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Da novela para a vida real

Fertilização e Inseminação: diferentes formas de gerar uma vida

Reprodução assistida, que ganhou evidência na novela Sete Vidas, é opção para casais que enfrentam problemas de fertilidade

28/03/2015 - 17h23min

Atualizada em: 28/03/2015 - 17h23min


José Augusto Barros
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
O pequeno Gabriel é a alegria do casal de Montenegro

Em Sete Vidas, a novela das 18h da RBS TV, o assunto reprodução assistida ganhou evidência com a história de Miguel (Domingos Montagner), que fez uma doação de sêmen que resultou na geração de seis filhos por diferentes mães. Um enredo que, na vida real, não seria possível no Brasil, pois neste país o doador tem que ser anônimo.
Deixando a novela de lado, procedimentos como a inseminação e a fertilização in vitro são diferentes opções para casais que enfrentam problemas de fertilidade.

Em Porto Alegre, o Sus garante tratamento gratuito para aqueles que optam pelo procedimento para, assim, realizarem o sonho de serem pais.
Na novela das seis, o fotógrafo Miguel (Domingos Montagner) fez uma doação anônima para um banco de sêmen, que resultou na geração de seis filhos por diferentes mães. Em um determinado momento, todos descobrem a identidade do pai através de pistas na internet e dão início a uma busca clandestina por ele.

- Por conta da novela, assisti a documentários, reportagens e realities sobre filhos de doadores anônimos. Por trás de cada história, sempre uma nova família: mãe solteira com filho, duas mães, grupos de meio-irmãos de até 30 pessoas - diz Lícia Manzo, autora da novela.

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Na história da novela, a doação foi feita nos Estados Unidos. O médico Adelino Amaral, presidente da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do Conselho Federal de Medicina (CFM), ressalta que a situação não poderia acontecer no Brasil, onde a doação de sêmen é sempre anônima e não remunerada:

- A situação na novela é surreal. O índice de sucesso da inseminação não chega a 20%. Para acontecer como na novela (gerar seis filhos com uma só doação), ele deveria ter feito cerca de 40 inseminações.

Segundo Adelino, existe dificuldade em conseguir sêmen no país, e a entidade faz campanhas em busca de doadores.

Doação não pode ter caráter lucrativo

Segundo o Conselho Federal de Medicina, a doação de óvulos, sêmen e embriões não pode ter caráter lucrativo ou comercial.
Além disso, os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Porém, há um controle para evitar que um doador tenha produzido mais do que duas gestações de crianças de sexos diferentes, numa área de 1 milhão de habitantes.
Dentro do possível, deve-se garantir que o doador tenha a maior semelhança e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
Não existe banco de sêmen em Porto Alegre. Nem privado nem público.

Para Fábio e Camila, a realização de um sonho

No Bairro Senai, em Montenegro, a agitação do pequeno Gabriel, um ano e oito meses, e a alegria dos pais, Fábio do Espírito Santo, industriário, 35 anos, e Camila Nunes Pinheiro Drehmer, 33 anos, são o final feliz de uma longa novela, que começou entre o fim de 2010 e o começo de 2011. Com problemas hormonais desde os 16 anos, Camila, que trabalha em uma creche na cidade, sabia que precisaria de tratamento especializado para realizar o sonho de ser mãe. Optou pela fertilização in vitro, via Sus, em um tratamento que é gratuito.

Depois de uma série de consultas no posto de saúde local, o casal passou para as consultas investigatórias e começou o tratamento no Hospital Fêmina. Mesmo sabendo que a possibilidade de engravidar era pequena e que a gestação era de risco, foi adiante.

Medicamentos não são gratuitos

Durante o período do tratamento, a família teve que arcar com o custo dos medicamentos, não coberto pelo Sus - em torno de R$ 5 mil. Fábio chegou a pesquisar o preço do tratamento em laboratórios particulares, mas era inviável: em torno de R$ 50 mil.
Gabriel nasceu prematuro, em 2013, mas tudo deu certo.

- Super recomendamos esse procedimento para outros casais - comemora Camila.

Os métodos:

Fertilização in vitro
* O processo leva em torno de três anos.
* Estimula-se, com o uso de medicação, a produção de óvulos na mulher.
* Depois de coletados, os óvulos são unidos ao sêmen do doador em laboratório.
* O embrião formado é introduzido na paciente. A fertilização se dá, portanto, fora do útero.
* O número de embriões transferidos para o útero varia de acordo com a idade da mulher - quanto mais velha, mais embriões.
* Porém, com a implantação de mais de um embrião, aumenta a possibilidade de que a mulher tenha gêmeos ou trigêmeos. Por isso, a tendência mundial é a transferência de um embrião único.

Inseminação artificial
* O procedimento é feito dentro do útero: o sêmen é injetado no dia em que a paciente está ovulando.
*  A mulher engravida em processo semelhante ao da relação sexual.

Disponível via Sus

Em Porto Alegre, o Hospital de Clínicas e o Fêmina, ambos vinculados ao Ministério da Saúde, atendem casais que necessitam de tratamentos de reprodução assistida para engravidar, como a inseminação artificial ou fertilização in vitro (FIV).
Porém, segundo a ginecologista Andrea Nácul, da Unidade de Reprodução Humana do Fêmina, o primeiro passo é consultar com um médico no posto de saúde.

- Se a mulher não tiver conseguido engravidar pelo método tradicional após um ano de tentativas, não usando nenhum método anticoncepcional, já pode consultar com o ginecologista do posto de saúde para que a investigação possa começar - explica.

Quanto mais cedo, melhor

Dali, os casais começam as consultas para que o tratamento prossiga. Mesmo assim, as estatísticas de sucesso não são animadoras. Andréa afirma que, de cada cem mulheres que optam pelo procedimento de FIV, somente entre 30 e
40 conseguem engravidar. À medida que a idade avança, esse número só cai.
O tratamento é gratuito, coberto pelo Sus. As medicações necessárias, não.

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