A poucos dias do início do ano letivo na rede estadual, pais de alunos de duas escolas da Região Metropolitana estão apreensivos quanto aos espaços nos quais os filhos vão estudar. No final do mês de dezembro passado, um vendaval danificou o telhado da Escola Estadual Bairro do Parque, no Bairro Novo Esteio, em Esteio. O mesmo ocorreu com um pavilhão da Escola Estadual Canadá, em Viamão. Enquanto as obras emergenciais de reconstrução não começam, haverá alterações nesta volta às aulas nas duas instituições.
Na Escola Bairro do Parque, as mudanças serão drásticas. A 27ª Coordenadoria Regional da Educação (Cre) vai alugar um prédio para acomodar os cerca de 400 alunos dos ensinos fundamental e médio politécnico. O prédio ficou destelhado depois do vendaval e, por conta disso, chuvas que ocorreram posteriormente pioraram o quadro, danificando também a parte elétrica do imóvel.

- Eu estou preocupado porque gosto bastante de estudar - revela Christian Eduardo Pinheiro Pires, dez anos, do sexto ano, com o material escolar prontinho para o retorno.

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Computadores e livros perdidos

A mãe dele, a promotora de merchandising Mari Terezinha Pinheiro, 40 anos, compartilha a apreensão. Segundo ela, uma das possibilidades seria a utilização de espaços no Parque de Exposições Assis Brasil, que fica no mesmo bairro.

- Não tem cabimento terem aula em um galpão, não teriam qualidade. E ficar na escola enquanto fizerem a obra, não teriam segurança - opina a mãe.

Conforme a vice-diretora do turno da manhã, Bárbara Mombach, na chuvarada foram perdidos 15 computadores novos, o acervo da biblioteca, além de outros itens da sala de audiovisual. A cada chuva, mesmo com a colocação de lonas, outras partes da escola são prejudicadas. Há cheiro de mofo inclusive no refeitório.

- Quanto mais tempo demorar para fazerem a obra, maior será a reforma. Precisamos que nos deem um norte - questiona Mari.

Restrições no turno integral

Foto: Carlos Macedo/Agência RBS

De acordo com a diretora da Escola Canadá, Patrícia Ribeiro de Oliveira, por conta do destelhamento do prédio principal - que causou também a perda de materiais didáticos - as aulas dos alunos do primeiro ao quinto ano ocorrerão na modalidade regular (em apenas um turno). A escola oferece turno integral do primeiro ao nono ano desde 2009, mas apenas os alunos do sexto ao nono serão atendidos das 8h às 17h. Como o prédio passará por uma obra, as salas nas quais eram realizadas as atividades em turno inverso serão usadas para as aulas. A expectativa da direção é de que a obra dure dois meses. Só depois disso o turno integral poderá ser retomado.

- As aulas vão começar normalmente para todos os alunos (são 420 no total). Eles ficarão prejudicados em nada - afirma Patrícia citando que não houve desistências até o momento.

Segundo a diretora, engenheiros da Secretaria de Obras estiveram no local e garantem que não há perigo de desabamento do prédio danificado. A área será isolada assim que a obra começar.

- É uma escola muito boa, mas a gente precisa do turno integral. Já fui procurar outra escola para ele - comentou a técnica de enfermagem Michele Goulart, 30 anos, mãe do aluno do quarto ano, Lucas Goulart, nove anos.

Michele teme pela segurança dos estudantes no período em que a obra será realizada. Na semana passada, ainda havia cacos de telha pelo pátio.

- Eu gosto dos meus colegas, dos professores. Jogava vôlei, pulava corda, fazia capoeira - conta o pequeno aluno, que não gostaria de abrir mão das atividades na escola.

Como será a volta às aulas

Escola Estadual Bairro do Parque, em Esteio:

- O Estado vai alugar um prédio com salas de aula para atender os estudantes.
- A titular da 27ª Cre, Stela Steyer, esclarece que a infiltração afetou a parte elétrica e o conserto ofereceria risco aos alunos, caso permanecessem na escola. 
- Está prevista para quinta-feira, às 18h30min, na escola, uma reunião com os pais para esclarecimento das dúvidas relacionadas ao novo espaço. A licitação da obra está em andamento.

Escola Estadual Canadá, em Viamão:

- O ano letivo começa, mas sem o turno integral para os alunos do primeiro ao quinto ano. Um prédio anexo acomodará os estudantes de todas as turmas.
- A titular da 28ª Coordenadoria Regional da Educação (Cre), Neusa Abruzzi, esclarece que os pais foram comunicados da mudança em decorrência do vendaval que danificou o prédio principal.
- Segundo a coordenadora, a limpeza do pátio deve ocorrer antes do retorno dos alunos. A obra é considerada emergencial e o processo está tramitando entre a Seduc e a Secretaria de Obras.

Projetos a caminho

Em relação à obra da Escola Canadá, a Secretaria de Obras Públicas (Sop) informa que o projeto está pronto, com elementos técnicos e orçamento. Deve ser enviado para a Seduc para alocação de recursos. Como os danos foram graves, a escola necessitará de uma reforma considerável. O valor de R$ 650 mil ainda deve ser aprovado. Até o final desta semana, deve iniciar o processo licitatório. A obra deve levar seis meses para ser concluída.
Já na Escola Bairro do Parque, o temporal destelhou aproximadamente 50% do prédio, com parte do madeiramento danificado. A Sop explica que, devido ao acúmulo de água das chuvas frequentes no piso superior, apareceram infiltrações pelas instalações elétricas. Além disso, parte da fiação do piso inferior, que passa pelos corredores foi roubada. As paredes e teto também estão mofados. Foi emitido um laudo de interdição pois as reformas não serão concluídas antes do início das aulas.
O projeto contempla todos os reparos necessários, que incluem reforma de todo o telhado, todo o forro do piso superior, pintura de todo o interior da escola e reforma do parquet. O valor da reforma é de R$ 351.435,59.