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Efeito pós-atentado

Restrição de acesso à cabine de aviões ficou maior após o atentado de 11 de Setembro

Sistema possibilitou ao copiloto ficar sozinho na cabine e, deliberadamente, derrubar o avião nos alpes franceses

26/03/2015 - 12h29min

Atualizada em: 26/03/2015 - 12h29min


Débora Ely
Débora Ely
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ADEK BERRY / AFP
Imagem de 2008 mostra pilotos no cockpit de um Airbus A320

Foram os atentados terroristas de 11 de setembro os responsáveis pela mudança de regras de acesso à cabine de comando que permitiu ao copiloto Andreas Lubitz ficar sozinho no local e derrubar o Airbus A320, da Germanwings, na terça-feira, matando 150 pessoas.

Com o objetivo de impedir a entrada de sequestradores ou terroristas, as regras de acesso ao cockpit dos pilotos em voos comerciais foram "bastante restritas", explica o piloto e secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Rodrigo Spader.

- Antes também existia um sistema de travamento, mas as regras eram muito mais flexíveis: os comissários entravam mais tranquilamente e, por vezes, a porta ficava destravada - afirma.

Leia as últimas notícias sobre o acidente na França

Segundo o padrão atual de normas internacionais, a porta deve permanecer trancada durante todo o voo. O sistema impede o acesso à cabine de quem está de fora, mantendo controle total da entrada, ou não, ao piloto e ao copiloto. Há um interfone na parte externa. Caso algum membro da tripulação precise entrar no cockpit, ele deve acionar os colegas que estão no interior da cabine para fazerem a liberação.

De fora, também existe um código para liberar o acesso ao cockpit. Mesmo assim, esse procedimento depende da autorização de quem está do lado de dentro da cabine, após soar um alarme. Se o piloto e o copiloto não permitirem e nem bloquearem a entrada, a porta se abre automaticamente em cerca de 30 segundos - o tempo varia conforme o modelo da aeronave. O procedimento existe no caso de alguém passar mal no cockpit, colocando o voo em risco.

Atualmente, as portas de acesso ao cockpit são blindadas - pré-atentado, nem todas possuíam o reforço.



Afirmação de promotor surpreende especialistas

Especialistas em aviação foram surpreendidos pela afirmação do promotor francês, que atribuiu ao copiloto a queda intencional da aeronave dois dias após o acidente. O secretário-geral do SNA acredita que, por conta de a autoridade ter ido a público divulgar a informação, "deve existir certeza sobre o que aconteceu". Já para o diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Elones Ribeiro, a tese é precipitada:

- São conclusões preliminares. Não se sabe, ainda, tudo. Só localizaram uma caixa-preta (o Voice Data Recorder, que registra os últimos 30 minutos de conversas na cabine), mas tem a outra (o Flight Data Recorder, que grava as atitudes do avião). Teria de confrontar uma com a outra.

Se a causa do acidente apontada até o momento se comprovar, não será a primeira vez na história da aviação que um membro da tripulação derruba uma aeronave. Em novembro de 2013, um piloto se trancou na cabine de um avião da Embraer da companhia Linhas Aéreas Moçambique (LAM), na África, quando o copiloto saiu, e provocou a queda do avião - as 33 pessoas a bordo morreram. Pelas gravações da caixa-preta, foi possível ouvir batidas na porta e a digitação do código pelo lado de fora.

Entenda como funciona o sistema de segurança da cabine da aeronave:

 
Confira os procedimentos de segurança da cabine do Airbus:



Veja imagens do acidente que matou 150 pessoas na França:




Veja a rota que fazia o avião e onde aconteceu o acidente:

* Zero Hora


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