Porto Alegre



Contra a terceirização

Veja como foi o dia de manifestações pelo país

Centrais sindicais convocaram trabalhadores para mobilização contra lei da terceirização e medidas de ajuste fiscal

29/05/2015 - 15h58min

Atualizada em: 29/05/2015 - 15h58min


Elza Fiúza / Agência Brasil

A sexta-feira é marcada por uma mobilização nacional de centrais sindicais contra o ajuste fiscal, a lei da terceirização, o ajuste fiscal e as medidas provisórias 664 e 665, que mudam regras para o seguro-desemprego, auxílio-doença e aposentadorias.

O chamado Dia Nacional de Paralisação e Manifestações ocorre nos 25 Estados e no Distrito Federal (abaixo veja o que aconteceu nos principais locais de protesto do país). Os protestos começaram ainda na madrugada. Um dos poucos pontos que registrou confusão até o início da tarde foi a capital paulista. Alunos e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) bloquearam uma avenida e armaram uma barricada de pneus. Para dispersar os manifestantes, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral.

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Trensurb fica completamente parado em Porto Alegre

Em Porto Alegre e em Belo Horizonte, os metroviários aderiram 100% à paralisação e os trens não circularam durante o dia.

A expectativa é de que haja um ato de encerramento dos protestos às 17h, na Praça da República, no centro da capital paulista. A ideia da Central Única dos Trabalhadores (CUT) é que os atos antecedam uma possível greve geral, que a central ameaça convocar, caso não consiga reverter as mudanças trabalhistas em andamento.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, fez nesta sexta-feira, críticas à política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, durante manifestação ao lado de metalúrgicos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo ele, a agenda da economia que está sendo adotada é a do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB-MG).

- Não podemos esquecer de pedir que a presidente Dilma vete o projeto que libera a terceirização total e que, ao contrário, aprove a mudança na Previdência. As MPs 664 e 665 são ruins, pois retiram direitos de vocês (trabalhadores). Mas junto com elas veio uma mudança boa, que é a aprovação da fórmula 85/95. A Dilma precisa sancionar este ponto - disse Freitas.

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O ajuste é uma série de medidas para reequilibrar as contas públicas. Na prática, significa cortar despesas do governo e elevar a arrecadação - pelo aumento de impostos e outras receitas. Entre as ações, estão projetos que dificultam o acesso a benefícios sociais como o seguro-desemprego e abono salarial, que já foram aprovados na Câmara.

O projeto de terceirização já foi alvo de protestos nacionais em abril, quando trabalhadores foram às ruas contra a terceirização para as atividades-fim das empresas.

Saiba o que aconteceu em algumas capitais:

SÃO PAULO

Em São Paulo, não houve, até o início da tarde, registro de paralisações no setor de transportes. Na região central da cidade, a maior parte dos bancos não abriu nesta sexta-feira. A Avenida Paulista, no centro da capital, chegou a ficar interditada no sentido Paraíso, por volta das 10h. Ao menos 121 quilômetros de vias estavam com lentidão ou tráfego parado na região do centro expandido, espaço que fica entre as marginais Tietê, Pinheiros e o centro da cidade.

Na Universidade de São Paulo (USP), durante protesto que reuniu alunos e funcionários da instituição, coordenado pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) vinculado à Central Sindical CPS-Conlutas. houve registro de confusão com a Polícia Militar no começo da manhã. Os manifestantes bloquearam a esquina da Avenida Vital Brasil com a Rua Camargo, perto do portão 1 da USP, e armaram uma barricada de pneus. A PM usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto, que foi encerrado. Segundo o Sintusp, foram usadas, também, balas de borracha e gás lacrimogênio pela polícia. O sindicato  informou que pelo menos 10 pessoas ficaram feridas. Esse número não foi confirmado pelo Polícia Civil, que registrou apenas um ferido.

Cerca de 14 mil metalúrgicos participaram de protestos nesta manhã. O sindicato local disse que houve paralisação de 24 horas na General Motors, Avibras, TI Automotive, MWL e Blue Tech. Além disso, houve atraso de três horas na entrada do primeiro turno da Embraer.

A principal manifestação, na capital paulista, está prevista para as 17h, quando haverá um ato unificado reunindo os professores da rede pública estadual, em greve desde 13 de março. A categoria faz assembleia um pouco antes do ato.

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BRASÍLIA

Cerca de 70 servidores federais fizeram uma manifestação em frente ao Ministério da Fazenda. O principal alvo das críticas é o ministro Joaquim Levy, que não se encontra em Brasília. 

BELO HORIZONTE

Os metroviários de Belo Horizonte aderiram completamente à paralisação e não há trens circulando nesta sexta-feira. A ação desrespeita decisão do Tribunal Regional do Trabalho em Minas Gerais (TRT-MG) de que haja escala mínima com 50% dos trens circulando, com pagamento de multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

CURITIBA

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a BR-376, em Curitiba, foi interditada por manifestantes Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na capital paranaense, o movimento contra a terceirização ganhou uma pauta extra: relembrar a ação policial que deixou quase 200 feridos em uma manifestação contra o governador Beto Richa (PSDB), há exatamente um mês. Junto aos cartazes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), professores, de preto, carregam adesivos pedindo menos bala, mais giz e relembram o que chamam de massacre de 29 de abril. O grupo marcharia até a sede do governo estadual, no centro de Curitiba.

FLORIANÓPOLIS

Motoristas e cobradores do transporte público interromperam o trabalho entre 9h e 11h desta em apoio às manifestações nacionais. À tarde, uma nova paralisação está marcada para o período entre 14h e 17h. Para minimizar os transtornos, a prefeitura montou um sistema de vans.

RIO DE JANEIRO

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam a superintendência da Caixa Econômica em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. De acordo com a Secretaria Nacional MTST, o ato é contra o ajuste fiscal e exigindo o lançamento do programa Minha Casa Minha Vida 3. Além disso, cerca de 950 portuários que trabalham na Companhia Docas do Rio paralisaram suas atividades às 7h nos quatro portos administrados pela empresa no Estado, localizados em Niterói, Itaguaí e em Angra dos Reis.

FORTALEZA

Centrais sindicais e servidores de universidades federais se reuniram na Praça Portugal para protestar contra os cortes orçamentários e o projeto de lei que regulamenta as terceirizações. Pela manhã, em conjunto com movimentos sociais, as centrais participaram de ato em frente à sede da Companhia Energética do Ceará (Coelce), a distribuidora de energia elétrica do estado. Segundo o secretário geral da CUT, Helder Nogueira, os trabalhadores da empresa paralisaram durante quatro horas.

À tarde, o ato das centrais se desloca para o prédio da Oi Contax, que faz o serviço de telemarketing da operadora Oi. O objetivo é demonstrar o impacto da terceirização ilimitada entre trabalhadores jovens.

PERNAMBUCO

Os professores estaduais aderiram ao movimento e decidiram iniciar uma nova greve nesta sexta. Durante a tarde, um grupo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe) se reúne em frente à Assembleia Legislativa, para discutir os rumos do movimento. Após o encontro, os professores vão se juntar ao movimento das centrais sindicais.


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