasileira, pública ou privada, atingiu 750 pontos -, mais de 90% são privadas. O bloco contempla representantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Espírito Santo, Ceará, Pernambuco e Sergipe.

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Ao mesmo tempo que o fraco desempenho do ensino privado no Rio Grande do Sul preocupa, não surpreende quem paga a conta. Presidente da Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul (Federapars), Ibanor Mollmann acredita que a queda na qualidade do ensino também está relacionada a uma mudança na relação dos pais com as escolas.

- Hoje chama a atenção como os pais buscam segurança (no ensino privado). O aspecto da aprendizagem, que seria a missão da escola, não é o foco. Depois, colocam os filhos em cursinhos (pré-vestibulares) - avalia.

Na percepção do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), o resultado apenas "reflete a realidade" das condições enfrentadas pelos docentes. Segundo o diretor Marcos Fuhr, questões como sobrecarga de trabalho e desvio de funções são problemas comuns nas instituições privadas e prejudicam o desempenho dos professores.

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- Há uma enorme resistência das escolas em atenderem às reivindicações dos professores. Eles precisam ter tempo e condições para serem qualificados. Precisam estímulo para isso - disse o dirigente.

Os diversos fatores abordados pelas entidades para tentar explicar o mau posicionamento das particulares gaúchas no Enem fazem sentido, mas têm pesos diferentes, segundo a avaliação de Elizabeth Krahe, doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O foco dos pais que colocam filhos em escolas privadas, acredita, ainda é a qualidade de modo geral. Já a vida dos professores pode não estar das melhores, mas, nas boas escolas, sua qualificação contínua está entre as prioridades. A questão central, para Elizabeth, pode estar na maneira como as instituições encaram o exame.

- O Enem está ganhando cada vez mais força e vai ganhar ainda mais, pois há uma pressão grande do governo federal. Será a prova universal brasileira de final de nível médio e está sendo usado como parâmetro de rankear escolas. Elas terão de se curvar. Ou terão de assumir que rankeamento não interessa aguentar as consequências.

*ZERO HORA


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