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Melhores amigos

Cachorros comunitários fazem sucesso nas vizinhanças e têm até lei que os protege

Cães e gatos andarilhos, que moram nas ruas, recebem carinho e comida de vários donos

07/05/2015 - 22h02min

Atualizada em: 07/05/2015 - 22h02min


Fernando Gomes / Agencia RBS
Johnny dá carinho e alimento para Francisco e Valdirene (D)

Princesa e Sorriso perambularam por anos até aquerenciarem-se no canteiro central da Avenida José Brambila, em Cachoeirinha. Há uma década, os dois cães vira-latas são cuidados por moradores da região. Assim como eles, cachorros e gatos andarilhos, que moram na rua, recebem carinho e alimentação de diferentes donos. São os chamados animais comunitários, cujos direitos são previstos em lei estadual sancionada há cinco anos.

Em Cachoeirinha, cães de rua de seis pontos da cidade ganharam no final de abril dez pequenas moradias de madeira, instaladas em praças e ruas, proporcionadas pelo projeto Casinhas da Cidade. Idealizado pela vigilante Elaine Anhaia, 39 anos, pela corretora de imóveis Ketti Machado da Silva Fogaça, 29 anos, e outras quatro amigas, simpatizantes da causa animal, o projeto foi criado para melhorar a convivência das pessoas com os animais de rua.

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- O projeto dá abrigo aos cães comunitários e errantes que acabaram criando vínculo com uma comunidade - explica Elaine.
 
Exemplo em Bagé

Inspiradas no projeto Casinhas Amarelas, de Bagé, as seis amigas contam com doações para comprar novas casas. Os primeiros locais escolhidos na cidade são aqueles com cachorros moradores há mais de cinco anos.

Na Praça Getúlio Vargas, foram colocadas três casas para abrigar três moradores que estão no local há 15 anos: Malhado, Bebê e Louca recebem o carinho dos vizinhos da região.

O cuidador da praça Ivo Fonseca, 56 anos, é o responsável pela limpeza da área e costuma brincar com os cães.

- Tem uns andarilhos que passam por aqui, mas não ficam. O curioso é que só os três habitam as casinhas. São dóceis e estão bem velhinhos - conta Ivo.

Trio afinado na convivência

No Bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, Francisco e Valdirene, dois cães de rua, ganharam nome e carinho do músico Johnny Schneider, 52 anos. Há dois anos, ambos moram na Rua Luiz Pogorelski e recebem comida e água de Johnny e dos vizinhos mais próximos.

- Lembro quando Francisco chegou aqui machucado e com um olhar de tristeza. Descobri que ele tinha sido agredido a pedradas pelo dono anterior. Só queria carinho. Cuidei das feridas e o alimentei. Já a Valdirene saiu de onde morava e passou a viver com ele - garante o compositor.

E basta Johnny chamar Francisco pelo nome para o vira-latas correr faceiro na direção dele. Pula, dá a pata e lambe os pés do vizinho.

- Às vezes, ele late para os carros. Mas é só um cão que sofreu muito. No fundo, é um grande amigo _ afirma Johnny.

Proteção especial

- A lei 13.193, de 30 de junho de 2009, criada pelo deputado estadual Carlos Gomes (PRB), dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos de rua no Estado e dá outras providências.

- A lei estadual institucionaliza o animal comunitário, ou seja, cães e gatos que perambulam pelas ruas, não têm dono, mas são alimentados por um grupo específico de moradores. Esses animais passam a ser tutelados pela lei e não poderão ser capturados por órgãos de controle.

- Em Cachoeirinha, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente oferece desde janeiro o serviço de atendimento móvel de urgência para animais de rua.

- Havendo necessidade, o animal de rua será encaminhado para cirurgia e reabilitação. Uma vez recuperado, será colocado para adoção nas feiras promovidas pela prefeitura de Cachoeirinha. Para acionar o serviço das 8h às 17h, o telefone é o 3441-4312. Fora deste horário, a comunidade deve ligar para 153.

- Em Porto Alegre, a Secretaria Especial dos Direitos dos Animais (Seda) conta uma Unidade de Medicina Veterinária, que oferece atendimento clínico e realização de procedimentos cirúrgicos de baixa e média complexidade em cães e gatos. As demandas chegam pelo Fala Porto Alegre (fone 156) e Postos de Saúde da Família (PSFs).


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