Sem ônibus e trem
Manhã de protestos interrompe transporte na Região Metropolitana
Diversas categorias se uniram em protesto nacional contra a terceirização e MPs que mudam acesso a benefícios trabalhistas
A luta para que a lei da terceirização não seja aprovada no Senado uniu diversas categorias em um protesto nacional nesta sexta-feira. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, o ato causou transtornos no transporte público. Na Capital, a maioria dos ônibus circulou apenas depois das 8h30min. Municípios como Canoas também tiveram paralisações nos coletivos. A Trensurb não opera durante todo o dia, o que deve afetar mais passageiros à tarde, no horário de pico.
Em frente à garagem da Carris, na zona leste da Capital, houve uma negociação tensa entre a Brigada Militar e o Sindicato dos Rodoviários. A determinação judicial era para que o local fosse liberado às 7h e a Tropa de Choque, com cerca de 30 policiais, ficou posicionada a metros dos manifestantes, apenas aguardando a ordem para retirar os trabalhadores. Porém, isso não foi necessário devido a um acordo feito na hora. Às 8h30min, a garagem foi liberada.
- Paciência, tranquilidade, que o comando assuma o comando. Não vão fazer banho de sangue aqui na Carris. Não vamos fazer que nem no Paraná - afirmou a ex-vereadora do PSTU Vera Guasso, uma das mais ativas na paralisação.
Os rodoviários receberam apoio da juventude do PSOL, da central sindical CTB, Conlutas e outros movimentos sociais. O presidente do sindicato da categoria, Adair da Silva, garantiu que os manifestantes não teriam o ponto cortado nesta sexta-feira.
- Não queremos confronto. Essa paralisação já é uma vitória - disse ele.
Fora da Carris, a decisão de deixar os ônibus parados no local até as 8h30min fez passageiros esperarem por mais de uma hora nas paradas da região central. O segurança Júlio César Machado de Farias, 35 anos, chegou ao Terminal Cairu às 6h20min, onde esperou uma condução até as 7h30min.
- Eu moro em Guaíba e pego ônibus aqui 6h30min, porque começo a trabalhar às 7h, na Restinga. Hoje, tive que ligar avisando que iria me atrasar - explicou.
Com o atraso dos funcionários, a empresa decidiu buscar os trabalhadores que aguardavam nas paradas há mais de uma hora, entre eles Júlio. A zeladora Núria Silveira, 48 anos, que trabalha em um condomínio do bairro Bela Vista, também teve de apelar para a carona para ir trabalhar.
- Fiquei meia hora esperando ônibus e uma moradora do condomínio resolveu me dar carona _ relatou.
Moradora de Tapes, a empresária Letícia Nunes, 31 anos, teve de esperar meia hora por um ônibus que a levasse da Rodoviária à Avenida Ipiranga, onde esperava um T1 para ir ao Hospital São Lucas, da PUC-RS, onde realiza um tratamento.
Letícia aguardava T1 em frente ao Praia de Belas
Foto: Adriana Franciosi, Agência RBS
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) liberou o transporte de passageiros em pé nos lotações, e que esses veículos circulassem nos corredores de ônibus, com objetivo de agilizar o serviço. Para evitar longa espera por coletivos, a orientação da empresa aos passageiros era que procurassem alternativas, como caronas.
O efeito da paralisação no Centro foi a fraca movimentação no início da manhã. Enquanto poucas pessoas aguardavam nas paradas de ônibus, lotações transitavam com pessoas em pé.
Estradas e avenidas foram bloqueadas por manifestantes
Às 8h15min, as avenidas Assis Brasil e Baltazar de Oliveira Garcia, na Zona Norte, foram bloqueadas por manifestantes, em ambos os sentidos. Na Assis Brasil, manifestantes atearam fogo em pneus próximo a Fiergs e a falta de visibilidade atrapalhou os motoristas.
Manifestantes bloqueiam Avenida Assis Brasil
Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com a EPTC, aproximadamente 50 manifestantes participaram do ato na Baltazar de Oliveira Garcia, liberada às 9h. Já na Assis Brasil, 30 pessoas integraram o protesto. A via foi liberada às 9h20min, mas o bloqueio causou lentidão.
Também houve bloqueio de cerca de uma hora na BR-116, no limite entre Canoas e Esteio.
Alguns bancos fecharam agências
Os bancários aderiram parcialmente à greve, mantendo algumas agências fechadas. A orientação para os clientes é que priorizem o atendimento online.
Conforme a Rádio Gaúcha, os estabelecimentos de saúde funcionaram normalmente durante a manhã. Já nas escolas, a adesão à paralisação também foi parcial.
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* Participaram da cobertura: Débora Cademartori, Fernanda da Costa, José Augusto Barros, Maurício Tonetto e Renato Dornelles