Notícias



Protesto

Sem ter como trabalhar, mulher protesta e se acorrenta em árvore em Gravataí

Vendedora ambulante foi abordada pela polícia e informada que não poderia comercializar produtos em um ponto fixo

18/06/2015 - 16h35min

Atualizada em: 18/06/2015 - 16h35min


Arquivo Pessoal / Leitor Diário Gaúcho
Ana Lúcia Wandcheer Bernardo, de 46 anos, ficou acorrentada por seis horas

Após ser impedida de trabalhar em sua banca de doces, uma moradora de Gravataí resolveu tomar uma atitude desesperada: se acorrentou a uma árvore no centro da cidade. A cena chamou a atenção de quem circulava próximo à praça da Matriz na manhã de quinta-feira. 

Na última terça-feira, Ana Lúcia Wandcheer Bernardo, de 46 anos, foi abordada pela polícia e informada que não poderia comercializar produtos no ponto que fixou há 38 anos, próximo à rodoviária de Gravataí.

- A polícia chegou e nos tratou como ladrões. Pediu documentação e mandou recolher a mercadoria. Eles não alegaram nada.

 
Foto: Arquivo Pessoal / Leitor Diário Gaúcho

A moradora diz que não tem como sustentar os filhos sem a banca de doces. Foi então que decidiu fazer algo que chamasse a atenção das pessoas.

- Foi uma medida desesperada para ver se alguém olha para os meus filhos, que não tenho como sustentar.

Ela afirma que se acorrentou porque não encontrou outra saída, já que as autoridades não se manifestaram sobre a situação. A prefeitura foi procurada por Ana Lúcia após a abordagem, mas a retomada das atividades não foi resolvida. Servidores do município apenas a informaram que desde 2014 o comércio naquele ponto estava proibido.

Leia mais notícias sobre Gravataí
Curta a nossa página no Facebook

A comerciante assegura que sempre teve alvará de funcionamento e CNPJ, tudo devidamente registrado. Ela não entende o impedimento.

- Em 40 anos eles não se preocuparam com a minha banca. Por que isso agora? Não entendo o motivo.

 
Ana Lúcia escreveu um cartaz em protesto
Foto: Arquivo Pessoal / Leitor Diário Gaúcho

O comandante do 17º BPM, em Gravataí, tenente-coronel Vanderlei Padilha, avisa que ambulantes são abordados diariamente na região central da cidade para coibir aglomeração e furtos.

- Há uma grande incidência de crimes por ali. A aglomeração de público faz com que o pessoal mal intencionado passe despercebido. São muitos ambulantes na rua. Por isso, estamos abordando os não autorizados e coibindo a prática de comércio irregular.

Coronel Padilha afirma ainda que a banca de Ana Lúcia foi apontada por servidores da Secretaria de Indústria e Comércio do município como irregular.

- Eles constataram que ela não estava legalizada. Ela não pode ter banca em um ponto fixo. Ela tem autorização para circular, mas não pode comercializar em um local específico - afirma o oficial.  

A Prefeitura de Gravataí informou ao Diário Gaúcho que a vendedora tem autorização somente para trabalhar como ambulante e que, de acordo com a legislação (Lei 3510/2014), a atividade não pode ser exercida em um local fixo.

Herança do Alemão

O ponto de venda de doces era conhecido como a Banca do Alemão, uma referência a Sebastião Edino Buss, companheiro de Ana Lúcia e falecido desde o dia 5 de janeiro.

 
Foto: Arquivo Pessoal / Leitor Diário Gaúcho

A morte do marido, então com 41 anos, foi apenas o começo de uma série de problemas enfrentados pela mulher. Sem dinheiro para manter a casa alugada que dividia com o esposo, ela teve que se mudar e morar de
favor em uma garagem disponibilizada por amigos. Eletrodomésticos e móveis tiveram que ser vendidos para viabilizar o sustento dos dois filhos, de 12 e 11 anos.

* Diário Gaúcho


MAIS SOBRE

Últimas Notícias