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Sem casa e com dívidas

Moradores aguardam há seis anos a entrega de condomínio do Minha Casa, Minha Vida em Gravataí

No Residencial Florença, apenas o mato consegue entrar nos prédios que deveriam ter sido entregues a 112 famílias, em 2009

23/04/2015 - 07h06min

Atualizada em: 23/04/2015 - 07h06min


Félix Zucco / Agencia RBS
Mais de cem famílias buscam entender o porquê da demora

Obra do Minha Casa, Minha Vida, os mais de cem apartamentos do Residencial Florença, em Gravataí, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, seguem com portões cadeados.

Na semana passada, um grupo exigiu explicações à agência da Caixa Econômica Federal de Gravataí e, depois, estendeu uma faixa de protesto em frente ao residencial.

Segundo a Caixa, "99% da obra está pronta", mas os moradores não têm ideia do que falta para a entrega dos apartamentos. A própria Caixa, também, faz mistério sobre o assunto.  

A administradora Ester Breyer, 24 anos, comprou o apartamento em 2008 porque se casaria no ano seguinte. O casamento com o autônomo Wellinton Muniz ocorreu, Ester está grávida e até hoje segue aguardando pela morada. Nos primeiros três anos de espera sem respostas, ela pagou mensalmente os chamados juros do valor da obra - variando entre R$ 180 e R$ 250 mensais. Porém, com as dívidas aumentando e sem perspectiva de retorno dos responsáveis pela obra, Ester desistiu dos pagamentos. Resultado: foi registrada como devedora no SPC.

- Não fui a única. Vários compradores tornaram-se devedores - conta Ester, que semanalmente visita seu futuro apartamento.

Após protesto e reunião com os moradores, a Caixa decidiu suspender temporariamente a cobrança dos juros de obra até a entrega do empreendimento.

"De mãos atadas"

A empresária Daniela Santos, 29 anos, e o vigilante Eduardo Roberto Cardoso,
33 anos, afirmam ter perdido as esperanças de habitar o apartamento comprado em 2008. Morando a quatro paradas do residencial, o casal passa em frente ao condomínio todos os dias. Já flagraram funcionários de uma das construtoras se banhando na piscina dos prédios.

- Deu uma dor, pois deveríamos ser nós ali. O pior é que, como fizemos este financiamento, a Caixa não libera outro. Estamos de mãos atadas - reclama Daniela.

Os imóveis, inicialmente, foram vendidos a R$ 51 mil. Hoje, quem passa em frente ao condomínio percebe problemas como pintura descascada, rebocos caindo e mato crescido.

Pelo menos três construtoras já foram responsáveis pela obra. Durante dois anos, a construção ficou parada.

- Algumas famílias ingressaram na Justiça para pedir ressarcimento. Eu serei o próximo a exigir os meus direitos - afirma Eduardo.

Dúvidas permanecem

Em nota oficial, a Caixa informou que "a obra do Residencial Florença está 99% concluída" sem especificar o que resta para ser aprontado.

De acordo com o banco, ainda está sendo feito um levantamento, junto com a construtora atual, para se ter ideia dos serviços para a conclusão. 

A nota também cita que a "nova construtora está vistoriando o empreendimento para apresentação de orçamento e definição de cronograma com prazo para término das obras".


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