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Quando só a Justiça garante uma vaga na creche

De janeiro a maio deste ano, foram ajuizadas 400 ações pela Defensoria Pública em busca de creche na Capital

18/06/2015 - 07h08min

Atualizada em: 18/06/2015 - 07h08min


Jeniffer Gularte
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Diego Vara / Agencia RBS
Gurizadinha feliz na Escola Municipal Maria Marques Fernandes

Destino de mães que já tentaram todas as alternativas em busca de uma vaga na rede municipal da Capital, a Defensoria Pública de Porto Alegre registra, por dia, de cinco a seis novas ações ajuizadas na Justiça exigindo uma vaga ao governo municipal.

De janeiro a maio, foram 400 ações. O número surpreende o órgão e só tende a crescer.

Na avaliação da defensora pública e dirigente do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente Claudia Barros, ao mesmo tempo em que a população aumenta, cada vez mais as mães querem e precisam trabalhar. Porém, o poder público não acompanha esta tendência, com aumento nos investimentos em creches.

- O número de ações só deve aumentar, se não houver um incremento em investimentos nessa área. Talvez, para o poder público seja mais fácil comprar a vaga. Enquanto isso, deixa de estar construindo uma escola e de contratar professores -avalia Claudia.

Abaixo da média

Dados da inspeção do Tribunal de Contas do Estado (TCE), divulgada pelo Diário Gaúcho desde terça, mostram que Porto Alegre é a pior capital no ranking de vagas gratuitas, com apenas 6,46% de atendimento à população.

Quando incluídas as escolas conveniadas (com custo de até R$ 200 por mês), atende a 21,1% das crianças entre zero e cinco anos, ficando em 14º entre as 26 capitais. Ou seja, só dois em cada cinco alunos de até cinco anos conseguem matrícula.

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Pior desempenho

Das 12 capitais com menor atendimento, sete estão no Nordeste, quatro no Norte e uma no Centro-Oeste. Isso torna a capital gaúcha a de pior desempenho nas regiões Sul e Sudeste. Além disso, Porto Alegre tem abrangência quatro vezes menor do que a primeira colocada - Vitória atende a 79,5% _ e não chega à metade do que São Paulo (46,3%) ou Florianópolis (46,1%).

Como encaminhar

/// Os pais que não conseguem vagas em Emeis ou escolas conveniadas podem procurar a Defensoria Pública.

/// São solicitadas pela Justiça, primeiro, vagas em escolinhas municipais, depois em conveniadas. Se não houver vagas, a prefeitura é obrigada a comprar uma vaga em uma escola privada.

/// A Defensoria Pública fica na Rua Sete de Setembro, 666, no Centro da Capital, próxima à Casa de Cultura Mário Quintana. Atende das 8h às 17h, sem fechar ao meio-dia.

Escolas no lugar de presídios

Garantir o acesso à educação infantil, na avaliação de Claudia, poderia contribuir para evitar um ciclo de violência e criminalidade. A mãe não consegue vaga em escolinha para o filho. Neste caso, ou fica em casa - e fica dependente de benefícios sociais - ou vai trabalhar e deixa as crianças em casa, muitas vezes expostas a todo tipo de violações de direito.

- Se houvesse creches para todos, não estaríamos discutindo a redução da maioridade penal, mas o aumento do tempo das crianças nas escolas. Isso é investimento para daqui a 20, 30 anos, para não precisar investir em presídio - avalia Claudia Barros.


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