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Pau para toda obra

Seu Estevão, um exemplo de solidariedade, é o faz-tudo da Vila Planalto

Aos 72 anos, vigilante aposentado da Zona Norte de Porto Alegre é conhecido como o contínuo da comunidade onde mora

30/06/2015 - 07h08min

Atualizada em: 30/06/2015 - 07h08min


Tadeu Vilani / Agencia RBS
Estevão, com seu inseparável guarda-chuva, está sempre disposto a auxiliar os vizinhos

Para ajudar ao próximo, o vigilante aposentado Estevão Marques Machado, 72 anos, da Vila Planalto, na Zona Norte de Porto Alegre, não mede distância ou esforços. Desde que se aposentou, há 16 anos, ele busca remédios, vai ao supermercado, corta grama e até agenda consultas em unidades de saúde para os vizinhos. E de graça.

A disponibilidade é tanta, que Estevão ganhou o carinhoso apelido de "faz-tudo da Vila Planalto".

- Faço por solidariedade mesmo. Gosto de ajudar, principalmente os idosos e os acamados - afirma Estevão, cuja própria saúde garante ser de ferro.

Presidente da Associação dos Moradores da Vila Planalto, Noraci da Silva, 55 anos, fala que o vizinho é amado na comunidade porque está sempre procurando algo para fazer.

- Ele parece um guri e não para nem quando está chovendo. É um exemplo para todos - revela Noraci.

O pedreiro aposentado Antônio Gonçalves Pureza, 56 anos, é um dos inúmeros moradores que já foi auxiliado por Estevão.

- Fiquei meses doente, sem conseguir caminhar. Se não fosse o Seu Estevão, eu não teria como buscar os meus remédios. Ele é o nosso salvador - sustenta Antônio.


 
"Me sinto útil"

 
Seu Antônio (E): feliz com a ajuda do vizinho - Foto: TADEU VILANI

Por se sentir útil enquanto ajuda, Estevão não reclama dos horários. Se for preciso, garante, sai de madrugada e enfrenta fila em posto de saúde apenas para agendar a consulta para algum amigo doente. Prevenido, carrega sempre um guarda-chuva para o caso de ser surpreendido pelo mau tempo.

Como tem isenção no transporte público, Estevão tornou-se conhecido em diferentes pontos da cidade. Mesmo que não saiba ler uma única palavra por ser analfabeto, o vigilante aposentado afirma não se perder pelos caminhos percorridos.

- Vou muito ao Postão do IAPI, aos postos do Passo das Pedras, da Vila Coqueiros, do Bairro Bom Jesus e aos hospitais do Centro de Porto Alegre. Não há lugar que eu não conheça nesta cidade - orgulha-se Estevão.

Ajuda enquanto tiver forças

O único lugar onde, dificilmente, Estevão será encontrado, é em casa. Mais fácil localizá-lo andando pela Vila Planalto atrás de mais uma tarefa. A mulher, Maria Machado, 61 anos, com quem o vigilante aposentado é casado há 45 anos e tem cinco filhos, já se acostumou com a disposição do marido.

Quando questionado se pensa em parar com o trabalho voluntário, Estevão silencia por alguns instantes antes de concluir:

- Me sinto útil. Enquanto eu tiver forças e puder ajudar, eu ajudo.
 


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