Enquanto 150 crianças com idades entre cinco e nove anos do Bairro Restinga, no Extremo-Sul de Porto Alegre, encaravam como brincadeira andar sobre uma trave, fazer estrelinha no tapete e saltar numa cama elástica, no ginásio do Cecores, técnicos do Grêmio Náutico União as observavam com olhares mais atentos, na sexta-feira. A maior parte delas não imaginava que fazia parte de um peneirão do GNU para encontrar futuros ginastas.

- O que nós buscamos são talentos, crianças com habilidade natural. E é tão difícil de encontrar. Aquelas crianças que sobem em árvore, caminham em cima do muro, sabem pular corda. Enfim, sabem brincar. Hoje, a maioria das crianças são crianças de apartamento - justificou Adriana Alves, coordenadora do Departamento de Ginástica Artística do Grêmio Náutico União.

 
Maykyel despertou a atenção de todos
Foto: Mateus Bruxel

Em meio aos serelepes estudantes das escolas municipais do bairro, um despertou a atenção dos ginastas profissionais e dos técnicos do clube já na execução do alongamento. Maykyel Silveira de Barros, seis anos, aluno do 1º ano, foi quem mais seguiu com esmero os exercícios solicitados. E quando subiu na trave com os braços rígidos, encostados no corpo, demonstrando total equilíbrio, carregou consigo todos os olhares. Resultado: foi pré-selecionado.

Para o porteiro Vinicius de Barros, 25 anos, pai do guri que encarou todas as práticas como se fossem brincadeiras, o filho tinha chances de ser escolhido.

- As professoras dele pediram que eu o trouxesse. Ele é muito ativo. Sobe em tudo e pula sem medo. Como sempre desejei que ele seguisse a carreira militar ou fosse um esportista, fico feliz e vou dar todo o apoio para ele seguir como ginasta, se quiser - garantiu, faceiro, Vinicius.

 
Crianças se divertiram nos aparelhos de ginástica
Foto: Mateus Bruxel

"Será bom para o futuro dela"

Entre as meninas, Aysha Gabrielle Silva Fortes da Silva, nove anos, do quarto ano, era a mais empolgada. Com facilidade, quase rindo, fez a ponte - colocou as mãos no chão ao curvar o tronco - e o espacate - abriu as pernas de modo que estas formaram um ângulo de 180º e ficassem paralelas ao solo. 

- Eu adoro brincar na pracinha, principalmente nos ferrinhos (barras) para ficar pendurada. Minha prima tem uma cama elástica e fico pulando em pé e sentada, sem parar - contou, animada.

Mãe de Aysha, a dona de casa Caren da Silva, 27 anos, soube por telefone que a filha era uma das selecionadas.

- Ela é uma espoleta. Joga futebol, voleibol, anda de bicicleta e eu faço questão de levá-la sempre à pracinha. É claro que a levarei nos testes porque será bom para o futuro dela - afirmou.


Habilidade natural

Segundo a coordenadora, as 15 crianças selecionadas ganharão um mês gratuito de treinos no GNU. Será o período de experiência. Se houver adaptação, eles receberão vale-transporte e uma bolsa de estudos para continuarem como atletas do clube. O auxílio do GNU é em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer (SME). 

-  A ginástica é o esporte que inicia como brincadeira. Nestas seleções, a gente consegue avaliar crianças que têm habilidade natural. E o que a criança sabe fazer de melhor é brincar - resume Adriana.

Leia todas as notícias do jornal

Visite a página do jornal no Facebook

 
Ginastas do clube se apresentaram antes do peneirão
Foto: Mateus Bruxel