Verão
Um guia de boas maneiras para a convivência em casa cheia na praia
Dividir despesas e tarefas é o ponto de partida para conviver em harmonia
Dividir o mesmo teto com uma pessoa já não é tarefa das mais simples. Imagine, então, uma casa com mais de dez pessoas, areia e calor. Na morada da confeiteira aposentada Beatriz Dorneles, 63 anos, em Cidreira, no Litoral Norte, esta rotina ocorre há 26 anos, desde que ela e o marido, o contador aposentado Omar Dorneles, 66 anos, compraram uma com quatro quartos, dois banheiros, cozinha e sala de estar na Avenida Central.
Na parede e numa das geladeiras estão indicadas as regras de convivência da morada da Vó Bia, como ela é conhecida. E elas valem para todos: filhos, netos, sobrinhos e agregados. A temporada começa logo após o Natal, com o corte da grama feito em parceria com os primeiros que chegam, e só termina no início de março, quando os últimos visitantes são os responsáveis por aprontarem tudo para o próximo Verão.
- Aqui sempre tem festa. Silêncio só quando eu morrer _ garante Bia, a mais animada da turma.
Neste final de semana, a aposentada aguarda a presença de 14 pessoas na morada, incluindo o marido, uma das filhas, um irmão e mais alguns sobrinhos que chegarão da Região Metropolitana. Na quinta-feira passada, oito pessoas já dividiam os aposentos. Cada um no seu canto, como costuma enfatizar a matriarca da turma.
Vó Bia, o marido e um irmão dividem um quarto com um frigobar e duas tevês, uma delas tem cinco polegadas e é a favorita dela. No quarto ao lado ficam a professora Camile Dorneles, 36 anos, e Manuela Sperling, 15 anos, filha e sobrinha dos proprietários, respectivamente. Mais à frente, o genro do casal e os dois filhos. No último quarto hospedam-se o sobrinho e afilhado do casal, o técnico em elétrica Cristiano Mendes, 40 anos, e a mulher dele, Ana Cláudia Sperling, 41 anos, pais de Manuela. Quem chegar depois pegará os espaços que estiverem sobrando.
- Todos se divertem. Uma casa só com a nossa família não seria tão divertida quanto uma com mais parentes reunidos. À noite, sempre improvisamos um jogo. E todos os dias têm algo novo a ser feito - comenta Manuela.
Divisão das tarefas
Na hora das tarefas, tudo é dividido. E sob o comando da matriarca mão-de-ferro. Fila para lavar os pratos, produção de um bolo de limão em grupo e roda de chimarrão no início da manhã e no final da tarde. Os homens ficam com as tarefas mais pesadas, como capinar o pátio, arrastar móveis velhos e preparar a churrasqueira improvisada com restos de uma geladeira encontrada num terreno baldo próximo. Até para comer, a decisão do cardápio passa pela aprovação e o bolso de todos os envolvidos.
- Numa destas noites decidimos comer uma ala-minuta e um chuletão. Custou R$ 10 para cada bolso. Quem tem boca, entra na roda. Eu não pago porque estou liberando a casa - conta, aos risos, Vó Bia.
Como cada um gosta de uma determinada marca de cerveja. Camile utiliza o próprio quarto para estocar as latinhas que beberá ao longo do verão. No frigobar, as mais geladas acabam sendo compartilhadas com o restante da casa.
- Isso aqui (mostrando os três fardos escondidos) é só para os próximos dias - revela Camile.
Estrutura
Para contentar todos os visitantes, a morada de Vó Bia tem duas geladeiras, dois frigobares, cinco televisores, um fogão, um fogareiro, uma chapa de fazer hambúrgueres e dezenas de cadeiras - de bar às clássicas de praia.
E quando vem as "surpresinhas", como Vó Bia chama os visitantes inesperados?
- Vão para a sala ou para a rua. Colchões não faltam - responde, com mais gargalhadas.
Dicas da boa convivência
Retirar todos os lixos.
Puxar descarga dos banheiros.
Não deixar louça na pia (lavar, secar e guardar).
Todos os colchões devem ficar em cima da cama e em pé.
Não deixar roupas sujas.
Varrer toda a casa para evitar visitantes indesejados (ratos, baratas e formigas).