Vida e Estilo



Era de aquários

Peixes ficam à frente dos gatos no ranking brasileiro de animais de estimação

Colorindo os aquários residenciais, são 26,5 milhões de peixes no país, contra 21,3 milhões de felinos; cães seguem sendo os preferidos, com 37,1 milhões

08/06/2015 - 05h03min

Atualizada em: 08/06/2015 - 05h03min


Confira dicas para começar um aquário:

Carlos Macedo / Agencia RBS
O corretor de imóveis Marco Antônio Almendros tem três aquários e garante: um peixe nunca é "só mais um"

Que o cachorro é o queridinho dentre os animais de estimação, todo mundo sabe. Mas se você já está com a palavra na ponta da língua para adivinhar quem está em segundo lugar, saiba que não são os gatos - e, sim, surpresa!, os peixes. Já são 26,5 milhões deles colorindo os aquários residenciais, contra 21,3 milhões de felinos e 37,1 milhões de cães, conforme levantamento mais recente da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).

A criação e o comércio de peixes ornamentais respondem por um segmento de mercado em crescimento no país, que é a segunda maior indústria pet do mundo - só perde para os Estados Unidos. Prova disso foi a criação, pela primeira vez, no ano passado, de um espaço específico para a aquariofilia na Pet South America, uma das mais importantes feiras pet do continente. De acordo com dados do Ministério da Pesca e Aquicultura, o valor unitário médio para peixes teve valorização de 744% entre 2007 e 2012. Em 2013, a exportação desses animais rendeu US$ 10,5 milhões (R$ 33 milhões) de faturamento aos criadores brasileiros - mais que o dobro do registrado seis anos antes. 

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- Já passou o tempo em que colocávamos um peixinho em um aquário e dois dias depois ele estava morto. Hoje, as facilidades técnicas dos equipamentos impulsionam o setor, além do fato de os peixes serem animais que dão pouco trabalho - afirma o coordenador da Associação Brasileira de Criadores de Organismos Aquáticos (Abracoa), Wagner Camis.

E por pouco trabalho entende-se, basicamente, trocar a água do aquário de tempos em tempos e alimentar os bichinhos com ração de três a quatro vezes por dia. Como os aquários recriam o habitat natural dos peixes - seja a água doce ou a salgada -, as vantagens de se ter peixes de estimação vão além de serem artefatos decorativos de encher os olhos:

- Criadores de aquários caseiros tomam consciência do quão importante é um ecossistema para a sobrevivência das espécies. O principal benefício é que você adquire conhecimento de questões ambientais, porque o aquário é um pequeno ecossistema - explica o zootecnista Pierre Alonso, que tem 20 anos de experiência em criação de peixes e desenvolvimento sustentável.

A zooterapeuta Mariana Fonseca, que estudou, em pesquisa na Universidade de São Paulo (USP), como os peixes auxiliam no desenvolvimento psicológico de crianças autistas, afirma:

- Já se comprovou cientificamente que o aquário tem efeito calmante, diminuindo a ansiedade e o estresse.


Sem nome, mas com carinho

A domesticação de cães e gatos que lhes conferem o status de membros da família se difere da criação de peixes. É raro, por exemplo, que tenham nomes - normalmente porque são muitos, e, se forem da mesma espécie, muito parecidos entre si. O que não significa que deixem de provocar aquela sensação de afeto, característica da relação entre humanos e bichos de estimação.

- É claro que um peixe não é um animal de colocar no colo e fazer carinho, mas com o passar do tempo eles desenvolvem uma percepção apurada e passam a conhecer o "dono", a ponto de comer na sua mão - afirma o presidente da Associação Brasileira de Aquariofilia (Abraqua), Ricardo Bittencourt.

Quando, por exemplo, o corretor de imóveis e aquarista Marco Antônio Almendros toca nos vidros dos três aquários que mantêm em seu apartamento, os acarás-bandeiras, barbos-ouro, kribensis e limpa-vidros (para citar só alguns) se ouriçam e seguem seus movimentos. Não por acaso, enquanto Marco conversava com a reportagem ao lado do aquário de 200 litros, seus peixes pareciam prestar atenção.

- Para um aquarista, um peixe nunca é "só mais um". É um apego emocional muito grande. Tem peixes que duram anos, que a gente vê crescer, nota se está doente, essas coisas - enumera ele.

Aliás, a área da medicina veterinária que atende os peixes é uma tendência desta década, conforme Michelli de Ataíde, a cirurgiã que, em janeiro, comoveu a todos ao operar a retirada de um tumor de um peixinho dourado, no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo

- O aquarismo tem virado um hobby mais comum. Cada vez mais, as pessoas têm sido mais cuidadosas, atentando ao comportamento do peixe. Quando notam que o nado está diferente, que o peixinho deixou de comer, que as fezes estão com uma cor diferente, o ideal é procurar um profissional. Não é preciosismo, é carinho - conta ela, mestre em cirurgia de animais silvestres e exóticos.

O melhor amigo

Mês passado, viralizou na internet um vídeo de um garotinho que se emocionou ao ter de se despedir do seu peixinho de estimação, que morreu por motivos desconhecidos. Na filmagem, o menino beija e faz carinho no peixe antes de colocá-lo delicadamente no vaso sanitário e puxar a descarga. Quando vê o amigo partir, cai no choro - e é difícil não se emocionar junto. Até o fechamento da reportagem, o contador do Youtube somava 6,1 milhões de visualizações no vídeo "Boy loses best friend" ("Menino perde o melhor amigo", em português). Assista:


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