Meio ambiente
Lixo se acumula no espelho d'água do Largo dos Açorianos, em Porto Alegre
Um espelho de lama e lixo se formou no que deveria ser um dos principais pontos turísticos da capital
No lugar de água, um espelho de lama e lixo se formou num dos principais cartões postais de Porto Alegre. Quase seco, o lago que compõe o cenário do Largo dos Açorianos, no Centro da cidade, mostrou-se um lixão a céu aberto. Há quase 15 anos, o espaço não recebe manutenção da prefeitura. As garças, tartarugas e os peixes que habitam a superfície de 6,6 mil metros quadrados acabam disputando espaço com garrafas PET, guardas-chuvas, colchões e outros entulhos.
Morador da área central, o protético dentário César da Silva Nunes, 44 anos, costuma fotografar o cenário que considera um dos mais bonitos da cidade. No domingo passado, ao levar parentes de outra cidade para visitar o ponto turístico, César espantou-se com o que encontrou.
- Parecia um lugar abandonado. Sujo, com o lago seco e um fedor sentido à distância. Para piorar, vi uma tartaruga cheia de barro sobre o casco e morta. Foi triste - comenta César.
Manutenção começa amanhã
Em dezembro de 2014, o Dmlu e a Smam iniciaram uma revitalização do Largo. O Dmlu realizou a coleta de lixo na borda do lago e, com auxílio de uma embarcação, removeu resíduos superficiais na água. Enquanto a Smam promoveu poda na vegetação e capina. Porém, segundo a própria Secretaria de Meio Ambiente, há mais de uma década não é feita a drenagem do lago e um exame da estrutura da ponte. A partir de amanhã, os dois órgãos da prefeitura iniciarão a manutenção conjunta do lago e da ponte. Conforme a assessoria de imprensa da Smam, a limpeza do lago, que tem 1,25cm de profundidade, deverá levar cerca de um mês para ser finalizada.
"Sofrem calados?"
Enquanto a situação não se resolve, até os moradores de rua que circulam no entorno do viaduto reclamam do abandono do lago. Mara Rejane Vieira Soares, 37 anos, que dorme num abrigo municipal e frequenta o largo durante o dia, acompanha o que considera "o martírio" das tartarugas do espelho d'água.
- Quando eu era criança, costumava tomar banho neste laguinho porque era limpo. Hoje, virou um esgoto. Tenho pena é dos animais. A gente, ainda pode falar e pedir ajuda. E eles, que sofrem calados? - comenta.
Como será a manutenção do lago
* Será feita a secagem do lago para a realização da limpeza e retirada de lodo, e também a reconstrução de partes do muro em seu entorno;
* Será aberto o ralo de escoamento para secar o espelho para secar o lago;
* Como a vazão deste não é suficiente para a completa secagem do lago, serão utilizadas também bombas de sucção, cujo empréstimo está sendo gestionado junto ao Dmae;
* Após a limpeza, a água será reposta por meio de bombeamento;
* Com relação aos animais que vivem no lago, a Smam informa que o surgimento deles não foi fruto de planejamento. A origem dos peixes é mais difícil de identificar exatamente, mas as tartarugas (em sua grande maioria, da espécie tigre d'água, típica do Delta do Jacuí) costumam ser abandonadas por pessoas que compram ilegalmente o animal e não sabem o que fazer com ele quando cresce.
* Ainda segundo a Smam, o destino destes animais será determinado em uma avaliação populacional a partir da secagem do lago. Os peixes provavelmente não resistirão, mas as tartarugas tanto podem ser devolvidas ao Delta (no caso de excesso populacional),quanto preservadas no local.
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César espantou-se com a sujeira
Foto: Mateus Bruxel
Mara vê sofrimento das tartarugas - Foto: Mateus Bruxel