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Mãe e bem-sucedida: a receita de uma equilibrista

Mulheres buscam equilíbrio entre carreira e família e expõem mito de que as mães não se dedicam à profissão

10/05/2015 - 08h03min

Atualizada em: 10/05/2015 - 08h03min


Mateus Bruxel / Agência RBS

Existe uma tendência no mercado de achar que mães são menos dedicadas à carreira porque precisam se dividir entre o trabalho e os filhos.

Essa ideia, garante a psicóloga Cecilia Russo Troiano, é equivocada. Mas, mesmo assim, muitas mulheres se sentem entre a cruz e a espada sobre o tema - ou, como a pesquisadora prefere chamar, sentem-se "mães equilibristas": como se tivessem muitos pratos empilhados que precisam cuidar para não cair.

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No livro Aprendiz de Equilibrista, a autora - casada e mãe de dois adolescentes - coloca o resultado de uma pesquisa com mais de 500 jovens, metade filhos de mulheres que se dividem entre a carreira e a família. O resultado se resume em um jogo de equilíbrio em que todos os envolvidos - incluindo os parceiros - devem achar a melhor maneira de não deixar a bola cair.

- Algumas mães se sentem mal de passar menos tempo com os filhos, mas essa ideia de que a criança precisa da gente o tempo todo é muito mais das mães. Seja um bebê ou um jovem, mais importante do que ter a mãe 100% do tempo junto é ter a segurança de que ela sai, mas volta - ensina.

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A dica da psicóloga é garantir qualidade nos momentos juntos. Escolher um dia para sair mais cedo para buscar o filho na escola ou ir naquele jogo importante, por exemplo.

No caso de trabalhos que não permitem alteração de horário, ela recomenda que a mãe combine com outro ente querido a presença no evento, para que a criança se sinta amada em vez de abandonada.

- A criança normalmente quer ser ouvida. Mesmo que a mãe chegue em casa cansada é preciso ter esse momento de afeição, contato físico, em que a família divida um prazer - aconselha.

Todo mundo deve ajudar

- Eu gosto de fazer jantas especiais para eles, com os pratos que eles gostam. Sempre tiro tempo para isso. E uma vez por mês a gente vai jantar fora, dar um passeio - conta Adriana Franco, 42 anos, professora e mãe de quatro filhos.

A rotina de Adriana começa às 6h30min, arrumando o pequeno para a escola e coordenando com os outros três filhos. Depois do café da manhã apressado com o marido, vai de moto para o trabalho, onde fica das 8h às 18h30min.

Segundo ela, no dia a dia é comum chegar em casa e haver reclamações. Como ela resolve? Na conversa.

- A gente faz reuniões familiares. Senta todo mundo e eu falo da importância de eles participarem - resume.

As tarefas domésticas são outro "pratinho" que a mãe equilibrista tem em sua pilha.

Para Cecília, o segredo aqui é ensinar as crianças a conviver com a realidade dos afazeres da casa de um jeito divertido e próximo. Por exemplo: se a mãe precisa cozinhar, o filho pode ajudar lavando a salada, e enquanto isso os dois vão conversando. Ter responsabilidades, por menores que sejam - como colocar a roupa suja no lugar certo, tirar o lixo, guardar as compras -, é essencial para que os pequenos se desenvolvam conscientes do que os pais precisam fazer.

- Lá em casa todo mundo ajuda: o guri (oito anos) limpa o banheiro, faz a cama, lava a louça do almoço. Cada uma das meninas varre um andar da casa - lista a professora.

Formada em pedagogia, Adriana destaca que o incentivo e o apoio da filha mais velha, hoje com 23 anos, foram essenciais para que conseguisse terminar a faculdade (há cinco anos) e melhorar de vida. Professora de duas turmas infantis, ela conta que faz em sala de aula o que faz em casa: ensina, mas também ajuda a arrumar, pensar no futuro, manter o respeito e a aparência.

- Aqui na sala a gente tem o ajudante do dia, para a hora do lanche. Lá em casa também tenho meus ajudantes. E todo mundo antes de voltar pra casa se arruma, temos o cantinho da beleza com espelho e acessórios - conta.

Organizando a vida financeira para retomar a pós-graduação em psicopedagogia, a moradora da Cavalhada ressalta que os filhos não podem ser "totalmente dependentes", porque isso atrapalha.

- Eu sempre digo para eles que na vida tudo tem um preço, são as nossas escolhas. A gente que é mãe, senta e explica, mas a vida só cobra. Reforço a importância das responsabilidades, quanto mais eles vão crescendo, mais vão tendo que fazer. Hoje, os três mais velhos já trabalham - orgulha-se.

Parceiros também nas tarefas domésticas

Para Cecilia Troiano, o parceiro também tem papel preponderante no processe de ressignificar o trabalho da mãe, que deixa de ser uma atividade que a tira da família para ser algo que faz parte da dinâmica dessa família. Além disso, é preciso dividir as tarefas, mas de modo "inteligente".

- Não precisa ser necessariamente meio a meio. O ideal é que cada um assuma as coisas que tenha mais afinidade: levas os pequenos na escola, botar a roupa para lavar, fazer a comida - resume a psicóloga.

E outra dica: tolerância opera milagres. Se um vai lavar a louça, é preciso deixar que o faça de modo próprio. E se o outro vai trocar a fralda, a mesma coisa: cada um do seu jeito, estimulando-se mutuamente na ajuda.

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